Capítulo 1 | Anna

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Mais um dia começa... e parece que é igual a todos os outros. Tem momentos do dia em que me pego a pensar: Será que estou vivendo no mesmo dia várias e várias vezes, como nos filmes de sessão da tarde?

Todo dia a mesma coisa: acordar às 6h, tomar café, tomar banho e sair para trabalhar... E o que eu tenho feito da minha vida? Sempre ouço aquela máxima de "CarpeDiem" e todo mundo repedindo: "aproveite ao máximo o agora, aprecie o presente". Mas o que isso quer realmente dizer? Se tenho que trabalhar para sobreviver e é só para ele que consigo me dedicar? Essa rotina das horas, sempre iguais, acabam comigo...

Amo o que eu faço, me perco no tempo ao pensar em ações estratégicas e campanhas que façam o consumidor se encantar com um produto, ou a história dele; mas o que estou fazendo com a história da minha própria vida?

Só tenho relacionamentos rápidos, na maioria, casos de apenas uma noite e já estou ficando cansada disto. Apesar de que, o último cara que peguei... Foi SENSACIONAL... O cara é gato, rosto perfeito e corpo delicioso. Enquanto estava me olhando de longe, com o rosto sério, parecia um homem pecaminosamente mal, com olhar penetrante, daqueles que fazem tremer cada célula do seu corpo. Mas quando chegou perto, soltando um sorriso doce e lindo... quase que desmaio... ainda mais quando começou a proferir suas indiretas sacanas... Foi uma deliciosa distração de uma noite.

Adoraria se tivesse pelo menos um amigo colorido, assim conseguiria me descarregar do stress quando me fosse conveniente.

Tenho três regras básicas para baladas e afins, das quais compartilho com minhas amigas: para beijar, tem que pelo menos saber o nome. Para dar, tem que pelo menos passar de dois encontros e não pegar ninguém depois das três da manhã, pois nó mínimo ele já pegou todas por aí, ou está muito bêbado.

E é assim que estou mais um dia, cheia de dilemas na cabeça sobre o real sentido da vida, tomando minha caneca de cappuccino na minha Kitnete minúscula (que prefiro chamar de Loft, mais chique), olhando para a janela, para dar a hora de ir para o trabalho. Meu Loft é bem, bem pequeno, mas é o que eu posso pagar e não aguentava mais morar com meus pais, que são excelentes, mas muito superprotetores, preciso aprender a viver sozinha.

Ainda estou me acostumando a morar aqui e estou montando o espaço aos poucos, acho que em no máximo 2 meses consigo terminar tudo o que quero. Fica difícil montar tudo e ainda pagar as "suaves" prestações do financiamento, pois afinal, tem que sobrar um dinheiro para o final de semana, senão enlouqueceria.

Se bem que neste, acho que vou pintar as paredes, não aguento mais este laranja supercafona que o antigo dono colocou, pega toda a parede da frente da minha cama e já está começando a me dar dor de cabeça cada vez que olho.

Quando me recobro dos meus devaneios, vejo que já são 7h05, preciso me apressar para não me atrasar, a última coisa que eu quero ver é a cara de bunda do meu chefe se contorcendo por eu ter me atrasado um ou dois minutos.

Poderia até chegar um pouco mais cedo, mas teria que aguentar as gracinhas dele do mesmo jeito, coisas do tipo: "Chegou mais cedo para fazer hora extra?", "Ficou fofocando o dia todo ontem e agora tem que correr atrás do tempo perdido?" Então prefiro chegar no meu horário cravado.

Ainda bem que achei este Loft bem pertinho do trabalho, assim chego lá em 20 minutos andando e assim já queimo algumas calorias.

Chego na agência onde trabalho e dou de cara com ele. Ah! Que jeito maravilhoso de começar minha segunda-feira! Saí do elevador 7h30 em ponto, mesmo assim não consigo me desvencilhar do seu sarcasmo matinal.

- Bom dia, Dona Anna! Assim que eu gosto, chegando bem no horário.

- Bom dia, Sr. Otávio! – digo abrindo um falso sorriso encantador.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now