Capítulo °11

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A bagunça em minha volta, o que eu poderia fazer? Não tive forças ao menos para arrumar tudo aquilo,  meu quarto estava uma tremenda zona, e eu mal sabia por onde começar, em meio aquela dor imensa que eu sentia no peito, ao passo que sentia o meu coração apertar de forma tão dolorosa que me fez sentir fraqueza no corpo, permiti me ajoelhar no chão, e me sentar, encostando me as costas na cama, lágrimas ainda caiam, e caiam com dor, a garganta doía pois eu só queria poder gritar, gritar tão alto para jogar tudo isso para fora de mim, toda essa maldita angústia.
Olhei para o lado onde bati os olhos em uma pequena caixinha de alumínio com relevo e o desenho de fones de ouvido, levo a minha mão até ela e a peguei, estava trêmulo, tão trêmulo que abri-la foi um desafio, quando consegui, o meu coração voltou a apertar, um arrepio subiu pelo o meu corpo, e ao mesmo tempo senti calafrios.

— Seja forte, Kevin. — Disse a mim mesmo, embora eu prometi que não voltaria a me machucar independente da situação, mas a minha mente: Ou seja lá que porra era essa, me impulsionava a fazer aquilo, eu estava olhando para uma lâmina, tão afiada quanto eu me lembro, e eu me questiono de o por que eu guardei isso? A peguei com os dedos trêmulos e suados, eu me senti  completamente cego ao que eu estava fazendo, a dor emocional que meus pais me causaram é tão profunda e dolorosa que a dor física não faz a mínima diferença, e eu pude perceber isso quando senti a lâmina rasgar a pele do meu pulso, não fiz cara de dor, nem franzi a testa, não tive reação alguma, apenas me cortei, e a cada momento em que eu passava a lâmina em meu pulso, eu ia mais fundo e eu queria poder ir mais fundo, parei no momento em que vi o chão vermelho pelo o sangue que eu mesmo derramei.

Suspirei de alívio, porra, que alívio, apesar da dor que eu ainda sentia pelo recente ocorrido, o meu celular começou a vibrar dentro do meu bolso, peguei ele apenas para ver que era uma chamada de vídeo de Levi, guardei a lâmina e atendi a ligação, logo ele surgiu na tela.

— Opa meu ami... Cara, o que aconteceu com você? — O seu sorriso sumiu no mesmo instante.

— O que? Como assim? — Perguntei.

— Sua boca está sangrando, e você está com uma cara péssima, dá pra ver nitidamente que estava chorando. — Respondeu ele, merda, foi tão rápido que eu me esqueci de que eu tinha levado um soco e a minha boca estava sangrando.

— Não foi nada de mais. — Falo limpando a boca.

— Nada de mais? Cara? Quer que eu vá até aí?

— Não! — Disse no mesmo instante. — Já teve problemas demais aqui, amanhã você vem, não quero causar mais nada. — Ele me olhou com um olhar triste, parecia querer dizer algo, e eu, bom, eu gostaria de deixar as lágrimas saírem, mas não iria deixar que Levi visse isso, nos conhecemos a pouco tempo ainda, não quero que ele pense que eu sou fraco.

— Eu sinto muito. — Ele falou.

— Obrigado, eu vou ficar bem, só preciso descansar.

— Tudo bem, descansa, qualquer coisa eu vou estar aqui, tá bom? — Ele perguntou, eu o encarei por alguns segundos.

— Pode deixar. — Me despeço dele e encerrei a chamada, olhei em volta novamente para o meu quarto, olhei para o pulso inchado, o sangue ainda escorria, o chão estava sujo, e eu não tinha vontade alguma de fazer algo, mas eu precisava, juntei toda a força que ainda me restava e comecei a organizar tudo, começando pela as roupas, coloquei todas de volta ao guarda roupa, dobrei algumas, portas coloquei no cabide, arrumei as meias e cuecas na gaveta, e fui arrumar o restante, minha escrivaninha onde coloquei os meus cadernos no lugar, as canetas e tudo que pertencia a ela, coloquei todos os livros de volta na prateleira e tentando dar um jeito de salvar algumas folhas amassadas, é doloroso para todo leitor ver um livro com folhas amassadas, e eu passo muito tempo lendo quando não tenho nada para fazer.

Quando arrumei tudo que estava espalhado pelo o chão, pego um pouco de papel no banheiro e limpei o excesso de sangue que havia ali, enquanto eu limpava, olhei para a minha cama onde estranhei que os meus pais não levantaram o colchão da cama, não tem nada ali embaixo, apenas alguns quadrinhos antigos de quando eu era criança, nada além disso, se eles estão em busca do meu dinheiro, eles não vão encontrar, eu guardo todo o meu dinheiro em minha conta bancária que fiz justamente para colocar tudo o que eu arrecado com o meu trabalho. E eles não podem nem sonhar que eu tenho essa conta.
De repente, a porta do quarto se abre, rapidamente coloco a mão dentro do bolso, encosto o pulso na cintura onde a camisa cobria o mesmo, e foi sorte a luz está apagada, não dava para ver muito bem, a única luz que havia ali era do poste da rua que deixava o quarto com pouca iluminação, e para a minha infelicidade, era o meu irmão.

— O que você quer? — Perguntei, ele ficou olhando em volta.

— Arrumou tudo bem rápido em. — Sorriu. — Já pode trabalhar como faxineira. — Zombou ele rindo da minha cara, apenas o observei.

— Você veio aqui para fazer graça? Se é o caso, sugiro que saia.

— Só vim ver o otário do meu irmão se dar mal.

— Eu disse para você sair daqui, você é surdo?

— Cadê o respeito? Eu sou mais velho do que você em... — Ele cruzou os braços.

— Mais velho ou não, eu estou pouco me fodendo para o que você pensa, agora me deixa sozinho por favor, ou veio até aqui para pedir para eu me matar também? — Falei irritado, ele me olhou de forma tensa, suspirou e não disse nada por uns dez segundos.

— Kevin, eu escutei o que a mãe disse, e... Eu sei que a gente mal se fala, mas eu vim para...

— Jack? Vai embora! Eu não quero ouvir nada que saia da merda da sua boca, você é igual a eles! — Falei indo até ele, meu ódio estava tão alterado que o empurrei para fora do meu quarto, e fechei a porta, ele não disse nada, não insistiu em entrar no quarto nem nada, apenas escutei os seus passos voltando para o seu quarto.

Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora