31 - Não sou otária

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Meu coração quase saiu do peito quando espiei todas aquelas pessoas por trás da cortina do palco

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Meu coração quase saiu do peito quando espiei todas aquelas pessoas por trás da cortina do palco. A luz avermelhada iluminando as mesas repletas de homens e as outras dançarinas percorrendo o espaço extremamente movimentado apenas intensificaram ainda mais o nervosismo que fazia meu estômago revirar cada vez mais.

— Lúcia, Antony... — Virei-me em direção à minha prima e ao dono do clube. — Acho que não vou conseguir. Tem muita gente! — Voltei a observar os homens sentados às mesas, bebendo e recebendo danças particulares.

O problema é que, nesse meio tempo, quase caí dura quando, entre tantos rostos, dois deles me foram muito familiares.

Esses desgraçados ao menos se preocuparam em ir para um local mais reservado do clube. Optaram por receber uma dança sensual ali mesmo, pouco se importando se essa "brincadeirinha" poderia estar machucando alguém, assim como está.

Lúcia estava mesmo certa quando disse que poderia encontrar meu querido namorado aqui, se divertindo bastante. Entretanto, por mais que fosse uma possibilidade, não consegui acreditar quando o vi na plateia com uma belíssima stripper rebolando em seu colo.

A descrição perfeita para minha reação ao identificar Jonas na plateia foi aquele meme: "só acredito vendo". Eu vendo: "não acredito".

Mas, além do filho da puta do meu namorado, Lucca também me chamou a atenção. Não pela sua presença aqui, obviamente, até porque ele deve ser frequentador assíduo deste lugar, mas sim pela forma íntima que tocava a stripper, algo estritamente proibido no clube, em meio ao showzinho que estava recebendo.

Precisei apertar um pouco os olhos para enxergar maiores detalhes da tal dançarina, até porque a mesma estava utilizando uma máscara e o local é um pouco escuro. Só que jamais e em hipótese alguma deixaria de reconhecer uma pessoa tão próxima quanto minha melhor amiga Clara, mesmo que estivesse a quilômetros de distância.

Sei que estamos um pouco distantes ultimamente, até porque tenho tido atitudes que a mesma jamais aprovaria, contudo, é impossível não ficar surpresa com a cena. É impossível esconder o espanto. Antes mesmo de confirmar a identidade e já tendo a completa certeza de se tratar dela, afinal, a mesma havia comentado que pretendia começar um "bico" à noite para juntar uma graninha extra, virei na direção do dono do clube.

— Antony... — O encarei e percebi que o mesmo seguia me fitando de braços cruzados, apenas aguardando uma confirmação se vou ou não dançar. — Tem alguma Clara entre as dançarinas?

— Aos finais de semana. — Ele respondeu e, em seguida, foi direto ao assunto que, de fato, lhe interessava. — Você vai ou não dançar, garota? Porque se não for, tenho que chamar outra, o palco não pode ficar tanto tempo vazio. — Antony explicou e Lúcia tocou seu braço com delicadeza.

— Ei, calma, Tony. É a primeira vez da minha prima. — Ela respirou fundo e sorriu forçado, pois estava nervosa. Compreendi seu lado, afinal, é um favor que o cara estava lhe fazendo e ele não parecia ser o mais simpático do mundo. — Mas Eloá com certeza vai dançar, né, prima? — Perguntou entre dentes e eu virei para encarar Clara, que estava esfregando os peitos no rosto de Lucca, sem o mínimo de pudor.

A vontade que senti foi de andar na direção do meu primo e de minha melhor amiga e cometer um crime de ódio.

Não sei explicar o motivo ao certo, até porque acho que já superei totalmente o que sentia por Lucca e jurei nunca mais sofrer por ele, mas, CARALHO, que raiva. Esses dois conseguiram me tirar do eixo, mais até do que o próprio Jonas, para falar a verdade.

