Capítulo 57 | Bruna

3.8K 508 47
                                    

Meu Deus que nervoso, não consigo parar de tremer... Fiquei estática quando vi o sangue começando a manchar a roupa dela, isso não pode estar acontecendo... Ouvir a Anna gritar que precisamos levar ela para o hospital, fez meu coração bater ainda mais rápido, mas pelo menos consegui sair do meu estado catatônico. A Anna traz uma toalha de banho e enrola na Lana, ainda bem que tem alguém mais pensante, pois a ala masculina só consegue ficar de boca aberta.

- Léo, corre, vai chamando o elevador. David carregue ela até meu carro. – Anna fala.

- Eu, eu... – David não consegue terminar a frase, apenas gagueja.

- Você! Isso mesmo, você. Se mexe!!

Eu pego nossas bolsas e corro para o corredor. Ela deve estar sentindo muita dor, pois geme a cada lágrima escorrida. Isso não pode estar acontecendo. Estou com tanto medo e ódio ao mesmo tempo... se algo acontecer com ela, ou com o bebê, não sei o que eu faço com o David. Não esperava esta reação dele, parece que todo este tempo que estivemos juntos, não conheci quem ele realmente é.

O Léo dirige feito um louco pelas ruas, buzinando e pedindo que saiam da sua frente. Eu e Anna estamos no banco de trás, tentando acalmá-la, agora ela não reclama tanto de dor, mas suas lágrimas caem com mais intensidade. Seu cabelo está todo molhado, de tanto suar. Não quero nem imaginar o nervoso que ela está sentindo, deve ter muita coisa em sua cabeça. Se eu já estou praticamente enlouquecendo, imagina ela que está passando por tudo isso, fisicamente. Será que eu deveria ter esperado as coisas esfriarem para dizer tudo o que eu disse para ela? Talvez se ela sentisse um pouco mais de "sentimento" de minha parte, ela não teria ficado tão nervosa quanto ficou. Mas também não me adiantaria nada mentir, não levaria a nada. NÃO! Não posso me sentir culpada, tenho minha parcela de culpa, por me deixar envolver com ela, mas não pedi para que eles se relacionassem tão intimamente.

Oh céus, estes minutos até o hospital parecem que são horas... O sangue chegou a manchar a toalha, mas parece que não aumentou desde que saímos do apartamento. Mas isso não pode significar coisa boa. Será que ela perdeu o bebê?

Enfim conseguimos chegar ao hospital, corro para pegar uma cadeira de rodas, enquanto o Léo tira ela do carro. O David só consegue ficar parado no mesmo lugar. Devia dar um tapa na cara dele, para ver se acorda. Filho da puta, na hora de ser homem para gritar e xingar ele foi, agora está lá se fingindo de preocupado, mas sem se mover.

Léo a coloca na cadeira, enquanto eu e Anna, corremos para o atendimento, entramos direto pela área de emergências. Logo que chegamos na porta, veio um atendente perguntar o que está acontecendo. Só consigo responder:

- Ela está grávida... grávida. Por favor, ajude ela.

Anna, diz que vai até a recepção para fazer a ficha de entrada. Nem sabia que era necessário fazer isso, enquanto isso levam-na por um corredor. Olho para minhas mãos tremulas e elas estão manchadas de sangue. Não percebi, mas em algum momento acho que tentei segurar a toalha como se isso fosse o bastante para acabar com todo o problema. Fico ali parada em frente a porta por onde entramos, não consigo parar de olhar para minhas mãos. Até que ouço alguém me chamar:

- Bruna, se acalme, tudo ficará bem. Agora ela será atendida e receberá a ajuda necessária. – Léo fala enquanto passa suas mãos em minhas costas.

- Ela vai perder o bebê, não vai?

- O importante é que ela fique bem... – Ele responde.

- Mas ela vai perder, não vai?

- Não vamos pensar nisto agora, vem cá, me dê um abraço.

É tão reconfortante seu abraço. Ele é uma ótima pessoa. Sinto que ele é um irmão que eu não tenho.

- Vem, vamos até o banheiro para que você possa se lavar.

Chego ao banheiro e deixo a água levar aquela mancha de minhas mãos. Pela primeira vez sinto as lágrimas escorrerem. Me sinto incrivelmente cansada. Encho minha mão de sabão, mas por mais que eu esfregue, não é o bastante para tirar aquilo de mim... Será que ela está bem? Não quero me sentir culpada, mais não consigo...

Depois de um tempo, desisto de esfregar minhas mãos. Acho que o vermelho é de tanto esfregar mesmo.

Assim que saio, dou de cara com o David.

- Desculpa Bruna. Mas...

- Desculpa??? Não é a mim que você tem que pedir isto!! Você só pode estar maluco... Realmente não sei quem você é realmente... Precisava agir como um imbecil...

- Perdi a cabeça... Só queria que ela entendesse que precisava sair do nosso caminho. Não quero te perder.

- Você não pode perder, o que a tempos já não tem.


***************************

Um pequeno bônus... Beijosss e até amanhã :)

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Onde histórias criam vida. Descubra agora