8 - Ainda não virou crime ser gostosa

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— A questão é que sua prima é a pessoa mais antiquada e monótona do mundo, Lucca

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— A questão é que sua prima é a pessoa mais antiquada e monótona do mundo, Lucca. Ela definitivamente acredita que estamos em um conto de fadas. Só que não sou um príncipe encantado que vai levá-la a um jantar à luz de velas. Estou mais para um cara comum que a leva ao bar e, depois, quem sabe, para o motel. — Jonas desabafa e ouço atentamente, já irritado com a forma como ele fala de Eloá.

— Nem todas são iguais, Jonas. — Viro a vodka pura que acabei de despejar no meu copo. — Não sou muito próximo de Eloá atualmente, mas, pelo que conheço e vejo, ela não é o tipo que serve para apenas uma noite. Na verdade, nunca foi. Continua a mesma nesse aspecto.

— Sim, eu sei. — Ele também vira o líquido ardente de uma só vez. — Só que eu sou. Não quero iludi-la, Lucca. Posso não querer nada sério agora, com ela, mas temos química. Não vou entrar em detalhes, mas já fizemos algumas... Coisas. Só que não dá para ter algo sério agora, principalmente com uma pessoa que enxerga o mundo cor-de-rosa. — Desabafa e me encara aguardando alguma orientação.

Preciso digerir as informações antes de qualquer coisa. Não estava preparado para receber informações sobre a vida sexual da minha prima. Na minha cabeça, inclusive, Eloá ainda era virgem, apesar de termos nos envolvido de forma intensa quando éramos mais jovens.

Na época em que ficávamos, nunca fui capaz de ir além. Depois que nos afastamos, não procurei saber se ela teve namorados ou algo do tipo. Tolice da minha parte, até porque o tempo não para e ela, assim como eu, tem 24 anos. E, por mais que aja de tal maneira, Eloá não é santa. Eu, mais do que ninguém, sei disso muito bem. Nossa adolescência e o dia em que a flagrei no banheiro são provas vivas e nítidas em minha memória.

— Definitivamente não sei o que te responder sobre isso, nunca fomos chegados. — Minto. Se pudesse ser sincero, mandaria ele ficar bem longe dela, principalmente pela forma como está falando. — Mas seria muito ruim para a nossa relação se você magoasse minha prima. Tente não agir estranho quando ela chegar.

Por mais que odeie admitir, apesar do nosso afastamento e de odiá-la pelas coisas que me disse depois do Natal, ainda tenho um carinho enorme por Eloá, pois vivemos momentos lindos e especiais juntos. Ela era a minha pessoa. Não é à toa que a carrego na costela.

— Acho melhor dar um fim definitivo nisso. — Ele chega à conclusão e enche o copo com mais vodka. — Tentei me afastar naturalmente, mas ela sempre busca contato. É melhor ser direto.

Estava prestes a responder quando minha família começa a falar alto, indicando o início de alguma discussão. Tomo mais uma dose de vodka e encaro Jonas.

— Lembra quando disse que minha família é caótica? — Questiono e ele assente com a cabeça. — Você presenciará uma amostra agora. Geralmente o motivo sou eu, mas, pelo visto, temos um protagonista diferente na noite de hoje.

Só consigo entender a implicância com a roupa de Eloá quando dou um passo para trás. Até então, não percebi nada de diferente.

Preciso de alguns segundos para respirar, pois são muitos detalhes para digerir. Definitivamente não sei como reagir, pois vê-la dessa maneira mexe com partes minhas que deveriam se manter adormecidas - fisicamente falando.

Que desgraça, tinha que ser tão atraente? Não sei o que ela quer com isso. O pior é que minha mente nem precisa trabalhar, porque tudo está ali na minha frente, exposto.

Gostaria de sair correndo agora, só para não precisar lidar com isso.

Eloá deve estar querendo causar um ataque cardíaco em alguém, ou me provocar depois da discussão que tivemos no Natal. Sinceramente, não faço ideia, mas se for isso, ela com certeza conseguiu. Essa roupa transparente, expondo todos os detalhes de seu corpo, bateu em cheio na minha memória, trazendo recordações que deveriam permanecer adormecidas. Dando vida ao imaginário que tanto tempo alimentei.

