Capítulo 1

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Blair

Voltei para casa há exatas duas semanas e as coisas estão bem, apesar de minha mãe continuar acreditando que a qualquer momento terei um surto outra vez.

Foi muito difícil superar a morte do meu pai, tanto para mim, quanto para ela. Lembro-me que não conseguia comer, dormir e, as vezes, nem mesmo respirar. Foi uma fase obscura, a dor tomou conta de mim. De todos nós. Não superei e, talvez, nunca supere completamente, mas depois de todos esses longos anos, me convenci que o segredo é aprender a conviver com a dor.

Minha mãe ainda não acredita que estou bem e entendo sua preocupação.

Quatro anos atrás, ela me encontrou desmaiada no banheiro do meu quarto, após ingerir dezenas de remédios. Imagino que ainda guarde esse medo de que eu tente um suicídio outra vez, mas estou disposta a prova-la que me sinto pronta para seguir com a minha vida.

...

Desci as escadas com meu vestido preto brilhante e encontrei minha mãe sussurrando algo com Serena, minha melhor amiga de infância que eu não via a anos.

Agora, assim como eu, já é uma mulher. Alta, loira e esbelta com seu curto vestido vermelho.

Quando me viram, fizeram silêncio imediatamente. Me controlei para não revirar os olhos.

- Como estou? - perguntei com um sorriso, fingindo não ter notado que falavam sobre mim.

- Linda, filha! - minha mãe elogiou, animada.

- Maravilhosa, B! - Serena completou, veio até mim e me deu um abraço mais entusiasmado do que eu esperava. Retribuí e fiquei feliz por ela ainda me chamar de "B".

- Se por acaso não se sentir a vontade ou sentir...

- Mãe, está tudo bem. Qualquer coisa eu ligo, fique tranquila. - interrompi. - Vamos? - perguntei, virando-me para Serena.

...

Durante o caminho até a Victrola, a nova boate da cidade onde Serena sugeriu que fossemos, ouvi várias histórias e fui, superficialmente, atualizada das novidades do Upper East Side. A loira me contou sobre as confusões da alta sociedade, términos de relacionamentos, divórcios e tudo que conseguiu lembrar.

Fazia tempo que não ria tanto. Serena continua tão divertida quanto eu me lembrava.

- Fiquei muito feliz quando me mandou mensagem me convidando para sair. - a loira me encarou, emocionada. - Senti tanto sua falta...

- Eu também, S. - sorri sinceramente.

Nos abraçamos com carinho, mas não deu tempo de terminar a conversa, pois assim que nos afastamos, havíamos chegado ao nosso destino.

Entramos na boate e o lugar estava lotado.

A maioria das pessoas eram jovens, aparentemente, da nossa idade.

Todos pareciam estar animados e não demorou muito para que Serena e eu entrássemos no clima.

Bebemos e dançamos por horas, até que minha amiga foi atender uma ligação em algum canto e eu me sentei no bar para espera-la.

Foi quando eu o vi.

Um homem misteriosamente lindo, parado e sozinho em um camarote no alto da boate, distraído e olhando para o vazio.

Ele tinha a pele branca, branca até demais, cabelos negros e feições másculas. Parecia ter entre uns vinte e poucos anos e usava um terno preto. Sofisticado demais para a ocasião.

Não sei quanto tempo fiquei encarando-o, sei apenas que o desejei louca e inexplicavelmente.

E, no exato momento em que disse a mim mesma que o desejava, o homem olhou diretamente para mim, mesmo eu estando em meio a tantas pessoas.

Nossos olhares se cruzaram e um calafrio percorreu meu corpo.

Seus olhos negros eram intensos e frios e era impossível não nota-los mesmo de tão longe.

Ele me encarava e eu não conseguia desviar meu olhar, era como estar em transe.

De repente, minha respiração ficou desregulada e meu corpo se aqueceu completamente.

A excitação me tomou de uma forma sobrenatural e cada pedaço do meu corpo chamava por ele. Eu mal conseguia entender ou me controlar.

Ele sorriu.

IncubusOnde histórias criam vida. Descubra agora