Capítulo 44

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Thomas chegou no portão da minha casa às 19h em ponto. Estava boquiaberto olhando de mim para Catarina e de Catarina para mim. Ele estava sem palavras. Não consegui conter o sorriso. Eu estava me sentindo super gata e com uma ótima autoestima para essa noite, com minha nova franja e uma super maquiagem que Catarina havia feito em mim.   

-Tira uma foto, garoto! Dura mais. -Disse Catarina já voltando para dentro de casa e me deixando a sós com Thomas no portão.

-Vocês estão lindas, meu Deus... Lily, sua franja...

-Obrigada, você não está nada mal também.  -Sorri ao responder, olhando para ele de cima a baixo. 

Como uma roupa e uma maquiagem faz a gente se sentir poderosa de vez em quando... Catarina havia me obrigado a colocar um vestido preto colado no corpo que eu tinha, porém só usava com jaqueta, bota e meia calça. Agora tudo que eu usava era o vestido e uma bota coturno de salto. Eu me sentia a Isabelle de Shadowhunters, mesmo estando longe de ter aquele corpo. Mas eu poderia ter a atitude, certo?

Ele só engoliu em seco, nem respondeu. Na verdade, ele estava longe de mal, nem bom, ele estava mais do que bom. A roupa que ele usava era simples, mas caia tão bem nele... Calça jeans rasgada, all star preto, blusa preta básica (quase que um uniforme para ele) e um casaco xadrez vermelho por cima. 

Entramos em casa e Catarina estava com uma garrafa de Jack Daniel's na mão. Uma garrafa que era do meu pai. Quase infartei.

-Catarina, aonde você pegou isso? É do meu pai! Guarda! 

-Estava escondido lá no terraço. Vamos tomar só um shot cada um, para esquentar. Ele nem vai perceber. Relaxa.

E antes que eu pudesse protestar mais, Catarina já havia despejado um pouco do conteúdo em três copos lagoinha. Que chique.

-Onde vamos? -Thomas perguntou fazendo careta, logo depois do shot. Eu só ouvi, porque meus olhos ainda estavam fechados absorvendo o álcool. 

-Caramba, vocês são fracos. Por favor, não morram e não bebam muito mais que isso, pois estou responsável por vocês e vocês são menores de 18.

Eu e Thomas concordamos.

-Vamos numa balada de um conhecido meu. Não é muito longe daqui não. É no caminho para o centro. Já conversei com meu amigo que trabalha lá e deixou a gente entrar, contanto que a gente se comporte. 

- Por favor, não me diga que lá é balada de hétero top e que só toca sertanejo. -Comentei.

- Não. Lá toca as musiquinhas internacionais que vocês gostam, relaxa. Toca um pouco de tudo.

-Acho bom...Então vamos, o que estamos esperando?

***

O Uber de ida e volta não sairia caro para nós três. Minha preocupação era o dinheiro. Mas Catarina falou que era open bar, que só pagávamos a entrada e o que comeríamos, então fiquei tranquila.

-Por favor, se controlem. Quando é open bar, nós tendemos a perder o controle. Não me deem trabalho. -Era a vigésima vez que Catarina falava aquilo para mim e para o Thomas e concordávamos igual duas crianças. Thomas tentou tranquilizá-la, dizendo que tinha uma carteira de identidade falsa, caso desse problema, mas não foi de muita ajuda. Saí do Uber pensando o que o motorista pensava dessa "juventude de hoje em dia".

Entramos sem problema na balada. Não pediram nossa identidade. Apenas pagamos. Catarina cuidou de tudo, afinal. 

O ambiente lá dentro era legal, tinha ar condicionado, umas luzes roxas e azuis, as músicas não eram insuportáveis. Eu poderia conviver com aquilo, mas ainda estava muito vazio por ser cedo, então apenas nos sentamos em uns banquinhos que havia perto do bar e pegamos nossas primeiras bebidas. Era uma mistura doce, de guaraná, açaí e uma leve queimação no final que me lembrava vodca, mas era tão pouco que nem parecia.

