34. Traços Retrógrados.

4.7K 396 155
                                    

- Eu falei pra você, tinha que ter tido mais cuidado. Deus, isso ficou completamente impossível de esconder. – Louis reclama enquanto passa os dedos no pescoço, onde uma marca ganha tons de roxo a cada minuto que se passa. Apesar de estar achando a situação completamente rotineira, ele tem razão; eu deveria ser mais cuidadoso. – Tenho aula, o que eu vou vestir?

- Está frio o suficiente para que você use um cachecol sem levantar muitas suspeitas, mas qual o ponto? Todo mundo sabe que você tem um namorado alfa lúpus, todo mundo sabe que casais fazem essas coisas. Ou você acha que ninguém sabe que a gente transa? – Pergunto ironicamente e ele se vira para mim com um olhar odioso. A visão é um pouco sexy: uma marca gigantesca de chupão no seu pescoço, cabelo bagunçado, lábios inchados, suas pernas descobertas e ele vestido somente com a minha camiseta.

- Às vezes você se comporta tão bem que eu esqueço completamente o que nós somos. – Ele balança a cabeça negativamente, sorrindo um pouco. – Somos alfa lúpus e ômega. Não fugimos à nossa natureza.

- Nós fugimos dela o tempo todo. – Digo meio ressabiado, porque eu dou o meu melhor pra não fazer isso ser uma grande coisa. Não deveria ser assim, não deveríamos ser definidos por algo tão idiota. – Você não é como todos os ômegas, eu não sou como todos os alfas e isso, pra mim, parece justamente como uma fuga ao estereótipo.

- Mas no final do dia, você não consegue se controlar e quer me marcar. Você quer, da maneira mais primitiva o possível, me ter e quer exercer posse e força sobre mim. Você não conseguiria viver sem isso. – Ele parece um pouco irritado e eu começo a ficar em alerta, sentindo minha expressão mudar. Posso ver pela minha visão periférica meu reflexo no espelho, as minhas sobrancelhas unidas em confusão.

- E o que existe de tão ruim em querer, literalmente, deixar a minha marca em você? Pra mim, é a prova máxima de confiança e amor que você pode dar. É como uma promessa; eu prometo ser seu e você promete ser meu e nós prometemos estar sempre juntos, protegendo um ao outro. – Falo e ele revira os olhos, como se estivesse debochando da ideia de confiança.

- Yeah, você promete e depois descumpre a promessa. Pra mim, essa marca é a prova da sociedade utópica e idealizada que nós somos, acho que é simplesmente ilusório. A humanidade devia estar bem carente de um conto de fadas quando escolheu deixar esses traços retrógrados de dependência em seres conscientes de seu livre arbítrio. – Ele soa cético e eu fico preso um misto de raiva e tristeza, porque pra mim não é assim. Eu gosto desse "traço retrógrado".

- Não é conto de fadas, Louis. Precisar de alguém é bom, e você pode muito bem usar seu livre arbítrio para escolher essa pessoa que vai estar com você pra sempre. Eu escolhi você, por exemplo. – Me vejo admitindo e ele arregala os olhos para mim como se eu tivesse dito algum absurdo. O único absurdo é ele ser tão cético em um mundo onde homens engravidam e pessoas emanam cheiros das mais variadas coisas.

- Você só pode estar brincando. – Ele reclama, recolhendo sua mochila do chão do meu quarto. – Eu vou tomar banho no outro quarto e vou indo. Tenho algo para fazer quando chegar na escola.

- É isso mesmo? Eu digo que escolho você para sempre e você foge de mim?

- Você sabia que eu não acredito nessa baboseira toda quando me diferenciou, alfa lúpus.

Louis' POV.

Quem diabos Harry pensa que é para vir jogar a palavra "sempre" na minha cara com toda essa casualidade? Sim, eu mudei minha vida completamente desde que ele chegou, mas foram apenas alguns meses, eu ainda sou o mesmo Louis, com as mesmas convicções. Ele é realmente muito iludido se acha que sabe a dimensão do que acabou de dizer.

Find  || L.S. ABOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt