Se eu Ficar? Vol.1 (Concluído)

Capítulo °23

No caminho de volta para casa, eu estava me perguntando como tudo mudou de forma rápida? Fui convidado à fazer um projeto, foi aprovado, e pra melhorar, fui contratado, sim, eu fui contratado para trabalhar na Dreamer! Minha felicidade está estampada na minha cara, até por que para você estar lá dentro, tinha que estar na universidade e fazendo estágio, eu tinha dito ao Caleb sobre ainda estar no ensino médio e que ainda não tinha uma formação, no entanto, ele disse que isso não seria um problema, eu era qualificado para trabalhar lá e com certeza iria me destacar. Palavras dele!

Quando cheguei em casa, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: Eu não vou dizer aos meus pais sobre isso! Embora eles já tentam controlar a minha vida e o dinheiro que eu arrumo com o meu trabalho, se souberem que eu consegui um emprego, vão me infernizar para entregar o dinheiro à eles, abro a porta e encontro o meu irmão sentado na sala assistindo ao jogo de futebol americano com o meu pai, por algum motivo, nenhum deles foram trabalhar hoje, e o motivo? Não me interessa.
Assim que entrei, caminhei até a escada, mas fui barrado por minha mãe que saiu da cozinha já perguntando.

— Onde é que você estava? — Vejo a franzir a testa, fez uma cara feia ao passo que andava até próximo a mim e cruzou os braços.

— Eu fui ao centro da cidade.

— Fazer o que? — Questionou ela, suspiro fundo para não ter que dar uma resposta inadequada.

— Eu fui comprar algumas coisas para um trabalho da escola.— Disse eu.

— Ok, e onde estão essas coisas?

— Na mochila — Afirmei.

— E por que eu não estou vendo elas? — Isso estava me doendo nos nervos, pra que tantas perguntas desnecessárias? Ela sempre fazia isso como se fosse descobrir algo terrível.

— Por que são coisas que, sinceramente, não são tão interessantes para você que já terminou o ensino médio. — Falo subindo as escadas deixando ela lá, chegando no meu quarto, eu fechei a porta e a deixo destravada, provavelmente uma hora ou outra ela virá até aqui para ter certeza de que eu não estava mentindo, portanto, peguei o meu caderno dentro da mochila, algumas folhas e livros e deixei tudo em cima da escrivaninha, apenas para disfarçar de que eu estava realmente estudando, liguei o notebook e comecei a fazer algumas pesquisas, buscando casas e o valor do aluguel, eu realmente ando pensando muito nessa possibilidade, mesmo sabendo que isso pode pesar para mim, aluguel, móveis, alimento, tudo!

Morar sozinho é um desafio que requer muitos gastos, no entanto, eu posso ter a chance de realmente dar início a esse plano, com esse novo emprego isso tudo pode ser a oportunidade que eu tanto espero, ainda é cedo para pensar alto, mas eu já quero deixar tudo pronto para quando esse dia chegar, vi algumas casas pequenas que seria perfeita para mim, próximo a praia e não ficava tão longe do colégio, o aluguel também não estava tão ruim, eu tinha dinheiro o suficiente para sobreviver sozinho por um tempo, eu mesmo me admiro por isso, sempre fui muito controlador com as minhas economias e os meus gastos, e fico feliz em ver que os últimos três anos eu consegui guardar uma ótima quantia, as vezes, até o mínimo que eu tinha eu guardava, principalmente quando a minha avó me dava dinheiro escondido dos meus pais, pois ela sabia que o meu irmão ganhava mesada todo mês, menos eu, sendo assim, ela sempre fazia isso com muito amor.
Todos os imóveis que eu via, eu olhava a descrição e anotava o número do fornecedor e favoritava para quem sabe, futuras visitas, escuto passos vindo da escada e logo deduzi que poderia ser a minha mãe, mudo a aba do notebook, abro um livro qualquer e peguei um lápis, para finalizar, coloco os pés em cima da escrivaninha, a porta foi aberta com tanta força que deu a impressão de que fosse cair a qualquer momento, só pelo modo de como a porta foi aberta eu já sabia que era a minha mãe, ela tem o forte hábito de chegar causando esse drama todo.

— Posso ajudar? — Perguntei ainda olhando para o livro.

— Eu posso saber o que você está fazendo?! — Ela perguntou novamente, parece que ela gosta de implicar de graça.

— Como eu disse há uns 30 minutos atrás, é um trabalho do colégio.

— Não deboche da minha cara, Kevin! Está me achando com cara de palhaça? — Falou ela quase gritando, motivos? Eu também não sei.

— Não estou debochando, eu te respondi lá em baixo o que eu ia fazer, se você está fazendo a mesma pergunta agora, quem está se fazendo de palhaça é você! — Ainda de costas para ela, segurei a risada, mas podia ter a certeza de que escutei ela ranger os dentes, ela bateu a porta e saiu, pude abrir um sorriso finalmente.

As horas foram passando, fiz várias buscas interessantes e chegou a hora do jantar, eram 19:00 horas e pela primeira vez em 17 anos, ela não me chamou para jantar, isso não me afetou, afinal, a minha presença sempre incomodou eles, e eu gostaria de saber o motivo disso, não sei o por que, eu estava sem fome e isso não me mataria, mais tarde por volta das 21:30 meus pais já estavam no décimo terceiro sono e podia escutar o meu irmão jogar video game do quarto dele, eu já estava arrumando para dar início a minha fuga noturna, tranquei a porta com cuidado e abri a janela, me apoiei no parapeito e começo a descer, sempre deixo a janela entre aberta para eu conseguir entrar quando voltar, assim que cheguei no chão, olhei em volta para ter certeza de que estava seguro ir, nenhum sinal de vizinhos, nem dos meus pais e nem do meu irmão.

— Ei, cara? Estou indo, pode me encontrar em algum lugar? 

Mandei a mensagem para Levi ainda não sabendo onde era a sua casa, ele teria que me encontrar em algum lugar, ele respondeu:

— Claro, na rua da sua casa, vai em frente em direção ao calçadão, vira à direita e vem andando, eu encontro você no caminho.

Comecei a caminhar indo para o calçadão, lá, virei a rua e continuei andando, havia algumas pessoas caminhando, os quiosques estavam abertos, havia alguns garotos jogando vôlei, e o clima estava agradável apesar de estar abafado, não deu nem três minutos de caminhada eu pude avistar Levi se aproximando.