Capítulo 2 | Anna

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Terça-feira começa sem grandes novidades, mais gracinhas do Sr. Otário, mais notícias vazias de falsas celebridades e então chega a hora do almoço. Meu estômago começa a entrar em combustão. Será que devo almoçar no mesmo lugar e alimentar esperanças com o Trevor? Decido mais uma vez, fugir. Se ele estiver realmente interessado vai saber esperar.

- E aí linda! Vamos almoçar?! Que tal um japinha hoje?! - Léo fala todo sorridente. Acho ótimo assim não tenho que lidar com as duas me questionando sobre onde almoçar com sorrisinhos no rosto. Pelo menos posso falar que foi ele quem decidiu.

A hora do almoço foi ótima. Conversamos sobre tudo e sobre nada e nem sinal do Trevor. Melhor assim. Chegando na frente do nosso prédio, sinto uma mão na minha cintura e uma voz rouca em meu ouvido:

- Você pode fugir, mas não vai se esconder por muito tempo!

Minha mãe do céu! O que foi isso que me deixou completamente arrepiada? Claro, Trevor atacando novamente! Acho que ele está criando alguma voz de comando direto com o meu corpo, pois minhas pernas sempre param de funcionar quando ele chega por perto, ficam parecendo gelatina. Mas, ainda bem que durou pouco, pois ele só fala isso e sai dando aquele sorriso safadamente sexy. Agora mesmo que se eu quiser fugir não vou conseguir, pois ele percebeu que é aqui que trabalho.

O restante do dia passa calmamente, até Malu me chamar para sua sala.

- Gostaria de te pedir para visitar um cliente amanhã, para apresentação das alterações solicitadas e nova proposta de lançamento da marca. O Otávio estará fora pelo resto da semana e sei que foi você quem acompanhou este cliente, então nada mais justo.

Minha alegria é evidente pois ela sorri e completa.

- Ok, ok, não precisa me agradecer.

Minha vontade é de abraçá-la, mas seria impessoal demais.

- Desculpa Malu e agradeço a confiança que está depositando em mim.

- Não estou fazendo nada que você não mereça. Então amanhã, você vai direto para lá, já que a reunião está agendada para às 9h. Vai com seu carro e depois pede reembolso de todas as despesas, ok? Assim que chegar, venha até minha sala para falarmos sobre.

Saio da sala saltitante. Não sei do que estou mais feliz, se é pela reunião ou se é pela folga do Sr. Otário. A quem quero enganar? Claro que é pela minha conquista. Significa muito para mim, já que a agência não é tão grande e as reuniões são conduzidas diretamente pelos donos. Estou aqui a mais de um ano e já está mais do que na hora de subir alguns degraus.

À tarde fico me dedicando totalmente a reunião, fazendo últimos ajustes na apresentação, imprimindo provas e montando as peças. Faço tudo com total atenção e cuidado, pois quero tudo perfeito.

Passo a última versão da apresentação, para a Malu dar seu ok final. Depois de 30 minutos ela me responde com um: "Ok, perfeito".

Para comemorar preparo um cappuccino para mim, outro para o Léo e rolo com minha cadeira para a mesa dele, que me recebe com um sorriso lindo. Por um segundo viajo, naquela boca. Seus dentes são perfeitos e a boca bem delineada. Sua pele é bem branquinha e o cabelo em um tom quase chegando ao loiro. Seus olhos azuis são penetrantes, quando ele olha parece que me despe só com a força do olhar. O corpo parece que é forte e torneado, uma delícia de homem... Pena que é meu melhor amigo.

- Essa caneca é para mim, linda?

- Claro, para quem mais seria? – respondo desconfortada.

- Não sei, você chegou e ficou um tempo parada olhando para mim, com este seu sorriso maravilhoso...

- Só estou feliz! Malu pediu para eu ir na reunião com o cliente Cosmopolitan no lugar do Sr. Otário, ops! Sr. Otávio, acho que agora vou conseguir ver meu trabalho reconhecido. Malu sempre me deu total atenção, mas a cada mês que passa da vinda do Otávio, ela está mais distante.

- Fico muito feliz por você, linda! Você merece! - E passa as costas dos dedos em meu rosto.

Eu arregalo os olhos e ele desvia o olhar, para pegar a caneca da minha mão e erguer:

- Então vamos fazer um brinde! – batendo com sua caneca na minha.

- Mas vem cá, que história é esta de Sr. Otário?

Não contenho o riso, mas respondo:

- É só um apelido carinhoso que coloquei nele. Mas era para ser só meu... – Caímos na risada.

- Bom acho melhor voltar para minha mesa, ainda tenho muito o que fazer. Obrigada pela companhia.

- Para um café e confraternização, estou sempre à disposição.

Volto para minha mesa, rolando a cadeira e balançando a cabeça negativamente, não acreditando na rima medíocre que acabei de ouvir.

Quando chego na minha mesa, lá vem minha consciência: O que foi isso? Que momento mais fofo foi este? Será que ele sente algo por mim? N-ã-o. Ele pode ter quem ele quiser, então porque escolheria você? Pode tratar de tirar isso da sua cabeça sua louca.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Onde histórias criam vida. Descubra agora