28 - O Corno

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Espero alguns minutos até ter certeza de que os dois estão realmente bem longe do quarto para sair do closet

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Espero alguns minutos até ter certeza de que os dois estão realmente bem longe do quarto para sair do closet. Preciso lavar o rosto e a boca, então sigo até o banheiro, onde reflito sobre esse momento enquanto me limpo.

Isso foi realmente muito intenso e gostoso. Admito que adorei a sensação de ter alguém em minhas mãos, tudo controlado pelo prazer.

Além disso, observar Lucca se derretendo de gozo na minha boca foi deliciosamente satisfatório. Sem mencionar os gemidos, que encharcaram minha calcinha e me fizeram ansiar por ele.

Tudo isso me leva à conclusão de que essas aulas não podem acabar. Nunca na vida que me senti confiante em relação a algo que fiz pela primeira vez para alguém do sexo oposto. 

Respiro fundo enquanto me encaro no espelho. Isso é loucura.

Para piorar a situação, quando Jonas quase nos flagrou, ainda os ouvi conversando sobre os ménages que já fizeram. Isso é surreal. Como posso me sentir segura com isso?

Definitivamente precisarei conversar com Lucca sobre isso. Ele tem todos os motivos do mundo para se sentir desconfortável, afinal, é o melhor amigo dele. Só que, se deseja a felicidade dele e a minha, precisa pensar nisso. Sem contar que já dividiram outras mulheres antes. Pelo visto, o problema não é esse.

Mas não vou ficar pensando nisso, sabe. Estou me sentindo um pouco mais segura do que antes e isso já é muito bom. O único problema agora é esse maldito vestido curto e a calcinha, que precisou ser descartada. Por mais que seja colado ao corpo, um simples descuido poderia me expor. E muito.

Me encaro no espelho e franzo as sobrancelhas.

Lide com isso, Eloá. — Falo comigo mesma e saio transtornada quarto.

Assim que fecho a porta, dou de cara com Lúcia logo na entrada, que me encara com um sorrisinho cínico, daquele que quer dizer: "eu sei muito bem o que você fez no verão passado".

— O quanto você ouviu? — Arregalo os olhos, assustada, e pergunto ansiosa.

— O suficiente para que todo o ódio entre vocês nesses anos começasse a fazer sentido. — Ela responde sorridente. – Ah, e para saber que Lucca geme muito alto, mais do que deveria. — Pontua e minha bochecha queima de vergonha.

— Você precisa entender que não estamos tendo um caso. Isso não envolve sentimentos e não é absolutamente nada disso que está pensando. — Falo o mais rápido que posso. — Só que não tenho como explicar todas as nuances dessa merda, porque é tudo muito complexo, agora. Então, mais tarde, você vai até o meu apartamento. — Respiro fundo e fecho os olhos. — E também preciso que me ajude.

Ela ri e balança a cabeça positivamente.

— Eloá, eu nunca imaginaria que neste ano a provocadora do caos seria você. Porque, tipo, transar com a prima? — Ela revira os olhos. — Todos esperariam isso de Lucca. Mas de você? Ainda mais com o namorado aqui? Nossa, eu estou completamente chocada. — Ri mais uma vez e esfrega as mãos, esperando pelo que tenho a dizer. — Vamos, prossiga.

— Antes de tudo, senhorita animada, não conte a ninguém e estou falando sério. Nem para a sua irmã, está entendendo? — Ela assente e eu prossigo. — Diga que eu estava com você, ajudando com algumas falas de uma peça que está ensaiando. Combinado?

— Ótimo. Mas a explicação sobre isso tudo tem que ser muito, muito boa. — Concorda e, juntas, seguimos até a área de lazer da casa.

***

— Desculpe não avisar, amor. É que Lúcia realmente estava precisando de ajuda para memorizar as falas e você estava entretido conversando com o pessoal. — Afirmo enquanto Lucca me encara com uma sobrancelha arqueada.

Óbvio que não falaria nada sobre, mas tenho certeza de que está curioso sobre por que Lúcia estaria me ajudando. O que fazer se ele geme alto e atrai curiosos?

— E que peça é essa que está ensaiando, filha? — Tia Maria pergunta, curiosa. — Não sabia que estava com um novo projeto. Sou sempre a última a saber.

— Dessa vez nem eu sabia. — Beatriz fala e eu fico sem reação. A sorte é que Lúcia se prontifica a responder.

— É um monólogo que estou construindo, baseando-me no relacionamento de uma amiga. — Lúcia fala e eu a encaro. — O nome é: "O Corno". — Afirma e Lucca não consegue conter a gargalhada. Jonas o encara confuso, sem entender a graça.

— O que foi? — Ele pergunta. — Achei engraçado. Ou não lembram que fui parar na delegacia por conta de um corno no último Natal?

— Devia escrever sobre isso, Lúcia. — Vó Conceição fala e eu respiro aliviada, pois, aparentemente, a desculpa colou. — Ao invés de "O Corno", seria "O Chifre na Noite de Natal". MENINA — Ela fala empolgada. — Venderia muitos ingressos.

Todos riem e, por fim, tia Viviane acaricia o braço da filha.

— Conta mais sobre o enredo pra gente, filha. — Sorri orgulhosa. — Aproveite que a família está reunida e mostre sua criatividade.

Lúcia sorri sadicamente e eu sinto até mesmo um frio na espinha, com medo do que a mesma possa dizer, até porque, querendo ou não, ela não sabe minimamente a história por trás do que aconteceu naquele quarto.

— É sobre um cara que se contenta em ser corno porque a esposa é gostosa. Resumidamente, no fim, até ele pede pra provar do amante, já que ela fazia questão de traí-lo debaixo do mesmo teto... — Ela fala pensativa e ri.

— Que mulher filha da puta! — Minha avó fala. — Ela tinha motivos para isso? — Questiona curiosa.

— É o que ainda estou descobrindo em meio aos estudos dos personagens. Mas sempre estou ao lado das mulheres, a senhora sabe. — Lúcia afirma e a irmã dela complementa.

— Nossa, sim, homens sempre são filhos da puta. — A garota desabafa.

— Nem todos! — Vó Conceição pontua. — Seu avô era o homem mais íntegro de todos. Meus filhos também.

— Mamãe, eu me lembro muito bem de quando eu era pequena e a senhora falava que jogaria água fervendo no ouvido dele de madrugada se ele encostasse em outra mulher. — Meu pai fala e minha avó prontamente responde.

— E ele encostou? Pois funcionou muito bem. — Em seguida, todos riem.

Dou graças a Deus por isso. Por fim, passamos o restante da tarde falando sobre relacionamentos ruins e chifres, o que foi muito desconfortável, pelo menos para mim.

Essas aulas com Lucca não serão eternas, obviamente. Tento ignorar o peso delas no meu relacionamento, afinal, são traições. Necessárias, mas não deixam de ser. Só que, em momentos como esses, meu coração se aperta e me sinto a pior pessoa do mundo.

Só tenho que colocar esse pensamento na minha cabeça. Quer dizer... no momento, ao menos sei se continuaremos com as aulas. Lucca precisa de um tempo para digerir meu namoro com seu melhor amigo.

Por fim, todos voltam para seus devidos apartamentos. Menos Lúcia, pois a mesma voltou comigo. Teríamos uma longa conversa naquela noite.




Segundas Intenções ✔️Where stories live. Discover now