Capítulo 14

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Fiquei olhando Thomas e aquela garota por um momento, sem saber o que fazer. Até que meu olhar encontrou o dele, e ele acenou para eu ir lá.

-Oi. -Eu disse cumprimentando a garota.

A garota apenas me olhou e deu um sorriso amarelo.

Eu estava em pé, então Thomas arredou para o lado, e eu me sentei entre eles. Ficou um clima desconfortável, pois o sofá era apertado, e eu não queria ficar mais para o lado da garota, nem mais para o lado de Thomas. Já ia sair, mas a garota fez esse trabalho por mim. Ela bufou e saiu, como se estivesse com raiva de mim.

-O que acabou de acontecer? -Perguntei.

-Sei lá, deve ter ficado com raiva de me ver com você.

Corei.

-Mas por quê?

-Eu disse que não estava afim de ficar com ela, só isso.

-Tá. Mas e eu com isso?

Só depois que eu falei aquilo que percebi o qual rude foi. Fechei a boca na mesma hora. Thomas abriu a boca pra responder, e ficou com ela aberta por um tempo, depois a fechou, e riu, e colocou a mão na nuca, passando os dedos pelo cabelo (a touca que ele usava já havia se perdido, sendo pega por algum bêbado), o que era um gesto que eu achava tão fofo e ao mesmo tempo tão excitante... Era impressão minha ou ele tinha ficado um pouco vermelho nas bochechas?

De repente, começou a tocar música boa. Uma menina que era uma ficante mais regular barra quase namorada do Fruta tinha assumido a bancada de som, e parecia ter um gosto musical melhor.

Era sempre assim, no final da festa começam as melhores músicas. Então, algumas pessoas saíram da pista, mas outras entraram.

Eu era meio tímida, mas também achava um desperdício não aproveitar boa música.

-Vamos dançar. -Puxei Thomas pelo braço.

-Eu não quero.

-Não seja um estraga prazeres! Estão começando a tocar música boa. - Fiz o meu melhor bico pidão mais uma carinha fofa. Era inevitável, Thomas estava sorrindo.

-Acho que você já está bêbada.

-Não tô, não. Bebi pouquinho. Estou em plena e sã consciência.

-Aham, tá. -Ele disse como se não valesse a pena discutir comigo. -Não sei dançar direito, tenho vergonha, sei lá.

Revirei os olhos. E insisti mais um pouco.

-Vai lá dançar, e se eu me sentir tentado, eu vou. -Thomas disse por fim.

-Tentado pela música ou por mim?- Falei e não percebi as palavras saindo. Fui para o centro da sala dançar com Catarina e suas amigas antes que ele tivesse tempo de responder.

Eu dancei, dancei muito. Meus pés doíam, mas a sensação era tão boa. Eu mal conhecia aquelas garotas, além da Catarina, mas me sentia parte de alguma coisa cantando e dançando com elas. Era uma sensação incrível.

A sala já estava fora de foco, as luzes me deixavam tonta porém de uma maneira eletrizante. De repente tudo parecia muito engraçado e eu não conseguia parar de sorrir. E estava com sede, sede de mais vodca, com certeza.

Fui pegar mais bebida na geladeira, Thomas chegou junto para pegar mais também.

-Quem diria, que aquela garota marrenta do meu primeiro dia de aula, ia estar se soltando na pista de dança assim na minha frente, hein? -Comentou Thomas, colocando mais vodca para mim, junto com suco de maracujá.

-O que posso dizer? Sou cheia de surpresas. -Disse dando de ombros, e depois comecei a rir. Tudo parecia muito extremamente engraçado. Thomas sorriu.

-Pega mais leve na bebida, tá?

Não deu tempo de responder. Começou a tocar Worth It da Fifth Harmony, e só lembro de ter virado o copo de vodca num gole só, e ter saído gritando "Essa é a minha música!", e então estava com as garotas dançando, rebolando, rebolando até o chão! Para ser sincera, nunca me senti tão bem comigo mesmo. Livre. E por incrível que pareça, também me sentia sensual.

De repente senti alguém cutucar meu ombro, me virei e dei de cara com Thomas.

-Eu falei que vinha se tivesse me sentido tentado. Não disse pelo o quê...

Sorri para ele.

Ele ainda estava meio travado, então dancei mais perto dele, segurei sua mão, tentei fazê-lo se soltar. Ele definitivamente estava dançando, até que bem, mas estava tenso. Então cheguei mais perto, e comecei a passar as minhas mãos em torno dele, desci até perto das pernas, tracei suas costas. Seus olhos estavam fechados, ele continuava dançando, bem na vibe da música, curtindo o momento. Estava muito calor, coloquei meu cabelo de lado, deixando meu pescoço a mostra, e me virei de costas para Thomas. Ele dançava e se mexia atrás de mim. Sentia sua respiração no meu pescoço, senti um leve toque na minha cintura, sua mão pousava delicadamente ali. Nos mexíamos no ritmo da música. Eu estava surtando no meu consciente, mas tudo estava meio embaçado. Eu sorria muito, tenho certeza.

Achei que estariam olhando a gente, tirando sarro de nós dois juntos. Porém estavam muito ocupados também curtindo o momento dançando. A pista estava lotada. Apenas Catarina que me encarava com aquele olhar, porque amigas são assim. Mas não liguei, me foquei na respiração de Thomas cada vez mais perto do meu pescoço. Agora suas duas mãos apertavam ainda mais minha cintura, e estávamos colados um num outro. Eu sentia seu abdômen nas minhas costas, e talvez ele estivesse excitado, ou eu que estivesse, ou nós dois; eu não me lembro, mas gostei da sensação de ter ele tão perto de mim, devagar, cada vez mais perto.

Quando seus lábios roçaram o meu pescoço, trocaram a música, e parece que a realidade caiu. Ele se afastou, mas ainda havia borboletas no meu estômago e minha respiração estava incontrolável, mas meu coração caiu. Ele podia ter continuado, eu não me importava...

Eu me virei para Thomas, ele também estava suado, seu cabelo grudava no seu rosto, e ele estava bem vermelho, num contraste com sua pele pálida. Novamente, outra coisa que acho super fofa e ao mesmo tempo sensual. Ele parecia sem graça.

-Preciso ir ao banheiro. Já volto.

E saiu.

Uma vida vazia [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora