Capítulo 11

774 61 8
                                    


   A semana da resenha do Fruta era uma daquelas que passam devagar e rápido demais ao mesmo tempo. Havia dias que eu estava bem com Thomas, fumávamos no estacionamento, ficávamos conversando, mas havia dias que eu acordava com raiva, e muito estressada e eu preferia ficar longe dele.

   Ele ainda estava começando a entender meu temperamento. Nos dias que eu estava estressada eu torcia para ele vir falar comigo, mas se ele falasse eu dava uma resposta grossa, porque, quase sempre, não era o que eu queria ouvir dele.

   Eu também estava me segurando pra não desabafar com Catarina sobre como eu me sentia a respeito de Thomas, porque eu queria conselhos, mas não queria que ela soubesse do mundinho que eu e ele estávamos criando. Havia coisas só nossas ali.

   Era sexta, dia da resenha, estávamos na escola, e era hora do recreio.

- Nosso trabalho de história ficou foda. -Disse Thomas enquanto tentava acender o cigarro, porém estava ventando muito.

   Apenas concordei com a cabeça. Acho que era um dia ruim.

- Vai na resenha hoje, né? -Thomas perguntou e mais uma vez só balancei a cabeça, confirmando.

   Thomas suspirou. E tentou mais uma vez:

- Como você vai? Alguém vai te dar carona?

- Não pensei nisso direito. Acho que eu vou com a Catarina e o Breno, mas nem cheguei a falar com eles.

- Você quer ir junto comigo de Uber, ônibus ou sei lá? Sabe, pra não ter que ir sozinha.

- Não. Você vai junto comigo e a Catarina. O Breno tem carro. Melhor do que ir de ônibus.

   Ele concordou.

- Certo. Se ficar muito tarde, se importa de eu dormir na sua casa? Meu pai me mata se eu chegar de madrugada. Seus pais se importam?

   Franzi o rosto, meio surpresa, mas depois relaxei. Acho que se tornou um dia bom.

- Não, nenhum problema. Meus pais nunca estão em casa.

***

   Catarina chegou às 21h lá em casa. Avisei para os meus pais que ia sair com ela no fim de semana, e que ia dormir na casa dela. Não diria que foi mentira, e sim uma meia verdade.

   Eu passei o dia me perguntando o que eu iria vestir, odiava ter que pensar muito nisso, mas fazer o que, eu queria causar uma boa impressão, não saia muito de casa.

   Acabei optando pelo básico. Estava frio, o que era ótimo, sem braços ou pernas expostos. Calça preta, botas coturnos, jaqueta de couro e um blusa xadrez vermelha por baixo, para ficar mais gótica suave. Nunca fui muito fã de maquiagem, curtia quando passava, me sentia bonita, mas artificial, e sem falar que não tenho paciência. Então passei apenas uma base e um pouco de rímel. Fiquei em dúvida se passava ou não batom. Por um momento considerei a possibilidade de Thomas me beijar e ficarmos borrados, então eu ri de tão impossível que era, e passei.

   Depois que Catarina me buscou, passamos na casa de Thomas, e eu odeio dar uma de imbecil apaixonada, mas meu coração bateu mais forte quando vi ele. PORRA, QUE MENINO LINDO! Ele usava jaqueta de couro e coturno (igual eu!) e touca, que deixava ele fofo, dando contraste do quão gostoso ele ficava com aquela jaqueta.

- Vocês por acaso combinaram de usar as mesmas roupas? -Perguntou Catarina.

   Apenas neguei, e abaixei a cabeça para esconder meu sorriso de orelha a orelha.

   Antes dele entrar no carro, Catarina me chamou para perto dela e disse no meu ouvido: "Parece que ele foi feito sob medida pra você."

   Segurei para não rir do quão idiota este "sob medida" soava. Ele era magrelo, eu era um batata. Mas fiquei quieta, permiti me sentir bem com esse comentário e curtir a noite.



Uma vida vazia [COMPLETO]Where stories live. Discover now