Capítulo 4 | Anna

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Já é quinta-feira e chegando na agência dou de cara com o Sr. Otávio, na minha cadeira espumando de raiva. As veias do seu pescoço estão saltando e os seus olhos estão vermelho. Começa a falar praticamente aos berros:

- Quer dizer que a senhorita se atreveu a visitar um dos meus melhores clientes e estragar tudo! Que petulância é essa menina? Por que você achou que poderia fazer isto, PORRA!? Está colocando tudo a perder. Conversei com eles ontem, que odiaram sua apresentação, nós estávamos praticamente perdendo o cliente, mas consegui intervir a tempo e reverter esta história!

- Sinto muito, mas foi a Malu quem me pediu para que eu fosse na reunião em seu lugar, visto que estaria fora o restante da semana! Não fiz nada sem a aprovação de ninguém.... – Ele me interrompe bruscamente.

- A Sra. Maria Luiza não tem nada a ver com isso. Sou eu que mando em você, ok? Está me ouvindo? Eu-que-mando-em-você. – Espuma e aperta bem forte um dos meus braços.

Nesta hora a Malu entra na sala e eu não consigo me mexer, nem esboçar reação alguma.

- Está tudo bem aqui? Posso saber o que está acontecendo?

- Meu amor, você já chegou? Que saudades! Antecipei minha volta e vim direto da viagem para cá, para adiantar alguns projetos. Achei que viria mais tarde. Muito bom, assim podemos conversar no seu escritório. Vamos lá? – ele a pega pelo braço delicadamente e a conduz para a sala, mas antes me lança um olhar desafiador.

O que foi isso? Sento na minha cadeira totalmente em ruínas, tremendo muito. O que eu fiz de tão errado? Só estava cumprindo ordens e o sr. Alex estava bem contente, demonstrando que tinha gostado de tudo que foi apresentado.

Não acredito que ele estava mentindo? E por quê? Minha vontade é de sumir dali, mas não tenho forças. Ao invés disso preparo uma caneca de cappuccino quentinho, sento e fico olhando para o nada.

Pego a caneca com as duas mãos, para aquecer meus dedos gelados e trêmulos pelo nervoso, a aproximo da boca, mas não tomo, fico apenas inalando por alguns minutos. Quando o engulo, o líquido desce lentamente pela garganta e eu sinto como se ele estivesse me reconfortando, me aquecendo. Ele sempre funciona como um calmante.

Mesmo assim não consigo conter uma lágrima que insiste em cair. Minha cabeça fica vazia por alguns instantes, sem emoção, sem pensamentos, sabe quando você parece que não faz parte daquele corpo? Como se fosse uma caixa vazia? Balanço minha cabeça para voltar a razão. Não posso ser fraca a este ponto. Não posso deixar que este imbecil tenha tanto poder sobre mim.

Neste momento Léo chega e vê minha cara de vazio, no mesmo instante ele joga suas coisas na mesa e corre para a minha.

- O que foi linda? O que aconteceu? Quem fez isso com você? Foi aquele Trevor filho de uma puta? Vou acabar com a raça daquele maldito.

- Não, não! Foi o sr. Otávio – respondo quase sem força.

- Mas como??? Ele não estaria fora a semana toda? Foi por telefone?

- Não quando cheguei ele estava na minha mesa e aos gritos disse que quase fiz ele perder a Cosmopolitan. Não sei o que fiz de errado. Estava tudo tão bem ontem.

- Ele está aqui?

- Sim, ele chegou primeiro e logo depois a Malu veio, bem na hora que ele estava apertando meu braço.

- Nossa esse vergão foi ele quem fez? Isso não pode ficar assim, podemos ir para a delegacia, prestar uma queixa por assédio moral e ele ainda está atacando sua integridade física.

WAKE ME UP  | ONE (Disponível 01/09)Where stories live. Discover now