Capítulo °57

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— Kevin

Percorri os corredores o mais rápido possível até o meu armário, não havia muitas pessoas, o que era bom, assim eu não tinha que me preocupar com quem me olhava ou não, chego em meu armário e pego a minha mochila.

— Kevin, o que você está fazendo? — Perguntou Taylor parando em minha frente, me impedindo de andar.

— Eu vou embora, eu não fico mais aqui hoje, não dá! — Falei irritado, ela me olhou com um olhar triste e olhou para Levi em seguida.

— Então eu vou também, não adianta você dizer não — Levi abriu o seu armário e pegou a sua mochila.

— Eu vou também! — Afirmou Taylor, eu não podia dizer não para nenhum dos dois, porque eu sei que mesmo eu dizendo não, eles irão de qualquer jeito, fomos até o armário de Taylor onde ela pegou a sua mochila, como ainda era o horário de intervalo, não havia muitos professores nos corredores, mas tomamos todas as precauções para conseguirmos sair, normalmente fica um guarda em frente a porta de entrada, e ele não estava lá hoje, o que é um milagre.
Abrimos a porta com cuidado e saímos do colégio, perguntei a Taylor se ela queria ir até a minha casa para podermos conversar, ela disse que como saiu mais cedo, iria dedicar o resto da manhã para resolver alguns assuntos, a mesma coisa disse Levi, Taylor foi para o centro e Levi me acompanhou até a minha casa, logo ele foi para a sua, entrei em casa e a primeira coisa que eu vi foi a postagem e a live no Instagram, que ridículo!
A live mostrou o exato momento em que Chase me beijou, eu não estava entendendo, por que Chase fez isso? Por que ele me beijou sendo que ele sempre demonstrou ser o cara mais hetero top do colégio? Isso com certeza vai sujar a reputação que ele tem naquele lugar, e só pelo jeito que ele saiu correndo quando os alunos apareceram, já entregou que ele queria fazer aquilo "me beijar" já faz um tempo, será que esse é o motivo de ele me encarar tanto? De sempre implicar comigo? Eu sinceramente não sei.
Durante a tarde toda, eu fiquei ali, deitado, pensando, e pensando mais, como tudo na minha vida progrediu, e ao mesmo tempo regrediu em tão pouco tempo, o dia havia acabado de dar o seu lugar a noite, quando eu decidi tomar um banho rápido e vestir um shorts leve, apenas, a noite estava quente, no entanto, um vento gelado entrava pela porta da varanda, as luzes do quarto estavam apegadas mas ao mesmo tempo não estava tão escuro, e eu estava péssimo, meus olhos estavam inchados pois eu não conseguia parar de chorar no  chuveiro, meu peito doía, meu corpo tremia, tanto que as minhas pernas estavam bambas, o meu corpo liberava tanto suor que se eu passasse a tolha, eu conseguiria torce-la.

A minha cabeça estava girando tanto que passou a doer, e a cada batida do meu coração, a minha cabeça pulsava de forma dolorosa, a minha respiração passou a ficar ofegante mesmo eu não tendo feito esforço algum, eu estava tendo uma crise, e eu não sei qual era, pois não consegui identificar, mas eu queria acabar com aquilo, eu queria que aquilo parasse, olhei em volta pelo quarto procurando pelo meu celular, as lágrimas escorriam pelo o meu rosto e eu precisava urgentemente de uma distração que podesse me fazer esquecer tudo isso, achei o meu celular em cima da cômoda, pego os meus fones de ouvido e os conectei, coloquei qualquer música aleatória para que pelo menos eu saísse desse momento de angustia e dor, a música que passou a tocar foi "It'll Be Okay do Shawn Mendes" tantas músicas animadas poderiam passar naquele momento, mas justo essa? Eu não dei tanta importância, apenas deixei que tocasse.

— Por favor, Kevin, não caia, seja forte! — Falo sozinho sentindo uma tremenda dor na garganta por tentar segurar o choro, eu tentava controlar a respiração e me mantive sentado para que eu pudesse melhorar, mas não, não estava dando certo, eu entrei em um surto tão poderoso que comecei a chorar e bati a mão com tanta força no abajur que estava em cima da cômoda, que ao tocar a parede, ele se despedaçou, e cacos de vidros se espalharam pelo quarto.

— Droga, não! — Eu disse em voz baixa, o choro me consumiu, eu estava me sentindo afogado, me afogando em meus próprios pensamentos, sendo consumido pela tristeza e a vontade de desaparecer, me ajoelhei no chão olhando para os cacos em minha frente, levei a minha mão até um pedaço de vidro grande que estava ao meu lado, eu não queria fazer aquilo, eu não queria! Mas essa vontade de me machucar falava mais alto do que eu, o vidro já estava em minhas mãos, e quando pude me dar conta, eu já estava com ele encostado em minha pele, tentando tomar coragem para passar até cortar, apertei os olhos conforme as lágrimas caírem, e quando eu enfim tive a coragem de fazer isso, uma mão puxou o meu braço e tirou o caco de vidro da minha mão, era Levi, ele estava com uma cara assustada, eu não sei como eu explicaria a ele aquele minha situação.

— Kevin? Ei? Olha para mim — Ele segurou o meu rosto, eu não conseguia falar, eu mal conseguia escutar a sua voz.

— Vida? Olha para mim — Falou ele, ele havia me chamado de vida? Eu não sei se escutei a coisa certa, mas ele manteve as mãos em meu rosto e limpou as lágrimas.

— Me... Me desculpa, por favor, me desculpe — Falei, caindo em lágrimas, ele me puxou e me abraçou, um abraço forte e acolhedor.

— Calma, vai ficar tudo bem! — Sinto a sua mão em minha nuca, acariciando o meu cabelo — Vai ficar tudo bem, Kev!

Levi viu pela primeira vez algo que todo ansioso e depressivo tende a passar nas noites mais conturbadas, todos sofrem de formas diferentes, dores diferentes e motivos diferentes, mas eu tenho certeza que ele nunca se esquecerá desse dia, ele salvou a minha vida, porque eu não sei o que teria acontecido se ele não tivesse chego naquela hora, eu não sei o que teria acontecido se eu tivesse passado o vidro em meu pulso, ou onde eu estaria agora, mas eu sei que... Se não fosse por ele, eu teria dado o meu último suspiro ali.

— 2 dias depois —

Durante os últimos dois dias, eu fiquei em casa sentindo muita dor de cabeça, sentia angústia e tive algumas crises fracas que me fizeram perder o sono durante a noite, e durante esses últimos dois dias, eu lutei para que aquilo não acontecesse de novo, para que aquilo não se repetisse e eu ficasse bem, foi difícil e doloroso, no entanto, eu consegui sobreviver aqueles momentos de angústia.
Hoje pela manhã, o colégio ainda estava com murmurinhos e fofocas sobre o que rolou naquele dia, Chase não apareceu na escola desde então, e o Gossip não faz novas postagens desde a última Live, e quando ele foi criado, os alunos e professores testemunharam as piores fofocas, o administrador revelou segredos pessoais de muitos, causou grandes conflitos, discórdia, e ninguém além de eu, Levi, Taylor, Matt, e supostamente Chase, sabe quem é essa pessoa misteriosa.
Eram exatamente 9:15 da manhã, estávamos em sala de aula realizando o teste de matemática, a sala estava em silêncio, não havia um barulho no corredor, e ainda faltava alguns minutos para a aula ser encerrada, hoje eu estava me sentindo bem melhor do que os últimos días, não senti dor alguma e isso era muito bom.

Olhei para Levi, que parecia estar bem concentrado no teste, voltei a minha atenção para o meu teste, quando eu e todos os alunos nos assustamos com um barulho alto que veio do corredor, ou eu acho que veio dele, todos se olharam curiosos se perguntando o que fora aquele barulho, mas logo voltamos a focar no teste, porém, outro barulho foi escutado, dessa vez mais alto:

— Mas que porra é essa?! — Falou Levi quando escutamos gritos vindo do lado de fora, o professor se levantou da cadeira e foi até a porta, quando mais três barulhos seguidos foi escutado, aquilo não era um barulho normal, e a gritaria que estava havendo lá fora também não era algo que costumamos a ouvir, eram gritos, gritos de desespero.

— São tiros! — Afirmei no momento em que escutei outro barulho, eram tiros! Alguém havia invadido o colégio

Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)Where stories live. Discover now