Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)

Capítulo °24

Assim que nos encontramos, fomos rumo a sua casa que era menos de 15 minutos da minha, quando chegamos, elogiei por ser uma casa bonita, era grande e bem decorada, subimos a escada e entramos em seu quarto, que por sinal, parecia muito com o meu no quisito de "arrumação" a cama arrumada, uma escrivaninha ao lado, um skate pendurado na parede, uma estante com poucos livros e outras decorações, a TV ficava de frente pra sua cama onde logo embaixo, havia um suporte para o seu vídeo game, que era um PlayStation 5.

- Não é um quarto 5 estrelas, mas dá pro gasto - Ele sorriu.

- Qualquer lugar longe da minha casa, é 5 estrelas, Levi.

Me sentei no chão e encostei-me na sua cama, ela saiu do quarto e não demorou muito para ele surgir com duas latas de coca cola e dois sacos, um ele me entregou.

- Toma! - Ele entregou o saco e a lata.

- Ahn... O que é isso? - Perguntei curioso, e recebi o que ele havia me entregado.

- Um lanche.

- Mas eu...

- Calado! - Ele me interrompeu - Eu sei que você não comeu nada desde que saímos do intervalo hoje mais cedo, então não dê nenhuma desculpas, e apenas coma.

- Mas... - Ele me olhou com um olhar sério, sorri sem graça - Obrigado por isso, mas não precisava.

- Você vir até aqui pra jogar e não comer nada não teria graça! - Ele sorriu enquanto mordeu o seu hambúrguer.

- Conta aí, o que fez hoje?

- Bom, depois que eu saí do colégio eu fui até a Dreamer - Respondi bebendo refrigerante.

- A empresa de publicidade? Sério? O que você foi fazer lá?

- Bom, eles me selecionaram para fazer um projeto do novo logo deles, teve outros selecionados, mas acabou que o meu projeto foi aprovado.

- Você está zuando? - Ele me lançou um olhar surpreso.

- Não, eu não estou! - Abri um sorriso - E... Bom, eles me contrataram - Naquele mesmo instante, ele quase se engasgou, mas pela sua reação, ele ficou feliz.

- Caramba, Kev! Que incrível. Eu não acredito que você vai trabalhar na Dreamer.

- Pois é... Eu também não - Mordi o hambúrguer e mastiguei - Eu não esperava por essa.

- Quer escutar uma novidade legal? - Perguntou ele.

- Claro, fala aí...

- Vamos ser vizinhos, em tese! Eu consegui um emprego no prédio do lado! - Só podia ser brincadeira da parte dele, não era possível!

- Que? É sério? - Perguntei, na mesma intensidade de surpresa quanto ele quando eu disse sobre a Dreamer.

- É sério! Lembra dos dias que eu tive que seguir um outro caminho? Então, foram os dias em que eu fui fazer a entrevista e resolver uns b.o de documentação - Ele tomou um gole de coca - É um prédio administrativo, consegui a vaga para atuar na administração, e pra ser bem sincero, eu só consegui por causa dos cursos que tenho no currículo.

Gargalhamos, qual era a probabilidade de isso acontecer de novo? Mínima, talvez? Mas isso me alegrou demais, íamos trabalhar um do lado do outro e não sei como isso poderia ficar melhor.

- Mas me fala uma coisa, você contou para os seus pais? - Ele perguntou.

- Na verdade, não! Eles não precisam saber disso agora, eles já querem ter o controle de tudo na minha vida, se souberem que eu consegui um emprego vão cair em cima querendo o que não pode.

- E a questão de ir morar sozinho?

- Bom, hoje eu dei uma olhada em algumas casas próximas, preços bons até, acho que agora com esse novo emprego, pode ser uma oportunidade.

- Verdade, mas quero que saiba de uma coisa - Ele se arrumou no chão - Se acontecer algo, saiba que as portas vão estar abertas se precisar de algum lugar pra ficar até se encontrar.

Isso me deixava muito confortável, embora eu tenha imensa gratidão pelo seu convite, eu iria dar um jeito, era bom ver que ele estava me apoiando mesmo que a decisão de sair de casa fosse mais séria do que eu imaginava. Levi levantou-se e foi ligar o vídeo game, naquele mesmo instante o meu celular vibrou, era uma mensagem de Taylor:

- Iae gatinho, o que está aprontando?

Ela perguntou, Levi estava de costas, então foi o tempo que eu abri a câmera do celular e tirei uma foto, enviei para ela e a mesma respondeu no mesmo instante:

- Hm... O que vocês estão aprontando aí?

Perguntou novamente, ainda mandou um emoji cujo rosto era um tanto malicioso.

- Estamos comendo haha e vamos jogar

- Divirtam-se, rolou alguma coisa?

- Não, deixe esses pensamentos pervertidos para lá haha

- Haha perversa é o meu segundo nome, quero atualizações amanhã!

- Pode deixar, até amanhã!

Levi voltou a se sentar do meu lado e me entregou um controle, ele pareceu estar um pouco tenso, eu poderia estar errado, mas pelo jeito que estava agindo, parecia estar tenso:

- Você tá legal? - Perguntei, ele me olhou.

- Estou sim, por que? - O mesmo abriu um sorriso de canto.

- Não sei, você parece meio tenso - Ele semicerrou os olhos e respirou fundo, parecia pensativo no que iria falar.

- Acho que eu estou passando pela mesma coisa que você, em relação à sentir algo por alguém.

- Quer falar sobre? - Perguntei, com medo de sua resposta, até porque seria difícil engolir ele dizer que está afim de uma outra pessoa e eu me martelando com pensamentos de que estou sentindo algo por ele.

- Não sei, Kev, eu só sinto os mesmos sintomas, sabe?

- Ah... Claro, pensar na pessoa, coração acelerado, tesão... - Ele sorriu.

- Tesão? Nem me fala - Ele abriu um sorriso malicioso, e me olhou novamente. - Mas é sério, eu não sei como chegar até essa pessoa e dizer, porra, eu gosto de você! Na verdade, eu não sei nem se essa pessoa sente o mesmo por mim.

- Eu vou te dar o mesmo conselho que você me deu, beija essa tal pessoa, se essa pessoa seja lá quem for corresponder, você já terá a sua resposta.

- É, você tem razão - Vejo ele engolir o seco, ainda olhava para mim quando o vejo passar a língua rapidamente pelos lábios, não consegui desviar o olhar dele por alguns segundos, isso era intenso e ao mesmo tempo, tão satisfatório, ele estava ao meu lado, não tão distante, mas eu podia ver o quão estávamos nos aproximando um do outro:

- Eu espero que esse sentimento que você esteja sentindo por essa pessoa seja real, para que você não se iluda. - Disse eu afastando um pouco o meu rosto de perto dele, aquele clima ficou tenso e eu tinha que falar algo.

- São tão reais que eu não sei como afirmar para mim mesmo. - Ela falou - Sentimentos reais não passam rápido!

E ele tinha razão...