Capítulo 10

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Thomas

   A dor no rosto de Lily quando eu disse "não" fez meu estômago revirar, e quase voltei atrás. Mas obviamente ela tentou disfarçar fingindo desinteresse.

   Eu era um idiota. Eu nutria um sentindo por Amanda que provavelmente estava cagando pra mim agora. Na verdade, ela nem deve estar pensando em mim. Deve estar trepando com o Carlos.

   Não era um sentimento profundo, tipo, não era amor, e nem afeição. Mas eu tive uma história com ela, e não é algo que você simplesmente esquece e deixa para lá. Você se lembra dos bons momentos...

   Mas estou em constante trabalho para tirar essa garota da minha cabeça, já tenho problemas o suficiente.

   Ficou um clima estranho depois daquilo, então falei com Lily que eu ia para casa, ela não fez muito caso, e despediu de mim apenas com um sorriso forçado.

-Apenas, tome cuidado, ok? -Ela falou.

   Eu concordei com a cabeça e fui para o ponto de ônibus.

   No caminho para casa fiquei pensando no que Tyler estaria fazendo. Eu o tinha deixado na casa de um amigo da escola que ele gostava muito, o Rafael, que eu já conhecia e conhecia a mãe dele também, Raquel. Combinei com ela e ele passaria o fim de semana lá. Raquel ia trazê-lo para casa só domingo à noite.

   Eu jamais deixaria Tyler em casa sozinho com meu pai. Não cometeria esse erro novamente. Mas havia um problema nisso. Eu que teria de ficar sozinho com meu pai em casa.

   Tudo bem, ele na maioria das vezes estava bêbado demais para me incomodar, o quarto ficava com a porta fechada, e eu podia escutar música alta e fumar meus cigarros tranquilamente. Mas enfim, era uma situação desconfortável.

   Chegando em casa, meu pai estava ouvindo rádio alto demais, olhou para mim e apenas falou:

-Se quiser comida, tem na geladeira.

   Fiz que sim com a cabeça e segui para o quarto.

   Me joguei na cama, peguei o celular, botei os fones e música no volume máximo. Mandei uma mensagem para Lily.

"Cheguei em casa. Estou vivo."

   Ela não demorou visualizar, nem responder. Sorri para mim mesmo.

"Que bom. Ia ser um saco ter que ir no seu velório."

"Ia ser mais complicado ainda a apresentação do trabalho de história." Respondi.

"No final da apresentação, eu apenas diria: 'Ele deu a vida o fazendo.' "

   Eu ri. Então não enviei mais mensagens porque não sabia o que dizer. Mas Lily me mandou.

"Você vai na tal resenha do Fruta?"

"Você sabe que eu só vou se você for. Sou o novato e você é a minha amiga mais próxima, para não dizer a única."

"Dramático. Catarina é sua amiga, e tem outras pessoas talvez querendo fazer amizade, você que não dá chance."

"Catarina, para todos os efeitos, é gentil. E é verdade, sou antissocial e incompreendido. Me deixa."

"Dramático, again. Então, se eu for, você topa?"

"Claro."

"Combinado."

   Ela se despediu com um coração, eu mandei outro de volta. Meu Deus, somos tão gays.


Uma vida vazia [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora