Capítulo 15 | Anna

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Depois de passar o resto na noite no hospital, vamos para a casa da Dani e dormimos por lá. Ela teve apenas uma luxação, não chegou a quebrá-lo, ainda bem. Resolvemos dormir todas na casa dela para dar um apoio moral.

Seus pais só descobriram depois que acordamos próximo ao meio dia, e é claro que ficam assustados. Passamos a tarde toda assistindo filmes. Tentei fugir da comida o tempo todo, cheguei até a fingir que tinha colocado algo na boca, mas depois joguei fora. Cris percebeu algo de errado e começou a prestar atenção no que eu estava ingerindo. Merda, por que as pessoas não prestam atenção nos seus próprios problemas?

Sei que hoje acabaremos por ficar aqui mesmo, sem baladas, apesar de eu estar morrendo de vontade de correr atrás do Ethan, mas... onde estão os meus planos de não me envolver emocionalmente com ninguém?

Sei que se ficarmos juntos por mais de 15 minutos, correrei grandes riscos de sentir algo a mais por ele e preciso de férias de sofrimentos que relacionamentos envolvendo sentimentos podem trazer.

A frase que seu irmão disse, fica ressoando pela minha cabeça: "é que isso não é muito usual", o que será que ele quis dizer com isso? Afasto qualquer pensamento da minha mente, sei que se continuar minha consciência trabalhará contra mim.

Domingo passo o dia na casa dos meus pais, não fazendo nada demais e mais um final de semana se acaba.

Mais uma segunda-feira começa, quase que choro ao olhar a xícara de chá. Vamos lá Anna, você tem que ser forte. Engulo como se fosse um verdadeiro veneno e acabo ficando mais irritada do que o normal.

Os dias passam sem muitas novidades. Já estamos na quinta-feira e não almocei nenhum dia com meus amigos. Acabo dizendo que trouxe comida de casa e só almoço uma gelatina light todos estes dias. Logo depois que o pessoal saiu para o almoço a Malu me chama na sala dela:

- Anna, recebi os orçamentos que você montou e encaminhei diretamente para o cliente, que rapidamente o aprovou. O problema é que o arquivo tinha vários erros, e com isso terei um prejuízo de 5.000 reais que não terei como repassar ao cliente por uma falta de atenção sua. Está acontecendo algum problema? Você nunca cometeu erros assim? – fala com um tom ríspido.

- Não Malu, só não tenho me sentido muito bem ultimamente.

- Então sugiro que você procure uma ajuda médica, pois na situação que nos encontramos aqui, não posso deixar que coisas assim aconteçam novamente. – Sinto o sangue sumir do meu rosto, acho que é um misto de indignação pelo que eu fiz e fraqueza que quase me fazem desmaiar. Ela nunca me tratou deste jeito, tudo bem que o erro que cometi é inadmissível, mas já aconteceram coisas menores do que essa e ela nunca se exaltou ao me corrigir.

- Desculpa Malu, tomarei todas as providencias para garantir que isso nunca mais aconteça. Tem algo que eu possa fazer para ajudar a resolver esta situação?

- Por enquanto não.

- Ok, obrigada por sua compreensão – digo e saio da sala praticamente me arrastando.

Me jogo na cadeira e lá fico inerte. Minha cabeça está mil, a culpa pesa cerca de 100 quilos nas minhas costas. Como pude ser tão irresponsável? Tenho pensado tanto em mim e em meus planos de colocar os homens nos seus devidos lugares, que acabei por me prejudicar profissionalmente.

E se ela resolver me dispensar por eu ter errado? Pelo jeito a situação da agência está feia e seria aproveitar um problema para resolver dois. Meu coração está disparado, mas não tenho forças para levantar e tomar um pouco d'água na tentativa de me acalmar. Minhas mãos suam frio, mas sinto um calor intenso. Como pude fazer isso? Como pude? Decido me alimentar melhor para que isso não atrapalhe no meu desempenho na empresa. Não posso correr riscos, mas confesso que não tenho forças para sair dali.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now