Capítulo °40

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Após aquela longa conversa e esclarecendo todas as coisas que aconteceram durante a minha vida, o meu pai fez questão de me levar de volta para casa, mesmo eu dizendo para ele que não era necessário que fizesse isso, mas foi inútil, ele me levou mesmo assim:

— E as coisas no colégio, como estão? — Perguntou ele fazendo uma curva e acelerando o carro.

— Vão bem, ficaremos duas semanas sem aula por causa de algumas manutenções que estão acontecendo lá, vou tirar esse tempo para aproveitar.

— Bom, muito bom! O que tem em mente? Viajar, sair com os amigos?

— Ah, uns amigos e eu estamos pensando em fazer uma viagem para acampar na semana que vem.

— Isso é ótimo, eu adorava acampar quando tinha a sua idade, e eu já fiz muitas loucuras quando era adolescente.

— Tipo o que? — Perguntei olhando para ele.

— Eu fugia de casa escondido dos meus pais para ir para festas com os meus  amigos, já viajei sem o consentimento dos meus pais, bebia muito, e são coisas que não me arrependo — Ele parou no semáforo — Eu vivi, isso é o que importa, eu curti e posso dizer isso, e espero que faça o mesmo.

— Temos algo em comum então, direto eu fugia de casa para poder sair, porque a minha mãe nunca deixava — Ele sorriu.

— Altas aventuras, vai ter histórias para contar para o seu filho no futuro — Fiz uma careta meio sem graça, acho que ele percebeu, filhos não eram uma coisa que eu pensava, pelo menos não agora e nem tão cedo.

— Você está ficando com alguém? Uma garota ou... — Ele deu uma pausa.

— Ou? Como assim? — Fiz um gesto curioso.

— O...Ou — Ele gaguejou — Um garoto. Me desculpa, eu não quero invadir a sua privacidade, mas acho legal falarmos sobre isso.

Isso realmente foi muito mais além do que eu esperava, digo, normalmente um pai não perguntaria isso, o esperado é só perguntar se há alguma garota no meio da história, fiquei um tanto envergonhado mas decidi prosseguir no assunto.

— Um garoto? — Sorri sem graça — Olha, isso não é algo que os pais costumam perguntar.

— Eu perguntei por que, vivemos em um mundo onde hoje isso é considerado normal, e eu vou ser bem sincero com você — Ele tocou o meu ombro — Independente da sua escolha, um garoto ou uma garota, você ainda será o meu filho — Nossa, ele merece o prêmio de o melhor pai do mundo depois dessa.

— Olha, no momento não tem ninguém, mas é bom ouvir isso de você, e é bom saber que você pensa desse jeito diante de um mundo tão louco e conturbado.

— Ser louco em um mundo conturbado não é loucura, é sanidade — Falou ele, isso realmente me fez refletir, ele tinha razão, e o que me deixou feliz foi ver que ele é uma pessoa boa e respeita determinadas escolhas, confesso que essa atitude dele me deixou extremamente feliz, pois ele me deu esperanças de que eu posso me abrir e contar com ele, embora as outras pessoas são preconceituosas e maldosas.
Quando chegamos, pedi para ele entrar para ele ver a casa, ele achou ela linda e disse que ficaria muito melhor quando estivesse com todos os móveis e decorada.

— Fez uma ótima escolha, quando pretende comprar as coisas?

— Talvez hoje, vou tentar pelo menos comprar o sofá e algumas coisas para a cozinha.

— Entendi — Ele olhou para o mar, estávamos na varanda — Kevin, filho, eu quero te convidar para voltar até a minha casa para um almoço especial, vou apresentar vocês às meninas, claro que, se você quiser.

Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)Where stories live. Discover now