Capítulo °6

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Será que pedir uma vida sem esses conflitos é pedir muito? Além de estar com raiva e triste com essa porra de discussão, tenho que aguentar a fome, o que consigo fazer sem nenhum problema, mas eu não iria descer para lá tão cedo, ao me sentar na cama eu vejo que deixei uma mensagem de Levi sem resposta.

— O que faz por aí?

— Meio puto. — Respondi, não deu exatamente um minuto, ele respondeu.

— Eita, o que houve?

— Acabei discutindo com o meu pai, o que poderia ter sido evitado se a minha mãe não tivesse inventado mentiras minhas.

— Que merda, sinto muito por isso. — Suspirei, sentindo o meu estômago roncar.

— Infelizmente, já estou acostumado. Acabei deixando o jantar para traz e voltei para o quarto. — Deitei me na cama, e logo escutei minha mãe bater na porta do meu quarto com tanta força que a qualquer momento ela poderia cair.

— Kevin?! Você não vai comer? — Ela bateu na porta de novo, abri a boca para poder reponde-la mas, fechei quando escutei ela dizendo:

— Ingrato, fica com fome então imbecil. — Escutei ela descer a escada, fecho os olhos, e  encho o pulmão de ar, soltando pela a boca, o que eu fiz para merecer tanto desgasto? Pensei, mas não tinha uma reposta, voltei a minha atenção para a conversa com o Levi.

— Você está sem comer desde que horas? — Pensei, eu não havia comido hoje o dia todo, agora entendo o por que dá fome.

— Bom, eu não comi nada hoje, só vim sentir fome agora. — Sorri meio sem graça ao enviar essa mensagem.

— Porra? Cê tá maluco? Quer morrer é?!

— Só se for de fome.

— O que você tá fazendo agora? — Perguntou ele novamente.

— Apenas deitado... Por que?

— Tá afim de fugir um pouco daí? — Refleti, eu já estou bem encrencado depois de discutir com o meu pai, sair de casa sem permissão "de novo" será arriscado, embora eles nunca descobriram que eu faço isso, e se um dia vier de acontecer eu tô fudido em todas as línguas. Entretanto, não vou parar por causa disso, eu não estava bem ali deitado, e sair um pouco seria uma ótima opção para esfriar a cabeça.

— Agora?

— É, agora! Consegue?

— Está bem, vou tentar sair sem que me vejam. — Fui direto sem dar nenhum questionamento.

— Estarei te esperando no calçadão. — Levantei em seguida, visto uma calça e coloco um tênis, apesar de estar calor, apenas permaneci com a regata branca que eu estava vestido, eu não tinha chance alguma de descer pela a escada e sair pela a porta da frente, e como os meus pais ainda estão acordados, sair pela a janela era arriscado, sim, eu conseguia sair de casa através da janela do meu quarto até chegar no chão, mas hoje, está fora de cogitação, contudo, pensei na última alternativa, o porão.

Abri a porta do meu quarto e tirei a chave com cuidado, trancando a porta, olhei em volta e a porta do quarto do meu irmão estava fechada, desço a escada com cuidado vendo que a minha mãe estava na cozinha lavando a louça, e o meu pai acabou dormindo na poltrona da sala, aproveitei do momento e desci rápido, caminhei até a escada do porão e abri a porta com cuidado, para abrir a porta do portão tinha uma chave que sempre ficava exposta na parede, a peguei e abri a mesma com muito cuidado para não causar nenhum barulho estrondoso, ao travar a porta, olhei para cima para me certificar de que ninguém estava me observando, quando estava seguro, caminhei rápido até o calçadão, a noite estava quente mas o mar trouxe uma brisa gelada que fez o calor do meu corpo passar, encontrei com Levi encostado no balaústres.

— Iae. — Disse ele mostrando um sorriso, mostrando a suas covinhas.

— Valeu por ter me tirado daquele lugar. Mais um minuto e eu surtava.

— Não precisava agradecer. — Ele me deu um tapinha fraco no ombro, o mesmo estava com uma bermuda preta, tênis e sem camisa, vestiu a sua camiseta de cor verde escuro quando começamos a caminhar.

— Para onde nós vamos?

— Eu não faço ideia, mas vamos fazer uma prioridade agora. — Disse ele.

— E qual seria a "prioridade?" — Perguntei parando de andar.

— Você comer alguma coisa, deveria tá desmaiado por ficar o dia todo sem comer. — Zombou ele, sorri voltando a caminhar. Fomos até uma pizzaria próxima onde pedimos uma pizza e dois copos de refrigerante, só porcaria, ao pegarmos a pizza, caminhamos mais um pouco até algumas pedras que dava para ver toda a praia lá do alto, nunca tinha vindo para esse lado da praia e, por ser a primeira vez, gostei.
Nos sentamos e começamos a comer, enquanto conversávamos, olhando para o mar, que estava tão escuro que a única coisa visível era as luzes dos navios no horizonte.

— Vem cá, os seus pais não falaram nada por você ter saído? — Levi perguntou pegando outra fatia de pizza.

— Eles nem sabem que eu saí. — Sorri enquanto bebi o refrigerante.

— Você é maluco, e se eles forem no seu quarto e não te verem lá?

— A porta está trancada, e eles não vão lá ver se eu tô acordado ou não, só vão lá pra me cobrar de algo ou pra brigar, portanto, estou de boa. — Disse levando a pizza até a boca e mastigando.

— É foda essa situação que você passa, sinto muito mesmo, mano. — Ele me olhou, franzi a testa.

— Tá tudo bem, a única coisa que eu tô lutando para fazer é, sair daquela casa.

— E pretende fazer isso quando? Tem em mente de quando?

— O mais rápido possível, para ser mais preciso. Mas vou ver isso uma outra hora, quanto mais eu penso na situação em casa, mais eu quero ir embora, por isso as vezes eu prefiro passar o dia fora de casa do que dentro.

— Vamos começar a sair pra você não ter que ficar aturando essas merda. — Levi tentou me motivar, eu abri um sorriso.

— E quais lugares vamos? — Perguntei.

— Bom, sexta feira vamos a uma festa, e o resto da semana a gente vai desenrolando o que vamos fazer, mas vou estar aqui pra te arrastar para os lugares.

— Me arrastar? Só não vai me arrastar para o mal caminho. — Brinquei.

— Então você tá fudido meu amigo, eu sou o mal caminho. — Ele sorriu, o que me fez sorrir também, me trazendo uma sensação de conforto e ânimo.

Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)Where stories live. Discover now