Capítulo 47 | Anna

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Chego em casa por volta das 8h da noite, fiquei o máximo que pude coberta de trabalho para não ter tempo para pensar em tudo. Assim que entro no apartamento, tento chamar pelo nome do Léo, mas ele não está lá... Será que ele vai me deixar sozinha nesta apartamento? Ele é tão pequeno, mas agora ele parece gigantesco... As lágrimas agora descem com uma fúria imensa, só consigo me desmanchar no chão e pedir a Deus para que eu não tenha estragado tudo.

Depois do que parece ser uma eternidade, deslizo minha mão até o bolso da calça para apanhar meu celular. Tento ligar para ele novamente, mas agora o telefone só chama. Merda ele não quer falar comigo. Resolvo enviar uma mensagem de texto, preciso pelo menos saber se ele está bem...

"Doeu demais entrar no apartamento e ver que não está aqui. Por favor, deixe-me saber se você está bem. Não precisa falar comigo, só me dê um sinal de vida."

Clico no enviar e jogo o telefone de lado, provavelmente ele vai demorar para me responder. Mas em poucos segundos ouço o toque de mensagem recebida.

"Estou meio vivo"

Meu coração quase para pela mensagem... Fiquei ligeiramente melhor por ele ter respondido tão rápido e saber que estava ao lado do telefone, como se estivéssemos perto, mesmo estando longe, mas também fez cair a ficha de que ele realmente não quer falar comigo.

Tudo bem vai, mereci isto. Agora só me resta dar espaço para ele respirar.

Quando o relógio marca 10h não aguento mais, a ansiedade e o medo me corroem, então resolvo ligar para a casa dele e tentar falar com a Dona Lourdes, espero realmente que ele esteja lá.

Ela atende o telefone no terceiro toque.

- Alô.

- Oi Dona Lourdes, é a Anna, por favor se o Léo estiver por perto, não deixe ele saber que sou eu que estou ligando.

- Tudo bem, mandei ele tomar banho agora pouco.

- Como ele está?

- Bem abatido, nunca vi meu filho assim, me cortou o coração.

Nessa hora chego até a soluçar de tanto chorar... Ouvir isto me deixou muito pior.

- Calma, minha menina... Tudo vai se acertar... Ele só precisa pensar. Ele me contou o que aconteceu, entendi o que você fez, acho que faria o mesmo, afinal sei como ele pode ser explosivo, só acho que deveria ter contado em outro momento...

- Eu-sei... – respiro fundo e continuo – Eu tentei, mas ele não me deixou falar... Então o final de semana acabou e não consegui mais tocar no assunto... Que horas ele chegou ai? A mão dele está muito machucada?

- Ele chegou por volta das 4h da tarde, cheirando a álcool e bem embriagado. O sangue da mão já estava bem seco, mas os olhos estavam bem molhados e inchados de tanto chorar.

Com esta declaração volto a chorar com mais força.

- Não se preocupe, agora ele está bem melhor. Fiz um curativo na mão dele e depois de muito conversarmos ele conseguiu acalmar. A mentira para ele pesa muito, pois o faz relembrar a família de mentirinha que ele teve até um tempo atrás, pois parece que meu marido não tinha só se relacionado com a moça que ele está hoje, parece que por muito tempo ele vivia uma vida dupla, então isso tem pesado muito na cabeça do Léo.

- Dona Lourdes, me desculpa por tudo... Não tive intenção de magoá-lo, juro que não... Eu não sei o que vou fazer se ele não me perdoar...

- Calma Anna, dê mais um tempo pare ele, talvez uma semana...

- Mas é muito tempo...

- Mas é um tempo necessário...

Oh Deus, não!!!

- Ok, obrigada Dona Lourdes... Acho melhor eu desligar...

- Fique bem, minha menina.

Desligo o telefone e fico largada na cama sem reação nenhuma durante um bom tempo. Com a cabeça vazia, tentando não pensar em nada... O nada pareceu-me menos dolorido...

Me levanto, vou até o banheiro lavar o rosto... Me olho no espelho e estou péssima, mas faço-me uma promessa, de que não vou mais chorar, preciso canalizar todo este sentimento em forças para lutar pelo Léo novamente... Preciso dormir, amanhã será um novo dia e preciso estar com uma cara melhor para poder falar com ele pessoalmente.

Tomo um banho sem vontade, visto uma camiseta usada dele, para poder sentir seu cheiro. Tento comer algo, afinal nem consegui almoçar hoje, mas a ideia de colocar algo na minha boca, me embrulha ainda mais o estômago... então tomo uma caneca de chá de camomila e me enfio debaixo das cobertas. Mas o sono não vem, viro de um lado para o outro e nada.

Droga, já são 3h da manhã e eu não consegui fechar os olhos um minuto. Então tiro a camiseta que ainda tem seu cheiro, visto meu travesseiro e abraço-o, para fingir que é ele que está do meu lado... Ainda briguei um pouco com a cama, mas enfim consegui pegar no sono.

Acordo com meu telefone tocando às 6h. Na hora em que consigo atender a ligação cai. Uma ligação da Malu, que estranho a esta hora. Ela deve estar ansiosa com alguma reunião e não consegue esperar até que eu chegue na agência. Será que devo retornar? Não aguento e ligo depois de ter ido ao banheiro. Engraçado, agora o telefone está desligado... Deve ter ficado com vergonha de ter me ligado tão cedo, ou nem percebeu que fez isso.

Bom como já está quase na hora de me arrumar, tomo um banho demorado, lavando bem minha cabeça, como se a água fosse capaz de levar meus maus pensamentos... Assim conseguirei ficar com a cabeça mais leve, para quando for falar com o Léo. Decido não tomar café em casa, não suportaria ter que fazer isso sozinha. Me troco, faço uma maquiagem leve para dar uma melhorada na minha cara, me visto com a primeira roupa que aparece na minha frente e saio.

Passo em uma padaria no caminho e compro um cappuccino e um pão de queijo para tomar na minha mesa mesmo.

Chego, como sempre a agência está vazia. Sento na minha cadeira e fico o tempo todo olhando para a porta de entrada para ver a hora que ele vai chegar... Dou pequenos goles no líquido que ainda está quente, ele desce acariciando minha garganta, o mesmo não posso dizer ao pão de queijo, pois a cada mordida, parece que ele cresce mais e mais. Resolvo deixá-lo de lado. Passados 5 minutos, ele entra e meu coração para por alguns instantes. Vem direto em direção a minha sala. Obrigada Deus por esta chance de falar com ele.

- Oi Anna...

- Oi-o-i... – Minha voz sai cortada e fraca.

- Anna... Não queria ter que dizer isso, mas preciso de um tempo...

- Oi?? – pergunto totalmente atordoada...

- Apesar de eu estar um pouco mais calmo, não consegui coordenar meus pensamentos e preciso pensar melhor sobre tudo isto...

- Não faz isso, Léo, por favor... Não acredito nesta história de dar um tempo... Vamos conversar e depois você poderá tomar a decisão que preferir...

- Desculpa, mas eu ainda estou muito confuso e sinto que se conversarmos agora, poderei falar coisas que não merecem ser ditas...

- Mas Léo... – reflito por um tempo e depois continuo - Tudo bem... Só quero que saiba que eu te amo muito...

- Eu também... – fala e sai da sala e eu desabo na minha cadeira.


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Calma, não serei tão má assim, mais tarde coloco o complemento... É que gosto de finalizar um assunto em cada capítulo... Também estou sofrendo... Não se esqueçam de votar.... Beijoooossss

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now