-Tem certeza que isso tem álcool, Cat? Sinto que estou tomando refri.

-Vai nessa Lily. Depois dá PT.

-Desse mal eu to livre, pode deixar.

Posso dizer que me controlei bem. 

Até eu me levantar da mesa para ir dançar.

Tudo deu um leve giro, mas continuei de pé. 

As pessoas tinham começado a chegar, Catarina já havia feito amizade com metade da balada e estava dançando havia uns minutos. Eu tinha ficado na mesa bebendo com Thomas, mas não queria perder as músicas boas, por isso me levantei para dançar.

-Você está bem? -Thomas perguntou. Deve ter percebido minha leve bambeada.

-Estou ótima, e você? -Disse contendo o riso. 

-Estou bem, obrigado. -Thomas disse também se levantando. -Lily, você é fraca, chega de bebida para você. 

-O quê? Poxa, nem estou bêbada, apenas levemente feliz!

-E eu também estou muito feliz, então vamos dançar. -Ele disse me levando até a pista, me distraindo da bebida. O que funcionou. 

Chegando à pista e com a mão de Thomas nas minhas costas me guiando, eu me dei conta que ainda não havia beijado sua boca, e eu queria, queria muito. Queria estar perto dele. Provavelmente era o álcool e o fogo que havia acendido em mim falando mais alto, mas deixei esse sentimento tomar conta. 

Então, aproveitando a deixa da música High Enough da K. Flay que começou a tocar, e o sentimento de empoderamento que tomava conta de mim, comecei a dançar e a cantar. Para ele. Comecei de longe, e aos poucos fui me aproximando, e então fui passando as minhas mãos pelo seu corpo enquanto nos movíamos ao som da música, assim como fiz na resenha, mas eu ousei mais, chegando a roçar de leve sua virilha.

Com nossos corpos colocados, eu o senti excitado, e na parte calma da música me aproximei de sua boca, com nossos rostos colados e lábios quase se tocando, eu cantei:

-Don't try to give me cold water, I don't wanna sober up... All I see are tomorrows, oh, the stars were made for us...

Então, Thomas me pressionou contra a parede e me beijou, com força, com vontade, e rápido, com tanta urgência que pensei que nossos lábios sangrariam, mas retribui mesmo assim. 

Minhas mãos estavam ferozes. Passavam pelo seu cabelo e pescoço, desciam e subiam pelo seu peito por baixo de sua camisa, e as mãos dele desciam e subiam pelas minhas coxas e bunda. E eu sabia que ele queria ir até lá, colocar a mão por baixo do meu vestido e da minha calcinha e chegar até minha virilha, mas sua hesitação não deixou. Provavelmente por estarmos em público e ele estar mais sóbrio que eu.

Sem pensar direito arrastei ele para o banheiro feminino, que pelos milagres de Deus estava vazio. 

-Lily, cê tá doida? E se alguém...-Antes que ele pudesse completar a frase, eu o pressionei contra a parede dessa vez. Ele hesitou no primeiro momento, mas logo se entregou ao beijo.

O momento ficou ainda mais perfeito quando começou a tocar Sweater Weather do The Neighbourhood. O som estava abafado pelas paredes e as vozes lá fora, mas isso só deixou o clima ainda melhor. Isso animou Thomas, que por alguma força louca do universo me colocou em cima da pia, e eu me sentei lá e entrelacei minhas pernas nele e continuamos a nos beijar.

Quando a mão dele finalmente havia alcançado minha calcinha pensei que transaríamos ali mesmo, no banheiro de uma balada. E eu não estava nem ai, estava tudo perfeito com aquela música de fundo. 

Ele brincava de acariciar minha virilha por cima do tecido da calcinha, despretensiosamente, sem pressa, mas mesmo assim me deixando muito molhada. Eu gemia baixinho e agarrava seu cabelo pedindo por mais enquanto ele beijava meu pescoço.

Quando ele finalmente tinha tido coragem para ir além da calcinha e alcançar a pele, a porta do banheiro se escancarou.



Uma vida vazia [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora