13. Tiro De Misericórdia.

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Louis' POV.

Eu não sabia exatamente o que fazer quando Harry saiu, então eu resolvi ficar na sala de música mesmo enquanto criava coragem para sair. Toquei minhas músicas favoritas e em dado momento, as gêmeas surgiram aqui para me dizer que eu tinha perdido o horário do almoço. A minha percepção de tempo precisa ser revisitada com urgência.

Dar uma nova chance para Harry é como pisar em ovos e eu não me lembro de ter que pensar no próximo passo com ninguém na minha vida, exceto ele. Eu me conheço muito bem e sei que se não desse o braço a torcer hoje, daria amanhã. Minha teimosia e orgulho não me protegem tanto hoje em dia quanto me protegiam antes.

Quando se é ômega, existe todo aquele estereótipo ao redor que diz que os ômegas devem viver somente pelos seus alfas e suas famílias, ou que devem cozinhar na perfeição e ser submissos. Somos naturalmente mais delicados e um pouco submissos, mas isso não quer dizer que não temos força de vontade. É um pensamento antiquado e conceito que se assemelha ao que existia sobre as mulheres, antes da revolução ABO.

Quando me descobri ômega, eu fiquei assustado. Até que um ômega tenha seu alfa, ele depende unicamente de si para se proteger e acho que grande parte de mim é voltada para isso. Antes de Harry, eu não sabia exatamente o que estava temendo e de que eu estava me protegendo.

- Você sabe que está aqui há muito tempo? - A voz da minha mãe preenche o silêncio e eu levanto minha cabeça para vê-la com o Ernest dormindo contra seu ombro. Fecho a tampa das teclas do piano, me levantando por fim. - Você nem almoçou, nem apareceu para conversar. Como foi com o Harry? Eu nem cheguei a ver quando ele saiu.

- Nós conversamos um pouco. Estamos bem, eu acho. Eu estou tentando assimilar. - Tento disfarçar meu sorriso, passando as mãos pelo rosto. Ela parece notar e eu bufo com o olhar que ela me dá, ainda sorrindo. - E nós... meio que nos beijamos?

- Oh, meu Deus! - Ela grita como uma adolescente e eu sinto minhas bochechas arderem com a vergonha, até o bebê em seu colo acorda. Ele se prepara para chorar e eu o tiro de minha mãe, tentando me manter ocupado para evitar perguntas. - Nós sempre soubemos que esse dia chegaria.

- "Nós" quem? - Questiono enquanto balanço meu irmão em meu colo, tentando sair da sala de música com a minha mãe no meu encalço. Andamos juntos pelo corredor até o primeiro andar, indo para a cozinha.

- Eu e Anne, claro. Quando descobrimos estar grávidas ao mesmo tempo, pensamos que os nossos filhos seriam amigos quando crescessem se fossem meninos. Mas, quando vocês nasceram parecia um laço muito forte, então ficávamos falando disso o tempo todo. - Ela sorri grande, com as mãos nas bochechas. Rio junto com ela e sinto meu interior se aquecer com suas palavras, tentando não parecer tão bobo.

- Não crie esperanças, Deus sabe que é isso que eu tô tentando fazer. Eu achei que estávamos indo a algum lugar até aquele dia e agora... é dependendo dele. Não vou me deixar criar expectativas, eu juro. - Falo com tranquilidade, não sabendo ao certo quem eu estou tentando convencer. Ela me encara suspeita e eu suspiro, me virando e balançando meu irmão mais um pouco.

- Eu não vou comentar, você sabe o que é melhor pra você mesmo. Se você achar que as coisas estão saindo de controle, você sabe que pode contar comigo. Estou aqui pra você. - Ela sorri um sorriso que eu sei que se parece com o meu e se aproxima para tirar o bebê de mim, me deixando sozinho na cozinha com os meus pensamentos. Eu queria poder lembrar dessa época, juro que queria.

- Obrigado por isso. - Respiro aliviado e sinto minhas bochechas ganhando cor outra vez ao lembrar do beijo, de como eu estava completamente preso naquela situação. Eu não tomo a iniciativa muitas vezes por vergonha e não sei o que me deu, mas agradeço por ter acontecido porque foi muito bom.

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