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Apoio meu rosto no vidro da janela. Em silêncio, penso em como nossa  exposição de afeto em público traria coisas negativas a mim e Dylan. Estremeço ao pensar o que acontecerá quando isso chegar aos ouvidos da minha mãe.

— Temos que aproveitar o resto do dia. — Planejou colocando a chave na ignição em sequência. Senti lamento em seu tom, como Bruce.

Desvio meu olhar para seu rosto, ele esbanja calmaria porém, noto seu maxilar franzido.

— Pode ser. — Concordo arfando, graças ao peso que sinto em meus pulmões.

— Esse lugar vai reanimar você, ou melhor, nós dois. — Comentou espiando o espelho e seguida o carro entra em movimento.

Durante o processo de sair do estacionamento, uma angústia tomou meu tom de voz e fiquei em total silêncio, um daqueles desconfortáveis, sem sorrisos ou piadas patéticas durante o trajeto.

Tinhamos trinta minutos dentro de um carro e sei que, seja lá onde estamos indo, é distante e por sorte o tanque estava cheio.

O sol brilhava intensamente no meu lado da janela. Como uma manhã pode ter começado tão mal em um dia lindo como esse.

Maldito alarme de incêndio, ou melhor, malditos hormônios.

Endireito meu corpo no banco para encarar o lado de fora da janela e arregalo meus olhos ao notar que
posso enxergar a cor forte e vibrante do mar a poucos metros daqui e
respirando fundo, sentir o seu cheiro úmido e agradável.

Me viro fitando Dylan, que apenas dirige com um olhar sério. Minutos depois, estacionamos o carro a poucos metros da areia da praia, com apenas uma enorme escadaria branca nos separando de tudo.

O silêncio continuou ao nosso redor. Ambos nos encostamos em frente ao capô do carro, observando o horizonte. Apoio minha cabeça em seu braço, suspirando após ter um sensação de calmaria.

— Você me conhece tão bem que,
— arfo — chega a ser irritante. — Digo e escuto o som agradável da sua risada, me fazendo levantar meus olhos e ter a visão do lado inferior do seu rosto,

— Não apenas nesse quesito. — Exibiu-se tocando minha nuca com a ponta do seus dedos e fecho meus olhos apreciando esse carinho.

— Vamos nos sentar na areia. — Digo abrindo meus olhos e dando um passo a frente, interrompendo seu toque.

Ele me encara sorrindo, assentindo com seu rosto. Após darmos um passo a frente, posso escutar o som do seu telefone e o encaro. Dylan sorriu amargamente enfiando a mão em seu bolso.

— É o Bruce, um segundo. — Pediu erguindo o dedo indicar e aceito.

Decidi me afastar um pouco e me aproximo dos primeiros degraus da escadaria. Cruzo meus braços encarando as ondas fracas no mar, sentindo uma ventania me cruzar.

Dylan respirou fundo pousando meu lado e o encaro, seu respiração aguçada e olhos cerrados indicavam toda a sua impaciência.

— O que aconteceu? — Pergunto tirando uma mecha de cabelo que parou em meus olhos graças a ventania

— Foi o laboratório. — Vejo-o colocar seu celular no bolso da sua calça — Parece que alguns idiota tentaram fazer uma pegadinha com o primeiro ano. As coisas saíram do controle e metade do cômodo pegou fogo. Suspenderam as aulas por uma semana.

— Idiotas... — Reviro meus olhos e sigo em frente com meus pés, descendo o primeiro degrau da escadaria e Dylan me acompanhou.

No último degrau retiramos nossos tênis e me diverti sentindo o relaxamento dos pequenos grãos quentes da areia entre meus dedos.
Dylan sentou -se e eu o acompanhei.

Meu meio irmão! [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now