Capítulo 20 | Anna

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- Boa noite, Sr. Otávio, já estava de saída – falo tentando transparecer uma falsa segurança.

- Para que a pressa? Vamos conversar um pouco.

- Desculpa, não poderei. Tenho um compromisso.

- Tenho certeza que vai gostar da nossa conversa...

- Sinto mesmo, mas tenho que ir. – neste momento me levanto e vou em direção a porta, mas sou impedida por uma mão que me puxa.

- Ainda não querida... Volte para seu lugar, tenho uma proposta para te fazer e não vou te deixar sair até que você me ouça. – puta que pariu, estou ferrada.

Neste momento já começo a tremer e a suar, diria que até com uma leve vontade de chorar. Minha cabeça está rodando a mil por hora, várias perguntas sem respostas assombram minha mente. Não sei o que ele quer efetivamente comigo, mas tenho certeza de que boa coisa não é. Preciso me acalmar, preciso pelo menos controlar minha respiração. Não posso me mostrar tão vulnerável a ele... Limpo a garganta, para me certificar que ela não saia tão tremula e falo:

- Será que eu podia ir até o banheiro? Estava tão compenetrada no que estava fazendo que esqueci de ir. – falo tentando ganhar um tempo.

- Sem problemas...

Então vou para o banheiro, fecho a porta e fico andando de um lado para o outro tentando controlar meu desespero. O que eu faço, meu Deus me ajude?!! Meu coração parece que quer sair pela garganta, não consigo, não consigo me controlar... Tento fazer um exercício de respiração, inspirando e espirando lentamente, cada vez mais longo e profundo, para que consiga encher meus pulmões com todo o ar que eu conseguir e a cada vez que eu espirar, levar minha tensão. Por sorte me ajuda, preciso bolar um plano, urgente.

- Anna, vai demorar muito querida? – fala enquanto bate na porta. Meu coração dá um sobressalto.

- Mais 5 segundos, por favor...

- Me fazer te esperar, não fará com que eu desista de falar com você hoje... – fala parecendo o lobo mau nas histórias infantis. Mais um arrepio sobe pelas minhas costas. Pensa, pensa, pensa... Assim que sair, tentarei pegar meu celular... Vou tentar ligar para um número de telefone e torcer para que me ouçam... Terei apenas uma chance, não sei se dará certo, mas parece o mais sensato! Ou pelo menos a única coisa que consigo pensar. Lavo meu rosto, me olho no espelho, repetindo meu mantra: "Você vai conseguir, você vai conseguir, seja forte, seja forte" e saio.

Ao sair vejo ele olhando a tela do meu celular, filho da mãe, o que ele quer com isso? Respiro fundo mais uma vez e tiro o aparelho de sua mão.

- Desculpa por te fazer esperar...

- Gostei da sua foto de plano de fundo. Parece que vocês quatro se dão muito bem, não?! – fala com um tom levemente irritado. Caralho, ele viu a foto que o Léo está quase me beijando...

- Sim nos damos muito bem!

- Todos são seus amigos? – agora emprega um pouco mais de raiva na voz.

- Sim, todos são meus amigos. – friso mais a palavra amigo, para não gerar dúvida. – Então, qual seria sua proposta? – Completo firme, olhando-o diretamente nos olhos.

- Então, creio que você já deve estar percebendo que não tenho mais vindo tanto aqui, certo?

- Sim, e?

- E estava ouvindo muita reclamação de alguns clientes, que não gostavam do atendimento da Malu e resolvi levá-los para uma empresa de um amigo meu, que até me propôs sociedade. – filho de uma mega puta, está passando o pé na própria mulher. Não respondo nada, deixo ele desenvolver o assunto.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Onde histórias criam vida. Descubra agora