44. Direto Das Nuvens.

2.7K 292 59
                                    

Louis' POV.

Deixar Harry ficar para jantar há duas semanas foi provavelmente minha primeira decisão adulta. Olhar para ele, parado ali e suplicando para ser pai do mesmo bebê que ele quis morto, lavou a minha alma ao ponto de eu nem mesmo querer fazer disso uma razão para brigar. Eu finalmente estou cansado de brigar com Harry e me sinto capaz de conviver com ele sem sucumbir, como um dependente químico e sua droga.

Priorizar o bebê, priorizar o bebê a todo custo, eu repito incontáveis vezes. Eu não acho que tinha notado o quanto as minhas ações são egoístas até ter que colocar meus próprios motivos de lado por alguém que vai depender de mim. Infelizmente, tenho a impressão de que é ficar longe de Harry que torna a experiência tão elucidativa.

Ele tem tentado seu melhor em duas semanas para não ser um idiota e eu aprecio seu esforço, mesmo que não esteja sendo de grande utilidade. Anne e Des continuam sem fazer a mínima ideia sobre isso e agora que estou com 14 semanas, minha barriga parece ter algum progresso todos os dias. Harry ainda não teve a oportunidade de tocá-la, mas não sei como reagiria ao seu toque depois de tanto tempo.

Eu provavelmente choraria e escalaria seu corpo como um homem louco porque sinto falta de como ele me tocava antes, sempre tentando ter mais de mim. É um longo caminho desde então, direto das nuvens para o fundo do poço. Eu evito falar com ele sobre qualquer coisa que não seja sobre o bebê e eu sei que ele faz o mesmo.

É tortura, porém, é como deve ser.

- E suas cartas? Não ouviu de volta ainda? — Minha mãe toca meu ombro, trazendo um café da manhã na cama para mim porque não me sinto disposto hoje. É como se o bebê estivesse sugando minhas forças, talvez porque venha a ser um alfa lúpus como Harry.

É o tipo de coisa que eu perguntaria a Anne, mas ele não teve a coragem de contar para eles pelo telefone ainda.

- Princeton, Yale e Dartmouth mandaram as respostas mas não tive coragem de ler. Eu não quero ler até ter todas. — Respiro fundo, sentindo que entre o desconforto que está sendo encontrar uma posição para dormir que não pressione a barriga no colchão e fazer esses planos de faculdade eu quase não durmo. Fiz tantas listas antes de dormir que precisei de uma lista para todas elas.

- Você sabe que entre essas, a melhor opção é Yale. Você não deveria se preocupar se já tem a mais adequada. — Ela passa a mão na minha cabeça, fazendo um carinho. Como devagar, tentando fazer meu estômago entender que não vamos durar muito se ele continuar a rejeitar tudo o que eu gosto de comer.

- Você sabe que eu não quero estar em New Haven, isolado. Eu tenho que estar em Providence, porque... — Ela me corta.

- Porque vou precisar encontrar uma babá, escola, um emprego ligeiramente decente e estudar perto da faculdade. — A mulher repete a minha ladainha. — Se você se preocupar mais um pouco eu juro que seu cabelo vai cair todo.

- Era só o que faltava mesmo, minhas calças estão ficando apertadas e as blusas nem se fala. — Reclamo, me sentindo gordo ao invés de grávido. Eu sei que é imbecilidade, mas eu não tinha pensado em como eu me sentiria pesando sei lá quantos quilos a mais até o final da gravidez e agora estou ficando meio incomodado.

- Seu bebê provavelmente é um bebê grande, com essa genética do Harry. — Ela sorri e estica a mão pra mim. — Você ainda não contou pra Mark.

- Eu não quero... eu não sei como agir sobre isso. Tenho medo que ele fique muito desapontado caso a única notícia que eu tenha para ele é que estou esperando um bebê e não a aprovação de uma universidade. — As lágrimas salpicam meus olhos e minha mãe ri. — Não ria de mim.

Find  || L.S. ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora