A dívida se estabelecia em mim com aquele papel e pude me lembrar de um pequeno, mas marcante diálogo do Bruno.
Onde ele dizia para um homem vir buscar a papelada e lembrei da certidão de óbito e o atestado de óbito.
Naquele momento, eu queria tanto ter lido pelo menos um daqueles papéis completamente.
- O que aconteceu nessa casa?- Sussurrei enquanto segurava o papel fortemente.
Se eu tivesse alguma expressão naquele momento, seria uma grande interrogação na minha cara.
Eu não sabia se devia devolver o papel ou apenas deixava-o caido no chão e fingir que nunca havia visto-o, mas se eu fizesse isso, não seria eu.
Adentrei meu quarto joguei minha mochila no chão, me jogando na cama. Pronta para pensar naquela folha até as mínimas letras.
Quando o Bruno falou com aquele cara, ele disse que o "cara", deveria vim buscar a papelada e do jeito que ele estava, com certeza não tem mais nada aqui. - Debati comigo mesma.
- Com certeza eram o atestado de óbito e a certidão... ou haviam mais coisas?
Muitas perguntas se passavam na minha cabeça e a maior delas era:
"O que aconteceu com você, Vanessa?".
Enquanto eu lia e relia acabei cochilando, talvez pelo grande tempo.
Acordei assustada com fracas batidas rápidas na porta, tentei pegar o papel que estava ao meu lado, desajeitada, procurei qualquer lugar para esconde-lo.
Coloquei-o rapidamente abaixo meu travesseiro
- Pode entrar... - Mandei enquanto olhava fixamente para o meu travesseiro.
- Sou eu... - Disse voz de Dylan atrás da porta, depois entrou no quarto. - Como você está?
- Bem, gostou da lanchonete? - Perguntei angústiada.
- Eu não fui a aquela droga de lanchonete. Eu... - Ele parou de falar e sentou ao meu lado. - terminei com a Charlie.
Fico boquiaberta.
Suas palavras saíram em um tom, não triste e nem chateado mas preocupado(?).
Com quem você está preocupado Dylan!? Aliás, bem melhor, que droga você fez!
- Você está louco!? - Me levanto da cama. Meu tom acaba saindo mais alto do que imagino.
-Por que? -
- Charlie quase acabou com um ano da minha vida, por praticamente, nada - Balanço a cabeça em negação, tentando fazer minhas memórias sumirem - E você fez isso, terminar com ela, por causa de mim...
- Não foi por você. - Diz, seco.
Me encolho em meus ombros, constrangida por imaginar.
- Apenas, não sinto nada por ela.
No início só íamos ficar, mas as coisas
saíram um pouco do controle... - Sua voz diminuiu progressivamente.
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Meu meio irmão! [EM REVISÃO]
RomanceO Ensino médio tende a ser o caminho mais turbulento da adolescência, mas para Mendy, acaba virando bem mais do que isso. A adolescente vive juntamente a sua mãe - A qual tem um relacionamento extremamente complicado - após seu pai morrer aos beirad...