29. Horas De Um Novo Ano.

6.9K 596 500
                                    

Harry's POV.

Eu sempre gostei muito dos feriados de final de ano, pelas mais diferentes razões. Quando eu era criança, gostava deles porque no natal, eu ganhava presentes e então, no ano novo, ficava brincando com eles. Quando virei adolescente, passei a gostar porque eu podia sair com os meus amigos assim que a ceia de natal acabava e só voltar na manhã do dia 31, para ser o rapaz polido que acompanha o pai e a mãe na festa de ano novo e sumir outra vez assim que os fogos de artifício disparam, à meia noite.

E agora, eu gosto por essas razões e mais algumas. Eu ainda fico empolgado com as coisas que ganho de natal nos dias seguintes à data e ainda adoro sair para beber depois da ceia e voltar dias depois, mas agora eu posso fazer isso com Louis, e é exatamente o que eu estou fazendo. Ainda temos mais alguns dias de recesso depois do réveillon e eu quero aproveitar todo o tempo possível com ele antes de voltarmos para as aulas, já que estaremos em nosso último semestre na escola.

Não é muito comum para mim ter que planejar as coisas com tanta antecedência, mas faculdade sempre foi algo muito sério, parte dos meus planos de vida. Eu dependo de um diploma em uma grande universidade para ser respeitado, considerando o fato de que o resto da família inteira é cheio de grandes profissionais que se formaram nos cursos de maior prestígio com honras. Eu era maravilhado com as histórias de glória acadêmica e profissional que os meus pais, tios, avós e primos mais velhos tinham para contar quando era criança; era algo que eu queria para mim mesmo por nenhuma outra razão além de chamar atenção.

Claro que, enquanto eu ia crescendo e percebendo a vida pelo o que ela é, essa razão se tornou apenas vaidade infantil que eu não podia mais alimentar. Um pouco do orgulho de alguém se vai quando ele precisa admitir que tem um problema, uma doença. E então, veio o medo.

Em meio a tantas crises e remédios e visitas à médicos, eu acabei percebendo o quão difícil seria chegar aos pés do resto das pessoas com quem eu convivia. Percebi que nenhum deles tinha que ser observado como eu era e ainda sou, que ninguém parecia ter que desperdiçar tanto tempo para inutilmente tentar caçar seus demônios. Isso me fez temer nunca ser digno do respeito dos meus familiares e de ninguém, basicamente.

Então, quando eu tinha 14 anos, decidi que eu teria o respeito de todos eles, ou ao menos tentaria de verdade o suficiente para tê-lo de mim mesmo. Harvard faria isso por mim, mostraria meu esforço. Posso não ser um talento natural, mas faço o melhor que posso em todas as coisas que me disponho a fazer e não quero nada diferente para a minha vida profissional.

- Louis. - Chamo o pequeno garoto quando vejo sua expressão contorcida, como se tivesse engolido algo muito azedo. Ele tem estado um pouco distante desde a véspera de natal e sei que parte disso se deve à minha pequena cena quando Drew e Michael foram trazidos para dentro da nossa conversa, mas acho que alguma coisa mais séria tem deixando-o perturbado.

- O que foi? - Ele responde sem me olhar e em um tom muito diferente do que o que ele costuma usar comigo, quase raivoso enquanto mexe o cereal na tigela com descaso. Estamos na minha casa, escondidos na casa da piscina desde ontem para que meus pais não tivessem que ouvir nenhum som caso acabássemos transando.

O que não aconteceu, ao contrário do esperado, porque Louis está neste modo automático há dias e não dá o mínimo sinal de que está afim.

- Você fechou a cara para o cereal. - Sou cuidadoso com meu tom de voz, sabendo que se eu resolver responder com o mesmo que ele usou, serei castigado com sua indiferença. Ele se levanta, joga a tigela praticamente cheia de cereal na pia e se apoia no balcão enquanto olha para o lado de fora. - E agora jogou coisas sólidas pelo ralo.

Find  || L.S. ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora