Capítulo 38

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Eu estava nervosa quando fui para a escola na segunda. Não só por encontrar Thomas, pois estava realmente preocupada com ele após as conversas que tive com Catarina sobre nossa saúde mental, mas sim pelo fato que após a escola, provavelmente no período da noite ainda, terei que ter a primeira conversa com meus pais sobre como me sinto e isso me deixou extremamente ansiosa. Durante o percurso do ônibus, troquei algumas mensagens com Catarina e ela me recomendou alguns exercícios de respiração. Não sei se adiantou muita coisa, mas fiz mesmo assim.

Eu já havia planejado o que dizer. Não ia falar muito. Apenas um "Gostaria de ir no psicólogo. Não que eu esteja com algum problema, apenas quero cuidar da minha saúde psicológica, assim como a física." O que parecia muito convincente para mim, mas como pais, eles definitivamente iam fazer mais perguntas.

Falei para mim mesma tentar se concentrar na aula para evitar os problemas recentes, visto que já estava com uma corda no pescoço em relação a notas, ficar perto de Thomas e Catarina, lançar olhares de morte para Breno, tentar não vomitar meu coração para fora. Parecia um bom planejamento do dia para mim.

No entanto, todo esse meu plano foi por água abaixo quando percebi que Thomas não havia chegado no primeiro horário, nem no segundo. Catarina percebeu a minha inquietação.

-Ei Lily, fica tranquila. Ele só não deve estar no clima para vir na aula. Cansado do fim de semana, ou perdeu o horário. 

Catarina não fazia ideia. 

-Vou mandar uma mensagem para ele perguntando o porquê. Sabe, só no caso dele querer a matéria de hoje.

-Sei. -Catarina lançou aquele olhar e revirou os olhos.

No recreio eu me senti ainda mais deslocada, mas dessa vez, Catarina estava deslocada comigo, porque pela primeira vez em muito tempo, ela não estava andando com o pessoal do terceiro ano. Claro que ela tinha amigos lá; ela estava sempre conversando com a Bruna, ficante séria do Fruta, porém Bruna também estava sempre conversando com Laís, da qual Catarina não ia muito com a cara (e nem eu!) então preferimos ficar longe, pois infelizmente, a maioria dos seus laços com aquele pessoal era devido ao Breno, e ela e Breno não estavam mais juntos. E estava bem claro quem seria a rejeitada se tentasse entrar na rodinha.

Então apenas ficamos andando pela escola, e conversando. Ela me lembrou de falar com meus pais assim que possível, pois ela já havia avisado os dela, e sua terapia começava semana que vem, mas já iria numa reunião da AMF (Associação das Mulheres Fortes) no domingo, porém disse que queria ir sozinha nessa primeira vez para ver se realmente valia a pena. Concordei e pedi que ela me contasse tudo depois.

Também conversamos sobre assuntos leves e coisas que nunca fiquei sabendo sobre o pessoal do terceiro ano. Por exemplo, o nome verdadeiro do Fruta é João Vitor, e um dos sobrenomes dele é Amora, e dai que vem o apelido. Eu ia morrer sem saber disso! Também me contou o quanto ela fica chateada de ver uma garota tão legal como a Bruna ficar com ele. Pelo que ela sabe, o Fruta não fez nada de errado e não chega a ser um babaca, só é muito infantil às vezes e não está afim de relacionamento sério, e a Bru é apaixonada por ele. Isso também me fez ficar triste, porque é fácil de se identificar. 

Porém a coisa que eu fiquei mais intrigada foi o fato dela ter mencionado uma tal de Amanda Carvalho.

-Sabia que Thomas me perguntou dela? Você conhece?

Dei de ombros e neguei com a cabeça. Não fazia ideia. Porém não ousei fazer mais perguntas, não queria demonstrar que havia um pouquinho de ciúmes em mim.

-Bem, ele também perguntou se a Laís conhece ela. Sei lá, sei que Thomas é legal, mas achei suspeito.

-Obrigada por plantar a sementinha da dúvida na minha cabeça, Cat. Agora sim, eu posso realmente infartar de ansiedade.

Uma vida vazia [COMPLETO]Where stories live. Discover now