Essa era definitivamente a última atitude que esperava por parte da minha prima, principalmente porque ela trata datas comemorativas com muita formalidade. Não consigo entender o que pode ter acontecido para que agisse assim.

Não consigo sequer me mover. É como se estivesse vidrado, completamente hipnotizado por Eloá.

Sinto até mesmo um frio na barriga.

Sei que preciso falar ou fazer algo, nem que seja em tom de deboche, porque vão começar a reparar que isso mexeu comigo.

O problema é que não tem jeito. O tempo vai passar e Eloá continuará sendo a única pessoa nesse mundo que consegue me deixar desnorteado e completamente sem reações.

— Acho que mudei de ideia. — Jonas cochicha em meu ouvido, finalmente me tirando do transe que as curvas de Eloá haviam me colocado.

— Do que está falando? — Cochicho de volta, totalmente aéreo e ainda sem conseguir tirar os olhos do corpo de Eloá.

O problema é que ela está nos encarando de volta com um sorriso cínico no rosto. Isso definitivamente está saindo do controle, pois estou por muito pouco de ignorar toda a mágoa e fazer uma proposta muito obscena aqui na frente de todos.

Se continuar me olhando assim, então, nem eu mesmo sei o que seria capaz de fazer.

— Vou dar a chance que pensei em tirar dela. — Jonas interrompe meus pensamentos enquanto coloca a mão na frente da boca e cochicha ainda mais baixo. — Imagina o que ela não seria capaz de fazer em um momento de loucura entre nós? Acho que posso tentar algo mais sério com sua prima.

— Vou dar a chance que pensei em tirar dela. — Jonas interrompe meus pensamentos, colocando a mão na frente da boca e cochichando ainda mais baixo. — Imagina o que ela não seria capaz de fazer em um momento de loucura entre nós? Acho que posso tentar algo mais sério com sua prima.

Reviro os olhos sem que ele perceba e não respondo à besteira que acabou de sair de sua boca. Como já precisava tomar alguma atitude, aproveitei a oportunidade para pegar uma garrafa de vinho e caminhar em direção à mesa. Hoje precisarei de bastante álcool para lidar com toda essa situação. Jonas, que não é bobo, me segue.

— Não sabia que vocês eram amigos. — Eloá se dirige a Jonas, enquanto eu dou uma golada no vinho diretamente da garrafa.

Prometi não beber muito, mas as circunstâncias me levaram a voltar atrás. Sinceramente, não estou disposto a presenciar esses dois flertando.

— Eu nem sabia que vocês eram primos. — Jonas rebate, e eu dou de ombros.

— Não gosto dela, não faz diferença alguma divulgar nosso parentesco. — Dou outra golada no vinho.

— Não seja rude com a sua prima, Lucca. — Minha mãe me repreende, e eu reviro os olhos, sem fazer questão de esconder minha irritação dessa vez.

— E faz alguma diferença ser simpático? — Questiono. — Ela é maluca. Jura que não vai vir, me xinga, fala um monte e, do nada, absolutamente do nada, aparece aqui... E ainda desse jeito! — Falo em tom de julgamento, apontando com a mão livre.

— Engraçado, quando você foi parar na delegacia por ficar bêbado e sair correndo pelado pela rua foi considerado aceitável. Eu não posso usar uma roupa sexy porque é obsceno? — Eloá rebate. — Que eu saiba, ainda não virou crime ser atraente. Fica aí babando, neném. Não é só você que causa nessa família. — Ela fala e balança o cabelo.

Ah, pronto. Quem é essa e o que fez com a minha prima?

Bufo novamente e dirijo minha atenção à garrafa, enquanto a família começa a conversar sobre assuntos aleatórios.

Além de mim, apenas o irmão e pai de Eloá parecem continuar incomodados com aquela roupa provocativa. No caso deles, o problema é o excesso de proteção. No meu, são as memórias que insistem em bater à porta.

Que inferno. Ao mesmo tempo que a detesto com tanta intensidade, a desejo com todo o meu ser.

Nem eu me entendo. Por fim, dou mais um gole no vinho.


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