Capítulo 13

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Todos finalmente me acharam, e ficaram me encarando, esperando eu fazer algo. Até que depois de um tempo um corajoso gritou "CANTA AE!" e começou o coro.

-Tudo bem, tudo bem. Eu canto!

Várias palmas. Catarina chegou no meu ouvido e disse "aquela música viu?". Assenti.

-Eu vou cantar uma música que já está na minha cabeça há um bom tempo. Não sei se vocês conhecem, mas vamos lá. O nome é Don't Let Me Down, do The Chainsmokers com a Daya.

Eu comecei a cantar meio insegura, porém logo fui pegando o jeito e até me permiti me mexer um pouco. 

Eu ia cantar só o primeiro verso, mas Thomas parece que deu a louca depois do início da música, e como tinha um teclado perto da bancada do DJ ele começou a tocar no ritmo também, então cantei a canção completa. 

As pessoas foram à loucura. Foi incrível, ficou realmente bom! E eu me sentia capaz de fazer qualquer coisa, tanto é que quando a música acabou quase me taquei em cima do Thomas e o beijei. Mas acabei só dando um abraço meio sem jeito.

-Na próxima festa chamaremos vocês dois para tocar. Pode deixar! - Falou o Fruta no microfone.

Rimos e a festa continuou, e depois várias pessoas vieram falar comigo. 

-Caramba, você canta muito bem! -Disse uma das amigas da Catarina.

-Eu falei. -Se gabou Catarina de mim.

-É, ela canta bem, mas esse aqui toca muito bem também. -Falou a garota bonita que tinha perguntado se nós namorávamos, tocando seus braços, claramente dando em cima dele.

-Obrigado. -Disse Thomas meio sem jeito. -Sabe como é né, uma voz tão linda não deveria ficar sem acompanhamento musical. Apesar da sua ser tão boa que nem precisa.

Eu me permiti dar um sorriso. Ele sorriu de volta.

Thomas disse que ia pegar algo para beber e saiu da rodinha das meninas, e ai começaram os gritinhos e braços me sacudindo e me puxando. Eu fiquei mais perdida que cego em tiroteio, mas reconheci aquela reação das garotas, e significa "AAAAAAAAAA MEU DEUS ALGO INCRÍVEL ACONTECEU E TEM A VER COM SEU CRUSH!!!".

-Gente, parem, vocês estão assustando ela.-Disse Catarina, mas rindo da minha cara ao mesmo tempo.

-Gente, pra quê isso tudo? O que aconteceu? -Perguntei.

-Ai meu Deus, ela é lerdinha assim mesmo? -Perguntou uma garota revirando os olhos.

-Ah, gente, acho que ela não percebeu, dá um desconto. -Disse outra menina.

-Lily, se prepara. Eu sei que você vai ficar assustada com essa primeira informação, mas você gosta do Thomas, tipo muito. Não adianta negar, só cego não nota, no caso você e ele.

Eu já ia abrir a boca e ficar na defensiva. Mas ela me cortou.

-Ainda não acabei. O melhor de tudo é que ele tá caidinho por você também. Ao ponto de babar, sério. Se você pudesse ter visto como ele te olhava enquanto você cantava, acho que se jogaria em cima dele.

-Estou considerando esta opção. -Só depois que as palavras saíram da minha boca que ouvi o que realmente tinha dito em voz alta. E quando percebi Thomas estava atrás de mim, segurando dois copos, e as meninas estavam rindo da situação.

-Considerando qual opção? -Disse ele me dando um copo de coca com vodca.

Eu estava vermelha e me deu branco para qualquer desculpa que eu pudesse arrumar. Catarina salvou minha pele.

-Considerando fazer faculdade de Música. Estávamos falando de faculdade.

Concordei com a cabeça.

-Legal, também tenho vontade de cursar Música.

E logo depois as meninas se dispersaram e voltamos a nos sentar no sofá. Ficamos conversando ali, e algo estranho estava acontecendo. Eu sentia olhares sobre mim, como se estivessem me encarando. Olhei em volta, e tinham sim pessoas fazendo isso, só que era diferente dessa vez. Eram garotos. E se tinha uma coisa que eu não sabia lidar era olhares de garotos, principalmente daqueles grupinhos.

Então não demorou muito para chegar um menino perto de mim, e eu não sabia o que fazer. Não queria ser grossa, mas também não queria dar a entender que estava dando mole. Tentei ser amigável. 

-E ai? Você é a Lilian, né? -Disse ele se sentando ao meu lado. Ele era alto e forte, com a pele negra e com um corte de cabelo baixo, um sorriso simpático, do tipo de quem tem o dom da lábia. Era bonito.

-Sim. Você é...?

-Gustavo. -Ele estendeu a mão, e eu apertei e sorri. -Você canta muito bem, sério. Vocês dois arrasaram. -Disse ele tentando incluir Thomas na conversa.

Então agradecemos. Ele perguntou se eu queria ir na cozinha pegar uma bebida com ele, disse que tudo bem, e falei para Thomas me esperar aqui. Ele apenas assentiu, e ficou olhando para o copo meio quieto, depois retirou o celular do bolso e começou a mexer.

-O que você gosta? -Perguntou Gustavo.

-Coca-cola com um pouco de vodca para mim tá bom.

-Certo. -Disse ele preparando. -Você e aquele garoto são bem colados. Namoram?

Eu sabia que era uma pergunta retórica. Obviamente eu não namorava Thomas, caso contrário, eu não estaria na cozinha com outro garoto pegando bebidas. (ok, esse pensamento foi meio machista, mas foi o que veio na minha cabeça na hora).

Apenas neguei com a cabeça.

-Que bom. -Falou Gustavo me entregando o copo com a bebida. -Porque você é muito linda. -Ele pegou uma mecha do meu cabelo e colocou de lado.

Eu estava sentindo um nervosismo extremo, eu queria beijar, só que não ele. Então eu apenas me afastei quando ele tentou isso.

Gustavo não ficou frustrado, apenas abaixou a cabeça e disse:

-Mas você queria, não é? Digo, namorar com ele.

Fiquei calada. Falar as palavras em voz alta trariam a realidade da coisa.

-Olha, desculpa, eu não... -Comecei.

-Ei, não precisa se desculpar. Eu entendo isso, na boa, não é pecado gostar de alguém. -Disse ele apertando minha mão.

- Valeu. Você é muito legal, sério.

Ele sorriu e voltou para os amigos dele. Eu ia voltar para Thomas, mas quando vi, lá estava ele no sofá, conversando com a garota de cabelo cacheado que deu em cima dele.



Uma vida vazia [COMPLETO]Where stories live. Discover now