Capítulo 63 | Anna

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Sai da casa dos meus pais ainda um pouco trêmula, por mais que tentei ser forte e mostrei toda a minha confiança de que não será nada demais, quando saí do foco deles e entrei no carro, tornou-se insuportável segurar toda aquela estrutura montada. Dei partida no carro e consegui andar uns dois quarteirões. Mas as lágrimas descem sem que eu as consiga controlar.

- Anna, para o carro, vamos conversar linda. Não fique assim...

Faço o que ele me pede, encosto o carro e o desligo. Saio apressadamente, pois todo o jantar parece que está querendo sair de mim. Léo mais do que depressa sai e vem ao meu encontro. Me põe em seus braços e eu choro, muito.

- Calma Anna, tudo vai ficar bem? Não precisa se desesperar linda!

Não consigo responder nada, o choro que sai em soluços não me deixa completar. Eu preciso pôr tudo para fora, isso está me matando e o choro ajuda a me confortar. Minha cabeça está a mil, imaginando tudo o que poderá vir. Tento ser otimista, mas só imagens ruins se formam na minha cabeça. É muito dolorido imaginar quem a gente ama sofrer. Queria ter o poder de resolver tudo isto, talvez fazer chegar logo o dia do exame para acabar com esta tortura, ou pelo menos fazer com que minha mãe não sofra com esta situação. Mas sou impotente a tudo isto. Me sinto um nada, fraca e incapaz.

Minhas pernas fraquejam, queria sentar no chão e ficar ali, quieta esperando tudo isso passar, fechada em um mundinho só meu. Não consigo nem organizar meus pensamentos, para ver se consigo falar tudo o que estou sentindo.

- Linda, estou aqui... Estou aqui. Por favor, fale comigo. – ele me abraça com mais força. Me sinto tão pequena e indefesa. Descanso minha cabeça em seu peito e ele usa sua mão para afagar o meu cabelo. Aos poucos seus carinhos me acalentam, fazendo com que o choro diminua, até enfim cessar.

- Anna, não quero falar apenas para te acalmar, mas sinto que realmente isso passará e o que restará, será apenas um aprendizado, um valor. Sua mãe é forte, tenho certeza que isso não a abalará.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Acredito em Deus acima de tudo e sei que ele não fecha uma porta sem abrir uma janela...

- Vida... O que eu faria sem você?

- Nada... – ele fala e solta um pequeno sorriso doce. – Porque nos completamos, também não sou nada sem você...

Sorrio e dou um beijo em seus lábios.

- Vamos? Pois eu quero te mimar muito hoje.

- E eu vou adorar...

Entramos no carro e vamos para meu apartamento. Chego e vou direto para o banheiro tomar um banho quente. Saio, coloco meu pijama mais confortável e vou para debaixo das cobertas. Assim que o Léo entra no banheiro, pego meu notebook e começo a pesquisar sobre resultados de mamografia. Claro que todas as imagens em que tem um câncer na mama, aparecem como uma mancha, ou bolinha branca. Minhas mãos ficam cada vez mais trêmulas e suadas. Não sei muito bem o que foi que ela viu, mas se foi algo parecido com isto, não precisa de médico para saber o resultado, certo? Faço várias pesquisas, entro em diversos sites dedicados a este assunto e a maioria deles diz que, quando as manchas são tão visíveis no exame, possivelmente deveriam ser sentidas. Isso de certa forma me acalma, pois se ela não consegue sentir nada e se realmente for algo, deve estar muito no começo e, portanto, tem muita chance de cura.

Assim que percebo que o Léo está terminando, desligo o computador, não quero que ele me veja fazendo estas pesquisas, provavelmente iria me dizer que eu estou me torturando, que o melhor a fazer é esperar um especialista analisar tudo. Ele está certo, mas como evitar?

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now