— Vou, com certeza. Tem algum problema se dançar de lingerie? O conjunto que escolhi não é transparente. — Expliquei e ele deu de ombros, alheio ao meu comentário.

— Querida, dance até nua se quiser. Apenas preciso que suba naquele palco e dê tudo de si, mas ciente de que o dinheiro que conseguir hoje é da casa, já que estamos cedendo o espaço. Mas, se tudo der certo e quiser voltar, podemos combinar um futuro cachê. — Antony explicou e eu sorri como resposta, sentindo meu corpo vibrar de ansiedade, raiva e vergonha.

— Não se preocupe em relação ao dinheiro. Pode ficar tranquilo que esse é o último motivo de Eloá estar pisando neste palco. — Lúcia falou enquanto tirava o sobretudo que escondia a lingerie de borboleta que escolhi dentre as que Lucca me deu.

Ela é extremamente sexy, tendo unicamente borboletas tampando minhas partes íntimas. Também é repleta de arnês pelo corpo, além da cinta larga na coxa, o que me passou bastante segurança enquanto andava e fazia movimentos mais bruscos.

 Também é repleta de arnês pelo corpo, além da cinta larga na coxa, o que me passou bastante segurança enquanto andava e fazia movimentos mais bruscos

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Antony me olha de cima a baixo, cruza os braços e dá um sorriso de lado, satisfeito com o que está vendo.

— Não faço ideia do que vocês duas estão aprontando, ou o que querem conseguir com isso de ser "stripper por uma noite", mas, definitivamente, você me trará lucro , garota. — Ele afirma e eu sorrio orgulhosa com o elogio. — Já escolheu a música?

— "Me Desculpa Jay Z", do Baco Exu do Blues. — Respondo rapidamente e os dois me encaram confusos.

— Escolha peculiar para uma dança sexy no colo de alguém em frente a um clube de strip-tease. — Lúcia reflete e minhas bochechas ficam vermelhas, pois tinha esquecido da parte em que teria que dançar para alguém.

— Necessariamente tenho que dançar para alguém? — Questiono para Antony e ele balança a cabeça negativamente.

— Não. Só atrai mais atenção mesmo. Mas você pode começar no palco e ir até a plateia, se estiver acanhada de convidar algum desconhecido. Garanto que não faltarão candidatos. — Ele sorri de forma simpática pela primeira vez na noite e eu correspondo. — Está pronta?

— Definitivamente não. Só que já estou aqui e não tenho como voltar atrás. — Rio, pego uma cadeira que Lúcia havia separado anteriormente e a coloco no meio do palco. — Boa sorte pra mim.

— Boa sorte não, prima! — Lúcia me corrige imediatamente. — Não fale isso em um palco, faz o efeito contrário. É merda, muita merda pra você!!! — Ela corre na minha direção, beija minha bochecha e cochicha. — Confie no seu potencial de acabar com o psicológico daqueles dois, assim como eu confio. Eu te amo.

— Merda pra mim, então. — Sorrio de volta. — Também te amo.

Eu me posiciono ao lado da cadeira e, por fim, a música que antes animava o clube cessa. As luzes diminuem, ambientando o lugar para o show que estava prestes a acontecer.

As conversas também vão se aquietando conforme a luz, agora avermelhada, começa a iluminar o meu corpo, que, inicialmente, está virado de costas para o público.

O ritmo da música vai surgindo vagarosamente, arrepiando cada pelo do meu corpo. Era como se a situação estivesse acordando uma parte minha que estava adormecida.

Quando menos percebo, meu corpo, por si só, parece saber quais movimentos fazer. Com isso, decido apenas acompanhá-lo.

Viro de frente para o grande público, ando até a lateral da cadeira e empino a bunda, arrancando alguns gritos da plateia.

Continuo com os movimentos fluidos e sexy, aproveitando bastante da cadeira e do salto alto que escolhi para desfilar, ir agachada até o chão, sentar de costas expondo os detalhes do fio dental e mergulhar o corpo em direção...

Segundas Intenções ✔️Where stories live. Discover now