Capítulo VIII - Liberte-se / Parte 2: Edgar Visco

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A imagem da faca deslizando no pescoço da inocente mulher não saía dos meus pensamentos. A cada instante tornava-se mais pessoal.

"Desgraçado, infeliz... Quem diabos é você?!", falava sozinho, uma mania do ser humanoem momentos de raiva. No fundo algo insistia que eu sabia o motivo de todos aqueles indesejáveis acontecimentos. Porém é sabido que o fundo é muitas vezes pouco visível; inalcançável. No raso de meus pensamentos estava ainda mais perdido.

Dirigindo, procurava o assassino; tentava compreender o porquê das mortes, o porquê dos bilhetes. Procurava Linda... Buscava o que parecia ter perdido em algum lugar dentro de mim. O que quer que fosse, merda, precisava encontrar algo. Qualquer coisa! Na imensidão seca de um deserto, qualquer gota d'água torna-se um perfeito oásis.

Por que errara a desgraça do tiro? Aquilo já poderia estar terminado? O que aquele erro me custaria? Muito, temia... Pouco, eu esperava. E depois uma cãimbra? Por Deus! Por que o destino insistia em brincar comigo em tal momento? Um momento tão delicado! Amaldiçoei quem quer que fosse o desgraçado; amaldiçoei tudo o que pudesse estar no controle de minha vida e, pior de tudo, amaldiçoei a mim mesmo. Maldito seja, Edgar Visco! Maldito seja você e sua destreinada mira! Maldito seja você e seu ridículo preparo físico! A culpa é sua, que fique bem claro. SUA!

Merda!

Continuava a dirigir. Sem saber onde queria chegar ou o que iria encontrar. Mas dirigia querendo alguma coisa e indo para algum lugar, sabia.

Fazia frio na cidade de Circodema, mas o sangue corria quente em minhas veias.

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