Capítulo 33

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Eu nunca havia ficado tão excitada na vida. Thomas sabia o que estava fazendo. 

Quando as coisas começaram a esquentar no terraço, sugeri que descêssemos até o meu quarto.

Ele beijava o meu pescoço e dava alguns chupões que eu sabia que deixariam marcas depois, mas eu não estava nem ai. Estávamos na minha cama, com Thomas sobre mim. Estava tudo meio borrado, mas ainda estávamos vestidos, e isso me deixou frustrada. Eu queria mais. Precisava dele mais perto de mim.

No entanto, quando levantei a bainha de sua blusa para finalmente tirá-la, ele hesitou por um momento.

-O que foi? -Perguntei, respirando com dificuldade.

-Só acho que estamos indo rápido demais. -Thomas disse saindo de cima de mim e deitando do meu lado. 

-Geralmente eu que diria essa frase, mas tudo bem. -Me virei para ele e dei um selinho. No fundo eu concordava. Vamos com calma. Temos muita coisa para resolver.

-Acho que posso te ajudar com uma coisa. 

-O quê?

-Estudar. Vamos estudar. Todo dia de manhã posso te ajudar a estudar.

-Você não pode matar todas as aulas! Sem falar que Catarina vai suspeitar de algo.

Thomas suspirou.

-Eu só não estou muito afim de ir na escola no momento, mas você tem razão. Porém ainda temos hoje. -Ele se levantou e me estendeu a mão. -Vamos lá, ainda está cedo. Vamos estudar.

-Ah não.

-Ah sim. -Ele disse me pegando e eu deixei. -Te dou uma recompensa depois que você arrasar nas provas. -Ele falou isso no meu ouvido, me fazendo arrepiar.

-Ok, só vou estudar porque quero muito saber qual é essa recompensa. -Disse dando sorriso malicioso. -Espero que saiba a matéria de física.

***

Os três dias passaram mais rápido que o normal, com eu estudando freneticamente, fazendo tarefas de casa e aguentando os gritos da minha mãe. Não ousei assistir nenhuma série ou filme, no meu tempo livre ficava vendo alguns vídeos no youtube, a grande parte deles eram vídeo aulas ou vídeos de cachorrinhos fofos para me distrair um pouco e não enlouquecer.

Não conversei mais com Catarina, nem Thomas depois disso. Eu só iria ver quando voltasse para escola, que no caso, era hoje. E também iria fazer as temidas provas. Eu tinha muita coisa para resolver.

A primeira coisa que eu fiz foi ir para a diretoria fazer as avaliações. 

Fazer aquelas provas com a diretora lá me fiscalizando me deixou um pouco nervosa, mas ela manteve uma distância que respeitou meu espaço e coloquei na minha cabeça que eu não tinha outra escolha a não ser ir muito bem, e depois de quase 5 horas fazendo aquele simulado enorme, e o sinal para ir embora quase tocando, eu acabei. Eu tinha muitas dúvidas em certas questões, mas acredito que fui bem, eu espero. 

Também não me dei ao luxo de ficar preocupada (depois, eu sabia que eu ia ficar muito preocupada, à noite, quando eu tentaria dormir), mas agora eu precisava alcançar a Catarina para conversar com ela.

Thomas prometeu que ia segurar ela no nosso ponto de ônibus para a gente conversar.

Chegando lá, Thomas já havia ido embora, o que me deixou decepcionada, mas Catarina estava lá. Me esperando, com um bico enorme, seus cabelos, da cor castanho claro pareciam ainda mais claros com o sol do meio dia batendo, quase loiros, e seus olhos ainda mais verdes e intensos. E isso a deixava assustadoramente bela.

-Eu não sei porque Thomas me arrastou para cá. Não podia me contar isso por telefone?

-Também senti sua falta. -Respondi ironicamente.

-Vem cá, sua boba. -Ela me puxou para um abraço carinhoso. -Não dá esse susto na gente de novo.

-Me desculpa, as coisas ficaram complicadas...

Nos sentamos no ponto de ônibus, e eu contei tudo sobre minhas notas para ela, não consegui evitar o choro, quanto mais eu falava mais eu me sentia culpada. Catarina me ouviu calada, o tempo todo.

-Eu só não entendo porque não me contou antes. Eu sou sua amiga. Eu poderia te ajudar estudando, uma ajudando a outra. Não precisava se meter nisso. E tudo bem, mesmo se você tivesse me contado sobre, eu teria dito que não. Não acho certo.

Eu vi o olhar de reprovação de Catarina, mas no fundo estava aliviada, ela não estava magoada ou com raiva de mim, apenas me dando uma bronca de amiga.

-Eu me arrependo muito do que fiz, Catarina, sério. Mas eu estudei muito, e acho que fui bem, sério.

-Ok, Lily, eu sei. Não faz essa carinha pra mim que agora é você que está quebrando meu coração. Você está chorando tanto ultimamente. -Ela enxugou meu rosto e me abraçou.

-Me desculpa, é só que eu não sei o que tem acontecido comigo esses dias. Eu tô um lixo, por dentro e por fora.

-Não fala assim, você é linda, incrível, talentosa e inteligente, pois sei que arrasou muito nas provas, mesmo eu só descobrindo isso agora. Acredito muito em você, Lily, mais do que você em si mesma. -Soltei um leve suspiro, não estando muito convencida disso. Minha autoestima nunca foi lá essas coisas, diferente de Catarina, ou até mesmo de Dave. -Ok, frases motivacionais tiradas do Facebook não iram ajudar muito pelo visto. Que tal eu dormir na sua casa hoje? Nós podemos desabafar, chorar, estudar, você de qualquer forma precisa da matéria perdida, não é? Ver um filme depois, ou talvez me contar o que está rolando entre você e o Thomas e porque ele anda sabendo tudo antes de mim. -Ela fez uma carinha, mas sabia que não estava magoada. -Eu também preciso te falar umas coisas...

Catarina de repente ficou séria, mais do que o normal, o que me preocupou um pouco. Mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa meu ônibus passou e eu me apressei em dar o sinal.

-Tudo bem, vamos então. O ônibus chegou. Você só vai ter que encarar minha mãe.




Uma vida vazia [COMPLETO]Where stories live. Discover now