Capítulo 49 | Anna

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O despertador do meu celular toca, mas não quero levantar, não tenho forças. Fico um tempo ainda deitada na cama, apenas olhando para o teto, não sei bem expressar o que estou sentindo, será que ainda estou sobre o efeito do calmante?

Ouço a batida na porta e é meu pai se certificando de que estou acordada. Respondo que sim e que já vou descer. Antes arrumo a cama, tomo um banho bem quente e relaxante. Antes de sair do banheiro, pingo mais uma gotinha salvadora no meu dedo e chupo, vou precisar de forças para tomar café da manhã e não desabar na frente dela. Se eu ainda tivesse o Léo do meu lado tudo seria diferente.

Chego até a cozinha e minha mãe já preparou a mesa. Tomo uma caneca de café com leite e como meio pão francês, foi difícil comê-lo, mas me forcei ao máximo. É estranho vê-la hoje, já vi esta cena tantas vezes, mas desta vez está diferente. Parece que quero guardar cada fragmento de segundo em minha mente, pois apesar de ser apenas uma pequena suspeita, parece que a única coisa que consigo enxergar, é que vou perdê-la. Sei que ainda é muito cedo para pensar em tudo isso, pode ter sido apenas um problema na leitura do exame, mas não consigo evitar... Isso é tão assustador.

Antes de sair dou um beijo rápido na minha mãe, não quis perder muito tempo, sou muito fraca para estas coisas. Meu pai me acompanha até o carro e pergunta se está tudo bem, então respondo:

- Claro, estou confiante de que tudo ficará bem.

- Boa menina. Não se preocupe, tudo ficará mesmo.

Ligo o carro e vou direto para a agência. Chegando lá, dou de cara com o Léo. Minhas pernas até fraquejam.

- Tudo bem, Anna?

- Ficará...

Ele me olha com ternura e eu quase desmancho.

- Léo, posso te pedir uma coisa? – pergunto com a voz tremula.

- Claro, linda! – fala enquanto passa o verso da sua mão em meu rosto. Chego até a fechar os olhos.

- Por favor, me abraça.

Ele não diz nada, apenas me abraça com força. Não quero mais chorar, acho que também já sequei por dentro. Mas um turbilhão de sensações volta com tudo, o engraçado é que apesar de não estar com o Léo, só de estar nos seus braços vou acalmando lentamente, mas ainda fica a dúvida, que dor é esta que estilhaça meu peito?

Achei que a dor que estava sentindo pelo Léo era incrivelmente forte, mas o sentimento pela minha mãe é 5 vezes maior, é como se sentisse que tivesse alguém abrindo meu peito, puxando meu coração para fora e picando-o em mil pedaços, é dilacerador. Por mais que eu tente pensar de que não será nada demais, a dor é muito grande.

Ele se afasta de mim e fala olhando no fundo dos meus olhos:

- O que foi Anna? Por que está assim? Você não estava assim ontem... – por que ele me conhece tanto?

- Está tudo... bem...

- Não, não está...

- Claro que não... Mas vai ficar... – falo e solto um sorriso fraco. Queria muito falar para ele, mas percebo que tem gente chegando. Então nos afastamos e eu sigo para minha sala e ele para sua mesa.

Depois de um bom tempo que todos chegam, vou até a mesa da Andressa e pergunto calmamente.

- Bom dia, tudo bem? Será que você poderia me enviar o relatório que te pedi? – estou sem um pingo de paciência para você, querida, então me manda agora!! Isso é o que eu tenho muita vontade de falar, só que não.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now