2. Eu Me Sinto Em Casa.

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Meu banho rápido acabou se tornando algo completamente diferente quando eu resolvi começar a cantar, o mais alto que eu posso, já que não tem ninguém em casa. Cantei tudo o que me veio na telha até ouvir o som de um trovão ecoando, assim como um grito feminino que definitivamente não é de Gemma. Se não me falha o instinto e nem a audição, Louis está vindo para cá, assustado.

- Harry?! - Ele grita e bate na porta do banheiro, tom carregado de medo e eu posso ouvir sua aflição. Desligo a água do chuveiro e me apresso ao pegar a toalha, envolvendo minha cintura para impedir que ele veja onde o sol não bate. - Por favor, abre a porta! Eu sei que você acabou de me conhecer, mas eu tenho medo de trovão e eu...

- Shh, calma, eu tô aqui. - Pronuncio no momento em que abro a porta e me deparo com um Louis chorando, cobrindo as orelhas com a mão para se proteger. Seu olhar penetrante se foca no meu peitoral e eu prendo minha respiração quando ele resolve encostar um dedinho no meu peito, traçando a pele tatuada e molhada e eu hesito antes de falar. - Eu só preciso me secar e eu já fico com você, tudo bem?

- Yeah, você deveria, eu espero lá fora. - Ele se atrapalha e cora um pouco de um jeito adorável antes de sair praticamente correndo da minha frente, envergonhado como só um ômega pode ficar. Sorrio para mim mesmo com o impacto que tenho nele enquanto me seco e visto minhas boxers pretas e uma calça de moletom cinza, chacoalhando os cachos para tirar a água dali ao máximo.

- Hey, Louis, onde você foi? - Pergunto alto o suficiente mas mantendo o controle na voz de alfa, a última coisa que eu preciso é um ômega com medo e sofrendo ainda mais. Parte meu coração ver pessoas chorando e eu tenho um ponto fraco em proteger as que estão ao meu redor, ele não vai ser exceção. - Você não pode esperar que eu te encontre aqui, sabe.

- Harry... - Ele suspira atrás de mim e eu me viro para vê-lo, lágrimas manchando suas bochechas e fazendo seus olhos brilharem lindamente. Não perco tempo em tocar seu rosto para limpar ali e envolver seu corpo delicado com os meus braços, sentindo ele encostar a cabeça no meu peito como uma criança indefesa. - Eu não tenho tanto medo assim quando tem gente por perto, mas estamos sozinhos nessa casa e eu não consigo evitar.

- Todo mundo tem medo de alguma coisa e você não precisa se explicar pra mim, seu corpo simplesmente procurou o primeiro alfa que não te intimida por conforto. - Respondo baixinho e apoio meu queixo na sua cabeça, sentindo seus próprios braços agarrarem meu tronco. Ele treme de medo ao que mais um trovão se faz presente, a chuva se intensificando a cada segundo ao invés de diminuir e me fazendo ficar preocupado com as nossas mães. - A sua mãe te ligou ou algo assim? Eu não acho que seja seguro para elas ficar por aí na chuva.

- Elas estão na minha casa e ainda não sabem que horas voltam, as ruas ficam perigosas nessas horas. - Ele fala tranquilo e suspira algumas vezes, esfregando o nariz em mim como um gatinho com seu dono. Murmuro em concordância e ele parece estar calmo agora, apenas quente e confortável comigo por perto.

A mesma sensação de ainda a pouco tomando conta de mim, coração pesado com coisas diferentes.

Que porra é essa?

Louis' POV.

Não sei o que diabos me possuiu quando eu comecei a correr até a porta que vi Harry entrando, o medo faz coisas estranhas, eu acho. Eu me vi precisando sentir aquele calor que só os alfas tem e eu até hoje recebo do meu pai, apenas ele. É como se tivessem colocado um cobertor de titânio por cima de mim, um estado de proteção incrível.

A natureza é uma vadia.

Malditos instintos.

- Vamos sair do corredor, ok? Pule no três, Louis.

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