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Metade.

Quando encontrei um ponto de ônibus, o único automóvel que poderia me levar até em casa seria por apenas metade do meu percurso e agora estou nessa enrascada;

Ofegos constantes que poderiam ser ouvidos por qualquer um que passasse ao meu lado, se houvesse alguém na rua.

Pernas que fraquejam a todo tempo e um fôlego que não me resta mais.

Observar a estrada escura e vazia me causava medo e receio do que estava ao meu redor mas, nada me afetava tanto quanto ter que morar com Bruno pelo resto da minha vida. Então apenas corri, como se minha vida dependesse daquilo e talvez dependesse.

Posso sentir os pingos de suor escorrerem pela minha testa ao decorrer do meu virar a esquina.

No final da rua, posso ver minha casa sob o céu escuro e totalmente estrelado mesmo com suas cores reservadas, branco e cinza.

Durante este tempo inteiro correndo, meu coração não havia batido ou meu estômago se revirado tão brutalmente  como quando passei entre os enormes portões negros do quintal de casa.
Mesmo hesitante de qual resultado, não diminui meu ritmo de passos e corri até a porta de casa e ao tentar abri-la dei de cara com a mesma trancada.

— Que porra é essa? — Murmuro colocando minhas mãos no vidro escuro da porta para poder enxergar o interior de dentro de casa.

A casa parece vazia, mas imagino ss todos não se deitaram mais cedo. Hesito em tentar chamar alguém mas me lembro da chave reserva. Caminho até o jardim e me agacho retirando uma pequena muda de lírios de dentro do pote de flores.
Em meio a tanta terra, posso ver o pequeno objeto dourado reluzir no fundo do pote e reconheço a chave.

Respiro fundo indo até a porta e tentando controlar minhas emoções com o pouco de controle que me resta, entretanto os tremores nas minhas mãos não se acalmaram.

— Mãe! — Grito fechando a porta atrás de mim e apenas escuto minha voz ressoar dentro de casa e posso  uma onda avassaladora de medo percorreu meu corpo.

Me desloquei até a cozinha apenas examinando o cômodo vazio e dando meia volta em direção a sala de estar, que também está desabitada.

Movo meu polegar até minha boca roendo minha unha, tentando ignorar os pensamentos perversos que minha mente tentava me impregnar.
Recuei confusa da sala. Ninguém estar presente por aqui é estranho, afinal é noite mas, com certeza sequer passou a hora do jantar.

Desconfiada, me movo com lentidão até a escada e encaro seu percurso. Toco o corrimão e dou início a subir a escada, com uma delicadeza graças ao meu receio do que eu encontraria lá em cima.

Passo por passo, meu coração parece implodir internamente. No instante em que caminho em frente ao quarto de Dylan, posso ver o cubículo vazio pela porta escancarada. Outro suspiro medroso me foi arrancado.

Movo meu corpo amendrontado em direção ao meu quarto e noto sua porta aberta em uma pequena brecha. Coberta de hesitação, engulo seco empurrando a porta que se abre vagarosamente e mostrando o interior deprimente do meu quarto.

Automaticamente meus olhos se arregalaram com a visão que eu tinha.

— Não, não... — Digo com a voz embargada, invadindo meu quarto em movimentos quase mecânicos.

No meio do meu quarto, examino tudo ao meu redor. Todos os objetos da minha penteadeira estão no chão, assim como todas as minhas roupas estão fora do guarda-roupa, aos meus pés.

Cerro meus punhos enraivada e noto as palmas gélidas das minhas mãos. Desvio meu olhar para minha cama, encarando até o mesmo meu colchão e lençóis fora da minha cama.

Meu meio irmão! [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora