11. Inconsciência Febril.

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E antes que eu me desse conta, a semana tinha passado e eu estava acabado como nunca.

Não consegui dormir, comer ou falar direito durante os dias que se passaram e continuo tendo febre em horários estranhos. Eu não saí do quarto pra nada e estaria tudo bem, se o meu cio não estivesse atrasado. O médico disse que o estresse está piorando tudo, mas eu nem ao menos estou estressado.

Deprimido, talvez.

A minha mãe tem estado preocupada e consigo sentir a sua angústia com clareza, se destacando de todas as suas outras emoções e isso torna as minhas próprias intraduzíveis. Acabei não voltando ao carro, mesmo querendo muito sentir o cheiro de Louis. Me apeguei ao seu aroma de laranjas e limão siciliano como se nunca tivesse sentido outro antes, ou como se sempre o tivesse sentido.

É mais uma questão psicológica, eu consigo ver que estou sendo exagerado sobre a situação. Se eu realmente quisesse, estaria por aí vivendo a minha vida sem culpa nenhuma. Mas eu sinto a culpa pesando e sei que mereço que ela me coma vivo de dentro para fora como punição.

As doses duplicadas do remédio realmente me deixaram sonolento a maior parte do tempo, embora o meu corpo se recusasse a desligar. Não entendo em que ficar dopado na cama o dia inteiro ajuda e sei que não deveria questionar orientações médicas, mas ainda acho que não preciso de tudo isso. É desnecessário me tratar como um louco.

- Amor, você pode abrir a porta pra mim? - Minha mãe soa e me arrasto para longe do conforto do edredom macio e cama quentinha, sentindo o ar frio bater contra o meu peito nú. Ela me dá um sorriso carinhoso ao qual eu retribuo com certo esforço, esticando uma bandeja de café da manhã na minha direção. - Você não jantou ontem, pensei que gostaria de ter um café mais reforçado hoje.

- Parece gostoso, mas eu não estou com fome. - Digo ao me deitar na cama novamente e olhar a bandeja que agora descansa no meu colo, repleta de comida. A ideia de comer muito me faz ter náuseas e então instantaneamente afasto tudo de mim.

- Você mal comeu e sei que anda fumando aqui dentro, o fedor está impregnado em todo o lugar. - Ela faz uma careta e se senta em uma poltrona na outra extremidade do quarto, enquanto tento não rolar meus olhos. Nunca escondi que gosto de fumar, qual o problema agora?

- Antes o fedor do cigarro do que um resto do cheiro de Louis para me deixar maluco de vez e fazer com que eu seja internado. - Resmungo e ela me encara seriamente, levantando uma sobrancelha como quem pede explicação. Dou de ombros e ela assente, o assunto claramente delicado para nós dois.

- Está sentindo saudades dele, não é? - Ela parece triste e eu balanço a cabeça, pegando um pedaço de pão e mordendo sem vontade. Os cortes nas minhas mãos e braços ainda não sararam e toda vez que tento segurar alguma coisa, o mais profundo deles arde. - Eu quero ajudar, mas preciso entender o que acontece com você primeiro.

- Desde o primeiro dia eu venho me sentindo protetor e ligado à Louis, só isso. É até onde eu consigo acompanhar o raciocínio com todo esse calmante nas minhas veias, sabe? Não tem como explicar, mas eu sinto essa coisa meio... doente sobre ele e isso me deixa completamente fora de mim toda vez que paro pra pensar. - Falo com a voz arrastada e os olhos marejados, ouvindo o som penoso que a minha mãe solta. Abraço o travesseiro com forca, tentando me sentir menos fraco e trêmulo.

- Está acontecendo de novo. - Ela sussurra mais como se fosse para ela mesma, colocando a mão sobre o peito. Solto os lençóis que seguro com a mão apertada e coço os olhos, tentando espantar as lágrimas.

"Pergunte à sua mãe sobre quando Johannah se mudou para a França. "

"Tem coisas que não cabe a mim explicar para você. "

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