46 - Y.A.M.C.A.

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Jonas parece não ter sentido a minha falta, já que passou todo o tempo no bar enchendo a cara

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Jonas parece não ter sentido a minha falta, já que passou todo o tempo no bar enchendo a cara. Que linda a importância que ele dá à minha presença. Que grande amor ele nutre por mim como namorado. Assim que cheguei, encontrei-o bebendo whisky e comendo batata frita.

— Ah, oi, princesa. — Disse, depositando um beijo na minha bochecha. Encaro-o enojada pela comida gordurosa no meu rosto. Ignoro a demonstração de carinho e vou direto ao ponto.

— Não gostei da cotovelada que me deu, a força foi completamente desproporcional. Na verdade, a ação foi desnecessária, era apenas uma brincadeira. — Declaro, e ele me encara com uma batata na boca.

— Você sabe que não foi de propósito, não quis fazer com força. Foi a posição. — Dá de ombros, como se não fosse nada. Como se essas atitudes dele fossem completamente normais e saudáveis. — Alguém falou algo? — Questiona, e eu fico emburrada. Para piorar, o cheiro do álcool misturado à fritura embrulha completamente o meu estômago, fazendo-me querer me afastar dele o quanto antes.

— E alguém precisa falar para você se importar? Pelo amor de Deus, tenha um pouco de consciência e seja razoável. — Reviro os olhos e cruzo os braços. — Quero que reflita sobre esse tipo de comportamento, porque não vou tolerar mais uma mancha roxa sequer no meu corpo provocada por você.

Ele até abre a boca para tentar se justificar, mas sinto vontade de vomitar e me afasto, deixando-o falar sozinho com suas batatas e whisky. A luz avermelhada toma conta do palco, e as idosas, que estão reunidas ao lado da minha avó, não param de comemorar pela dança dos filhos e netos dela.

Paro atrás de dona Conceição e massageio carinhosamente seus ombros. Ela acaricia minhas mãos.

— Suas amigas estão em êxtase. — Brinco, e ela vira o rosto na minha direção, com um enorme e travesso sorriso no rosto. Fico feliz por ela estar tão contente.

Por mais que as circunstâncias nas quais me encontro sejam completamente conflituosas, após esse encontro com Jonas, também me sinto assim. Logo, sorrio de volta, genuinamente alegre.

Elas são apaixonadas por Márcio e Marcos. — Ela confidencia. — Mário, Lucca e agora Maria, estão apenas de coadjuvantes. — Ela dá uma risadinha perversa. — Estamos arquitetando isso no clube do tricô há meses.

— A senhora não vale um centavo. — Dou uma risada.

— Mas foi o combinado. Agora elas vão me presentear com uma dança privativa do stripper mais gostoso daqui. — Ela esfrega as mãos de maneira ansiosa, e eu me afasto rindo. Realmente, minha avó sabe viver. Que energia caótica. Lucca teve que puxar essa característica de alguém.

Caminho até a mesa onde Lúcia está sentada com Beatriz, minha mãe, a mãe dela e tia Carlota.

Obviamente, sento ao lado de Lúcia, que me olha curiosa. Diferente do meu namorado, ela percebeu o meu sumiço. Tenho a plena certeza de que ela tem muitas perguntas a fazer.

— Você sumiu por muito tempo. — Cochicha enquanto observamos as cortinas do palco começarem a se abrir e a música Y.M.C.A. ganhar volume aos poucos. — E Jonas estava bebendo, com ele você não estava. Se minha intuição está correta, você estava com...

Ela para de falar quando meu pai, tio Marcos, Lucca e Mário se posicionam de sunga vermelha na ponta do palco. Ao lado deles, tia Maria com um biquíni da mesma cor. As amigas da minha avó gritaram em êxtase quando eles começaram a marchar junto à música.

Minha mãe, tia Carlota e tia Viviane também se empolgaram. As gêmeas, obviamente, levantaram seus celulares para gravar a cena. Eu, inicialmente, fiquei paralisada ao observar o corpo definido de Lucca. Por que tão atraente? Contudo, depois do choque inicial, não pude deixar de tirar inúmeras fotografias. Que cena inusitada.

Eles começaram a fazer a "coreografia" parecida com a da música, talvez por isso tenham demorado tanto para iniciar o show. As amigas da vó quase desmaiaram quando eles agacharam e voltaram batendo palma e dançando o refrão.

A empolgação deles era tanta que nem perceberam quando um trenzinho, composto pela vovó e suas amigas, subiu ao palco e começou a dançar, de maneira totalmente desordenada, a música.

Acho que nunca rimos tanto na vida.
As idosas se reuniram ao redor do meu tio e do meu pai e simplesmente os roçavam sem pudor algum. Por fim, eu, minhas primas e tias também subimos ao palco para dançar.

O clima era tão descontraído que até mesmo esqueci a presença de Jonas no clube. Fiquei rindo e dançando com Lúcia, Beatriz e Lucca. A coreografia já não era tão importante assim.

Era como se tivéssemos voltado ao passado e, naquele espaço de tempo, estivéssemos vivendo algum feriado antes de meu primo e eu nos afastarmos. Tudo estava absolutamente perfeito. O único problema é que o forte enjoo que tomou conta do meu corpo mais cedo voltou com tudo, mas de uma forma extremamente intensa e diferente.

O som em excesso e todas essas risadas de repente começaram a fazer com que a minha cabeça ficasse lenta. A imagem de Lucca, que estava à minha frente sorrindo, começa a piscar, como se fosse apagar a qualquer instante.

— Eloá, você está bem? — Ele pergunta alto em meio a tanto falatório, mas não consigo responder, porque simplesmente caio em seus braços, chamando a atenção de todos no palco e encerrando antecipadamente a comemoração dos meus 25 anos.



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