Uma vida vazia [COMPLETO]

Capítulo 34

Thomas

Depois de segunda e mais três dias de suspensão, na sexta-feira Lily finalmente estava de volta à escola, mas ela iria fazer prova em outro lugar, e não iria assistir as aulas, ou seja, eu não ia conseguir ver ela direito. 

Ela me mandou uma mensagem, logo de manhã, pedindo para que no final da aula eu não deixasse a Catarina ir embora, e a levasse ao nosso ponto de ônibus para que elas duas conversassem. Eu disse que faria isso.

Entrando na escola, e eu vi Lily de relance, passando apressada pelas pessoas, mas nem tentei chamar o seu nome, não queria que ela se atrasasse. Lilian precisava de foco hoje. Eu não sabia se ela havia estudado o suficiente, mas o pouco que estudamos aquele dia, ela aprendeu rápido.

Durante as aulas insuportáveis, minha cabeça não parava de pensar em Amanda e nas suas mensagens. No dia seguinte, eu fui para escola meio apreensivo, mas ela não estava lá. Ainda assim, aquilo não saia da minha cabeça e vinha me incomodando tem um tempo. Como ela havia arranjado meu número e sabia coisas sobre a resenha do Fruta?

A única pessoa que fazia sentido ter dado todas essas informações para a Amanda era aquela garota da resenha do Fruta que deu em cima de mim, como que para testar o ex namorado da sua amiga. Esse tipo de plano doido, é a cara dela. 

O problema é que eu não sabia o nome dessa garota, apenas que provavelmente era do terceiro ano. Então resolvi perguntar para Catarina, que provavelmente deveria saber.

-Ah, você está falando daquela garota de cabelo encaracolado, meio cor de mel, que queria ficar com você? Tenho quase certeza que o nome dela é Laís, mas ela é mais próxima da Bruna, a ficante do Fruta.

-Ah sim, valeu. Qual a sala dela? Onde ela fica no recreio? E como vai embora?

-Acho que é 304. Meu Deus, você está afim dela? Ou é stalkear assim com todo mundo?

-Não, está louca? Eu gosto da Lily. Apenas preciso conversar com ela. 

As palavras "eu gosto da Lily" saíram tão naturalmente que demorei um tempo para perceber o que eu tinha acabado de admitir na frente da melhor amiga dela. Catarina estava com um sorriso do tamanho do mundo.

-SHIPPO! Você e a Lily, é claro. Nada contra a Laís, ela é linda, mas tem cara meio de antipática.

Revirei os olhos e me lembrei de perguntar algo para ela.

-Você conhece alguma garota chamada Amanda Carvalho, olhos verdes, cabelos bem loiros? Era da minha antiga escola.

-Hm, acho que não pessoalmente, mas me é familiar. Acho que tenho nos amigos do Facebook sabe? Acho que ela não mora longe de mim também. Mas não conheço pessoalmente, só temos alguns amigos em comum.

-A Laís seria um deles?

-Não faço ideia. Talvez. Por quê?

-Ah, nada demais. Tenho que conversar com a Laís sobre um negócio, só isso.

-Ok então... 

***

Na hora do intervalo, ao invés de ficar com Catarina e Breno ou fumar no estacionamento, resolvi procurar a tal da Laís. 

Encontrei ela perto do banheiro feminino com uma garota de longos cabelos negros, que me lembrava bastante uma garota da resenha. Provavelmente era a Bruna, ficante/quase namorada do Fruta. Pelo visto, as duas pareciam bem amigas.

-Hãm, oi. Não sei se lembra de mim.

-É claro que eu me lembro de você. -Disse Laís me olhando de cima abaixo, em um tom maldoso. -É o tal de Thomas que me deu um fora na resenha do Fruta, não é mesmo Bruna?

-Olha, eu preciso conversar com você sobre uma coisa, a sós. 

Bruna logo entendeu um recado, e disse um tchau ao sair.

-O que foi? 

-Você conhece a Amanda, né? Amanda Carvalho.

-Pode ser que sim. -Ela disse dando de ombros, mas percebi que estava se fazendo de desentendida.

-Você conhece. Chequei nos seus amigos do Facebook.

-Ah, tá afim dela e não de mim? Ah pronto.

-Corta isso. Você sabe que eu e ela já namoramos e não deu certo.

Ela cruzou os braços e continuou me encarando, com uma cara bastante infeliz.

-Eu só queria te dizer que não estou aqui para xingar você ou ela. Na verdade, estou preocupado. Ela tem tido umas atitudes exageradas.

-Tipo o quê? A Amanda é exagerada por si só.

-Ela me mandou mensagens me ameaçando, e ao mesmo tempo querendo reatar nosso namoro. E não é de hoje que ela faz isso, sabe? Ela armou todo um plano, me traindo e me fazendo ser expulso da minha antiga escola. Mas quando eu namorava ela, tentava não enxergar esses defeitos, contudo esses ataques parecem ter ficado mais frequentes, e não quero que ela machuque ninguém ou a si mesma. Por isso que, você, como amiga, poderia conversar com ela ou sei lá. Pedir ajuda, não sei. Só sei que não posso me aproximar dela porque é pior para nós dois, mas também não posso ficar sentado e vê-la se destruir. Apesar de tudo, eu não a odeio. Só quero que ela me deixe em paz e siga com a vida dela.

Laís, apesar da aparente antipatia, entendeu a gravidade da situação pela seriedade que encontrava-se em sua expressão. Pelo menos, havia parado com as piadinhas.

-Tudo bem, vou conversar com ela hoje. Eu também tenho notado isso, só que é difícil sabe? Fazê-la entender, e os pais também.

-Eu sei bem como é isso.

-Mas eu vou tentar, pode ficar tranquilo. Eu também gosto muito da Amanda e quero o bem dela.

-Obrigado, sério.

-De nada. -Laís sorriu, e me perguntei se ela era realmente tão antipática assim como Catarina havia me contado ou era só uma primeira impressão ruim pelo seu jeito de ser. -Vejo você por ai.

Então ela acenou, e saiu andando para aproveitar os últimos momentos do intervalo.

Suspirei, aliviado por menos um problema nas minhas costas, pois o que eu podia fazer, eu já havia feito.