Capítulo °38

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Me afastei de Levi rapidamente ao passo que ele também se afastou de mim, ele disfarçou quando eu olhei para trás e vejo as meninas surgindo na porta, cada uma segurava dois copos e uma sacola:

— Tomem, trouxemos lanches — Taylor entregou um copo para mim, e na sacola havia dois lances, Jully fez o mesmo com Levi, nós sentamos no chão e começamos a comer matando toda aquela fome:

— Nossa, meu estômago agradece — Falou Jully saboreando o seu hambúrguer.

— Meu deus, parece que eu tô sem comer há meses — Respondeu Levi que também comia com vontade.

— Iae, o que falta agora? — Taylor perguntou.

— Bom, só arrumar a cama, depois a prateleira, e o restante é só arrumar — Respondi tomando um pouco do refrigerante.

— Kevin, você realmente escolheu uma casa linda, quando tiver tudo arrumado eu tenho certeza que ficará show — Continuou Taylor.

— Falta bastante coisa ainda, essa semana mesmo vou buscar comprar as coisas para a cozinha, para a sala também, vai levar um tempo, mas vai ficar legal.

— Detalhe, notei que essa parte da praia é bem vazia, lá fora está um sol e não tem ninguém, se tiver cinco pessoas é muito — Comentou Levi, e notei que era verdade, esse lado da praia era pouco movimentado, e não havia nenhum risco ou perigo no mar, pelo menos até onde eu sei.
Quando terminamos de comer, as meninas descansaram um pouco enquanto Levi e eu colocamos os pés na cama e o colchão, foi algo bem rápido, coloquei a escrivaninha em uma parede vazia ali no quarto, instalei a lad no teto do quarto, eu tinha comprado ela fazia algum tempo mas morar naquela casa me impediu de colocá-la, até por que minha mãe era contra, tudo estava montado e em seus lugares, a arrumação eu me preocuparia depois, fomos para o outro quarto onde montamos a prateleira, eu ainda me lembro de quando eu a comprei, é uma prateleira grande que cobria uma parede, só que, não havia tanto espaço assim no meu antigo quarto e isso impossibilitou de montar a outra parte, já nesse quarto, felizmente consegui monta-la por inteiro.

Eram 18:00 da tarde quando terminamos de arrumar tudo, colocamos todos os livros na prateleira, arrumei todas as roupas no guarda roupa, arrumei a cama colocando um lençol de cor azul escuro e dois travessuras, coloquei os meus pertences como: Notebook, suporte para canetas e alguns outro objetos que uso para fazer os trabalhos do colégio em cima da escrivaninha, conseguimos instalar a televisão na parede do quarto, e uma cômoda ficou logo em baixo dela, outras duas menores ficaram ao lado da cama, a bicicleta ficou no quintal e o restante da casa eu iria arrumar com o tempo.
O calor, contudo, não estava ao nosso favor, pois já se passou um tempo e às 19:00 horas havia chegado, estávamos todos sentados na calçada em frente a praia enquanto o mar nos trazia um ar fresco e refrescante após um longo dia.

— Que dia... — Falo soltando um suspiro.

— Foi bem puxado, mas foi divertido — Respondeu Levi, logo Jully se pronunciou:

— Já que vamos ficar alguns dias sem aula, a gente bem que poderia fazer algo legal, o que acham?

— O que tem em mente, amiga? — Perguntou Taylor, que está sentada ao seu lado.

— Me chamem de louca, mas eu adoro fazer trilha, cogitei na possibilidade de acampar, o que me dizem?

— Nossa... — Levi fez um olhar surpreso — Eu apoio, já acampei uma vez, é muito bom. Tenho a barraca e os esquipamento até hoje.

— Eu também! — Afirmou Jully.

— Eu gostei da ideia, porém, não tenho os equipamentos, o que me diz Kevin? — Taylor me olhou, nunca acampei na minha vida e não faço ideia de como é, mas eu gostei da ideia.

— Acho uma boa, eu topo, só que eu também não tenho equipamentos.

— Isso a gente consegue, mas se formos realmente fazer isso, precisamos marcar um dia, e achar um lugar legal.

— Podemos ir na próxima semana, eu posso procurar algum lugar e avisar para vocês — Me ofereci, eles assentaram, ficamos mais alguns minutos ali conversando até eles decidirem irem embora, eu agradeci a todos pela ajuda, e que ajuda! Por que foi bem trabalhoso, e se não fossem por eles, eu ainda estaria arrumando tudo, Levi levou as meninas para casa e eu tomei um banho gelado, após ter me secado e ter colocado um shorts, senti uma grande sensação de aperto e vazio, tudo o que houve ainda me entristece, todas essas revelações, todos esses anos sofrendo em vão, aquilo ainda me doía profundamente quando paro pra pensar, e é estranho a sensação de estar sozinho, eu estava acostumado a fazer tudo escondido, tinha hora pra ir pro quarto pra evitar Francis e minha mãe, na verdade, eu vivia mais nele do que em outro comodo da casa.

E agora, eu não tinha que me preocupar com isso, eu não tinha que dar satisfação do que eu estava ou não fazendo para ninguém, era apenas eu e eu, finalmente! Eu consegui fazer aquilo que eu mais queria, e sinto-me muito orgulhoso disso, mas essa sensação de tristeza ainda me incomoda, e eu ainda tenho muito medo das crises de ansiedade e depressão, porque eu sei que quando elas atacam eu fico vulnerável e sensível, eu sempre dei um jeito de me ajudar sozinho quando morava lá, e agora não será diferente.
Eu estava sem fome, o que não é muito novidade, me deitei na cama e adormeci rapidamente:

Na manhã seguinte, acordei por volta das 6:30 da manhã, o clima estava fresco, o sol estava nascendo e havia névoa na praia, tomei um banho e visto uma roupa, o motivo de eu estar fazendo tudo isso? É simples, eu decidi que iria de uma vez por todas resolver todo esses caos, e tirar todas as minhas dúvidas, eu iria ver o meu pai, e apesar de ele nem se lembrar mais de mim, é um risco que eu estou disposto a pagar, a minha avó havia me passado o endereço de sua casa em miami beach, portanto, chamei um Uber que me levou até lá, a corrida durou 15 minutos e logo ele me deixou em frente a uma grande casa subindo um morro, dava para ver toda a praia e a cidade dali do alto, era uma casa imensa, linda, totalmente decorada com várias plantas e flores na frente, uau!
Caminhei até porta da frente e levei a mão até a campainha, mas parei no mesmo momento, eu estava nervoso, suando frio e meu coração batia tão rápido que parecia querer doer, suspirei fundo e tomei coragem, apertei, fez um barulho suave e esperei até que alguém aparecesse.

— Se acalma Kevin — Eu estava totalmente trêmulo, o frio na barriga veio com força quando escutei passos se aproximando, e estavam cada vez mais perto, logo escuto a porta sendo destravada, e foi aberta pelo o próprio, puta merda! Eu estava olhando para um espelho, não é possível!

— Ahn... Posso ajudar? — Ele perguntou, me questionei por ele não ter visto tanta semelhança que tínhamos, eu paralisei, não consegui falar nada além de só olhar para ele.

— Ei? Garoto? Você está bem? — Ele perguntou mais uma vez, eu logo balancei a cabeça e disse:

— Sim, me desculpe, eu...

— Eu posso te ajudar com alguma coisa? Está procurando por alguém específico?

— Sim, na verdade sim! — Falo com a voz quase travada.

— E quem seria? — Ele fez um olhar curioso.

— Jonas — Falei, eu disse o nome do meu pai, claro que eu já estava falando com ele, mas eu não iria já chegar dizendo que estava buscando por ele.

— Bom, você está falando com ele — O mesmo abriu um sorriso, um sorriso tão perfeito que me fez lembrar do meu — No que eu posso te ajudar?

— Eu... — Travei outra vez, dei uma pausa e respiro fundo, logo voltei a falar — Eu me chamo Kevin Jensen — No mesmo instante eu vejo como a sua face mudou complemente, de curioso foi para assustado, pois ele arregalou os olhos:

— Kevin? — Ele disse em voz baixa, me olhando de cima para baixo.

— Sim — O respondi, tirei do bolso a foto que a minha avó me deu, a única foto nossa, e entreguei a ele, que a segurou tão trêmulo que quase deixou cair, ele me olhou novamente com a boca aberta de surpresa.

— Oi pai.

Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora