54 - Quer casar comigo?

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— Você nunca esteve tão linda, sabia? — Pergunto enquanto me sento ao lado de Eloá, admirando seus olhos esverdeados

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— Você nunca esteve tão linda, sabia? — Pergunto enquanto me sento ao lado de Eloá, admirando seus olhos esverdeados. Que saudade dessas pérolas. Ela os revira e sacode a cabeça negativamente.

— Eu estou horrorosa, Lucca. Veja o meu estado... — Aponta para si com a própria mão.

Percebo que ela apresenta bastante dificuldade no movimento, devido à fraqueza do corpo. Franzo o cenho em preocupação. Em resposta, Eloá percebe e tenta me tranquilizar.

— Tendo em vista que meu coração parou e morri por alguns minutos, saiba que estou muito bem. Não me olhe desse jeito, em questão de dias estarei mais forte que um leão. — Ela mostra o músculo, bem humorada. Bufo ao perceber que seu braço está bem mais fino do que o normal.

— Para de brincar com coisa séria, Lolô. — Repreendo e ela ri. — Estava aqui quando ele parou. — Coloco a mão no lado esquerdo do seu peito, deixando-a surpresa. — Na verdade, estive aqui desde o momento em que você passou mal e infelizmente perdemos o nosso filho. — Falo e percebo lágrimas em seus olhos, mas ela as enxuga e me lança um sorriso leve.

— Está vendo aquela mochila ali? — Ela aponta e eu assinto com a cabeça. A bolsa está próxima à cama. — Abre o compartimento da frente. — Fico confuso com a mudança repentina de assunto, mas obedeço prontamente, curioso.

Me aproximo da mochila e, assim que movimento o zíper até o fim, encontro algumas polaroides com imagens de ultrassom. Encaro as imagens e dou um sorriso emocionado.

— É o nosso filho? — Questiono, virando o corpo na direção dela e apontando para a fotografia.

— Sim. De acordo com o médico, mesmo que estivesse cedo, pelo exame, ele acreditava ser uma menina. — Ela sorri e uma lágrima escorre por seu rosto. Me aproximo novamente e limpo, também emocionado. — Óbvio que o nome dela iria ser Estela.

— Claro, pela paixão que você sente pelas estrelas. — Deduzo, sentando na poltrona ao seu lado.

— Também. Mas não somente por isso. — Eloá vira na minha direção, apesar do nítido desconforto pelo soro na veia. — Lembra da vez que acampamos em um dos meus aniversários? Estávamos observando o céu e você me falou que eu era a estrela mais cintilante do seu universo. — Ela sorri com a lembrança, e eu também. — Estela seria a nossa, também.

— Claro que me lembro disso, minha linda. — Acaricio sua bochecha, ainda mais emocionado. Eloá definitivamente consegue me surpreender mais e mais a cada instante. — Jamais imaginei que você lembraria disso, afinal, sei que precisou de um tempinho para que lembrasse de seus sentimentos por mim. — Rebato.

— Acho que eles sempre estiveram aqui, para falar a verdade. — Lolô responde enquanto continuo acariciando sua bochecha. — O tempo ao lado de Jonas só me mostrou que nesses 25 anos, apenas amei uma pessoa: Lucca Maldonado Oliveira. A verdade é que a única escolha correta que tive nos últimos meses foi ter te pedido ajuda em relação às aulas de sedução. Caso contrário, continuaríamos afastados. E, sinceramente, não imagino como seria minha vida sem você novamente. — Noto algumas lágrimas escorrendo por seu rosto. — Não gosto nem de cogitar esse cenário.

Concordo com ela em gênero, número e grau. Aprendi que absolutamente nada faz sentido sem Eloá aqui. A vida fica sem cor. Percebi isso durante os anos que passamos sem nos falar, no decorrer dos meses que ela passou ao lado do babaca do Jonas e, principalmente, ao longo das horas que pensei que tinha morrido. É uma lição que nunca esquecerei. Justamente por isso tomei uma decisão que nos fará caminhar lado a lado até o fim de nossas vidas, caso ela diga sim.

— Não fui a minha melhor versão no dia em que você disse que estava grávida do Jonas. Eu saí daqui e fiz coisas que... futuramente precisaremos conversar. — Desabafo fitando seus olhos. Ela me encara confusa, mas assente com a cabeça.

