10. Mistura De Medo E Desejo.

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Ao acordar, engolindo o meu orgulho, bati na porta de Lottie e pedi suas maquiagens emprestado. Normalmente, ela surtaria por eu sequer ter a ousadia de pedir por elas, mas como todos parecem estar me mimando tudo o que ela fez foi me dizer para entrar. Ela até mesmo fez a maquiagem, sem nem reclamar.

No café da manhã, o silêncio reinava mesmo com os bebês acordados. É como se pairasse uma camada de tensão que todos podiam sentir e eu aguentei por boa parte do tempo. Até que se tornou demais e eu vomitei, mas vim para a aula mesmo doente porque me recuso a ficar em um lugar tão tenso.

Como se não bastasse eu estar me sentindo impotente e de alguma forma doente, todos têm que me mimar.

Até mesmo as mais novas.

Dan se ofereceu para me levar até a escola, mas recusei assim que percebi as suas intenções. Não sou criança e posso me virar muito bem de táxi, o que aconteceu não deveria mudar tão drasticamente a visão independente que os eu e os outros temos de mim. Harry não vai estragar isso.

- Se sente melhor? - Uma voz masculina que eu não reconheço bem se manifesta atrás de mim no corredor ao que caminho para o segundo período, me assustando. Me viro para encarar o garoto, fechando a cara no mesmo instante em que percebo ser Niall, o amigo de Harry. - Me desculpa, não quis assustar você.

- O que você quer comigo? - Não evito o tom grosseiro que uso, ele é provavelmente só um informante de Harry. O fato de que ele ligou pra minha casa ontem e está falando comigo hoje me irrita profundamente, por provar que ele está agindo pelo amigo.

- Eu quero saber como você está depois de domingo. - O sinal toca, mas as suas palavras trazem a minha revolta à tona e resolvo faltar esse período de aula. Bufo debochado ao olhar ao redor, não acreditando nas palavras do alfa.

- Você quer ou é o seu amigo covarde que quer conferir o estrago que fez? - Rebato e ele levanta as mãos em sinal de rendição, sua expressão preocupada. Passo as mãos nos cabelos e ajeito os óculos que coloquei hoje, optando por deixar as lentes em casa já que os meus olhos continuam irritados.

- Ele está muito arrependido, só quer saber se você está bem. - Ele diz e eu imediatamente congelo no lugar, encarando o corredor agora vazio. Aqui estou eu, me sentindo mal pelo garoto de novo.

- Eu não acredito nisso. - Digo sendo firme, preciso ser convincente. A parte mais idiota em mim acha que ele realmente pode estar se preocupando sobre o meu estado, mesmo que ele seja o culpado. - Se não fosse ele, eu estaria melhor e se ele se importasse, falaria comigo de uma vez. Seria homem o suficiente pra falar na minha frente e não mandaria o amigo espionar, como ele fez.

- Você acha que é isso? Espionagem? Harry não faria algo assim, ele não é nenhum tipo de doente jogando com você!

- Você quer que a pessoa que foi agredida por ele entenda que ele tem um bom caráter? Isso é sério?

- Ele está mal.

- Eu também estou, mas estou aqui. Não mandei ninguém atrás dele para que o fizesse sentir mal pelo meu estado.

- Ele não precisa que você faça isso, ele sente por si só. - Niall fala com sinceridade e um nó se forma na minha garganta, angústia misturada com lágrimas. O que Jade disse ontem volta na minha mente e eu balanço a cabeça, tentando tirar as minhas ideias idiotas do primeiro plano.

- Que venha ele então tentar me convencer, porque da boca dos outros eu não quero ouvir nada. Todo mundo parece estar querendo me fazer sentir como se ele fosse a vítima. Você mesmo ligou ontem pra falar sobre ele ter dormido no carro. - Resmungo com a voz embargada, isso é injusto. Todos estão tentando distorcer a imagem ruim que eu tenho de Harry, até mesmo a minha mãe, quando ele não merece isso.

Find  || L.S. ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora