Capítulo I - Ligados por Sangue / Parte 18: Linda Rivera

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Era difícil acreditar que existia um lugar como aquele em Circodema. Já havia ouvido pessoas comentarem sobre e desejado ir, mas estava sempre lotado e nunca houve o convite. Meu Eddie provavelmente estava reservando o local para uma data especial, tal como aquela noite; o que deixou-me muito feliz, sorrindo como uma criança ao visitar o zoológico. Eddie me conhecia e sabia que o lugar me deixaria assim. De Leyva, um maravilhoso restaurante com uma fachada típica de construções coloniais espanholas situado na área nobre da cidade, onde haviam muitas árvores e nenhum indigente. Meu Eddie sabia de minha origem latina e sabia o quão eu amava vestígios de minha terra; terra que nunca tive a oportunidade de visitar.

A noite não poderia ter começado melhor.

"Eddie!", dei-lhe um beijo. "Que lugar maravilhoso!", olhava através das largas janelas de madeira rústica que permitiam a visão daqueles que lá dentro estavam. E por que estes não iriam querer serem vistos? Estavam todos bem trajados, de boa aparência e esbanjando riqueza. "Olhe, Eddie! A iluminação é feita por candelabros!"

"Que bom que gostou", sorria, acompanhando-me.

"Gostei? Eu amei! Obrigada, meu amor!", abraçamo-nos e pude ver de relance o sorriso terno de meu querido, afagando meus cabelos.

"Vamos?"

"Claro!", segurei-o pelo braço ao longo do caminho.

Ao cruzarmos a porta, um recepcionista veio ao nosso encontro. Um homem com gel em seus cabelos, trajando uma camisa branca e gravata de borboleta preta, combinando com suas calças.

"Senhor. Senhorita. A mesa de vocês já está preparada. Por favor, sigam-me."

Diferente de meu restaurante, aquele não havia um toque familiar, mas com certeza o compensava com o ambiente luxuoso e espaçoso. Ao fundo tocava-se jazz, mas baixo o suficiente para não atrair a atenção; as mesas não se postavam próximas umas das outras, o que permitia uma maior privacidade; os garçons desfilavam por entre as pessoas, casais em sua maioria, que sorriam em nossa direção.

"Estão todos tão lindos...", comentei com Eddie.

"Ninguém como você, minha querida", sorriu em minha direção.

"Senhorita", o hosts disse, afastando a cadeira para que eu me sentasse. Todos os móveis do lugar eram feitos de uma madeira bem escura e com detalhes entalhados muito bem trabalhados.

"Obrigada." Sobre a mesa postava-se um castiçal com uma sedutora vela vermelha. O ambiente do lugar era iluminado em tom alaranjado, proveniente dos belíssimos candelabros. Há algo sobre uma iluminação laranja que conecta-se com um sentimento de nostalgia. Pelas paredes que adquiriam um tom amarelado pela luz haviam quadros e fotos de animais exóticos e florestas vastas. De Leyva mostrava-se mais belo que eu imaginara.

"Senhor. Senhorita", uma voz feminina ressoou ao nosso lado. "A entrada de hoje será chutney de carambola ou sopa de frutos do mar e pescados; os pratos principais serão salmão ao molho maracujá e filet à presidente; por fim, para sobremesa teremos mousse de chocolate e maracujá, tortas e doces variados ", disse a mulher de cabelos loiros amarrados, maquiada e vestindo o mesmo uniforme do hosts, salvando-se a saia que usava. "Algo para beberem?"

"Vinho tinto seco, por favor", Eddie disse.

A moça baixou a cabeça em resposta e saiu.

"Aqui é tudo tão lindo, Eddie!", segurei sua mão. Não cansava de repetir os elogios ao lugar. "Obrigada..."

O vinho chegou; chileno e delicioso, como todos deveriam ser.

À medida que o vinho se consumia, as comidas chegavam, todas de um gosto tão bom e único como seus nomes sugeriam. Conversávamos e nos deliciávamos com os pratos em meio a sorrisos e carinhos.

Era uma noite perfeita, como poucas são.

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