— Nada que não possamos superar, principalmente depois de tanta merda. Mas por que está falando sobre isso agora? — Questiona curiosa, mas quebro sua linha de raciocínio.

— Eu sou complicado, Eloá. Não procuro, mas o caos me encontra. Você sabe. — Sorrio e ela continua me encarando. — Sou impulsivo, sempre me meto em confusões, principalmente quando o assunto é defender o que acredito estar certo. Também sou cabeça dura.

— Do nada uma lista dos seus defeitos, Lucca? — Ela começa a rir. — Ah, você fuma quando fica nervoso. Isso também é péssimo. E bebe muito, mas essa parte não é lá um defeito, acho. — Reflete. — Ah, e é lerdo. Nossa, coitado, muito lerdinho.

— É verdade, você tem razão. Mas, apesar disso tudo, eu te amo. E quero estar contigo até o fim. — Sorrio, já sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Sei que pode parecer repentino, mas ver seu coração parar de bater foi a pior experiência da minha vida. Eu sinceramente não quero e nem aguento mais ficar longe de você. Oito anos foi tempo demais. Achar que seria pelo resto da minha vida me fez querer morrer. — Limpo o rosto, que já estava todo molhado. Percebo que ela também está chorando de emoção.

— Lucca, eu quase fui desta para melhor há algumas horas. — Leva a mão ao rosto com dificuldade e limpa as lágrimas. — Para de falar coisas bonitas e me fazer chorar. Escreve uma carta que eu leio depois. — Afirma e eu dou uma gargalhada.

— O que eu quero te pedir, Eloá, não dá para escrever em uma cartinha. — Levanto-me e curvo meu corpo próximo ao dela. — Não tenho anel agora. Juro que peço de novo, da forma mais romântica possível, que é como você merece, só que quero formalizar isso entre nós. — Sorrio, e ela arregala os olhos. — Aceita? Aceita casar comigo? Prometo cuidar de você até o último instante. E dos nossos filhos, da nossa família. Vamos desbravar esse mundo juntos, conhecer culturas e recuperar esses anos que, convenhamos, foram perda de tempo para ambos devido à distância.

— Não confiar em você sempre foi um erro, Lucca. — Ela me encara seriamente. — Não estarmos juntos desde a nossa adolescência é minha culpa. Simplesmente supus que você era obrigado a adivinhar meus sentimentos. Mas o universo me deu uma segunda chance de agir corretamente depois dessa experiência de quase morte, sabe? — Eloá fixa os olhos nos meus e sorri. — Tenho certeza de que agora trilharemos o caminho que o destino traçou para nós dois desde o início. Portanto, meu amor, é claro que aceito. — Ela ergue um pouco a cabeça e alcança meus lábios com um selinho. — Eu te amo para sempre.

Meu coração acelera desenfreadamente. Sinto que poderia correr uma maratona depois desse "sim". Foram dias muito difíceis com ela nesse estado. Perder nosso filho também foi doloroso demais. Era um sofrimento interminável. Entretanto, sinto que o carrinho de nossa montanha-russa está subindo novamente. E, daqui em diante, no que depender de mim, esse relacionamento não será mais feito de altos e baixos.

Somos apenas duas pessoas que se amam. E que querem viver juntas o tempo perdido. E tudo que virá no futuro. Do infinito e além.

Depois que ela aceitou meu pedido, ficamos mais um tempinho conversando, contudo, precisei sair do quarto para que o restante da família pudesse vê-la. Não passaria a noite no hospital, mas após um pedido da minha noiva, a qual fez questão de que eu fosse seu acompanhante, permaneci por lá.

Passamos a maior parte do tempo conversando sobre adversidades que vivemos nos últimos anos. Nada muito pesado, pois ela não pode se estressar. Infelizmente, não ficamos acordados até tarde, pois a enfermeira chamou a nossa atenção dizendo que "Eloá está muito fraca e precisa dormir". Às 22 horas, as luzes já estavam apagadas.

Eloá adormeceu rapidamente, mas eu não. Fiquei ali pensando em nós e em como estava me sentindo extremamente realizado. Ainda não tinha caído a ficha de que estava noivo da mulher da minha vida, por mais que ainda fosse um segredo entre nós dois.

Definitivamente um sonho do qual nunca vou querer acordar.

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