Capítulo 35

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— Capítulo 35 —

Os passos eram lentos e pesados. A cabeça abaixada dava a sensação de tristeza profunda. Seu corpo encolhido e corcunda demonstrava fraqueza, e seu braço mole arrastava desengonçado o seu malão pela Plataforma 9¾. Olhava para os próprios pés, não ousando nem localizar Scorpius. Afinal, Albus Potter cumpria corretamente com as ordens impostas a ele, sabendo no que aquilo daria: mudanças.

Chegou uma hora que ele parou de andar, sentindo o peso do olhar do seu pai sobre si, e ainda mantendo sua postura de completo desânimo. Não só o olhar de Harry, tampouco, como o de Gina também, e imediatamente eles compreenderam o que aquilo significava. Scorpius realmente era muito inteligente e sempre conseguia ter atitude. Era por isso que Albus o amava.

— Albus, você está bem?

Não era a voz de Harry, e nem a de Gina, mas era uma voz feminina que ele reconhecia, pela palma da mão, vir de Lily, cuja cabeça veio de encontro com a sua, espiando a expressão depressiva e fingida no rosto de Albus. Não soube como aconteceu, mas, ao ouvir a voz, seus olhos encheram de lágrimas. Era automático. Ele não respondeu nada, mas ouviu Lily suspirar, não de compaixão, mas de raiva.

— Pai, eu cansei. — foi o que ela disse.

A obediência de manter a cabeça baixa falou mais alto que sua curiosidade para ver como estava sendo a expressão no rosto do pai. Então ele não se moveu, apenas apertou as pálpebras dramaticamente, retirando todo o excesso de água acumulada dos olhos. Pouco se importava se estava passando vergonha ao chorar em público.

Harry não respondeu nada, e isso afetou Lily com mais intensidade.

— Albus é seu filho, pai. — ela continuou. Pela sua voz, Albus tinha certeza que ela se controlava para não explodir. — Seu filho. Pensei que se importava com a saúde mental dele, porque sinceramente eu chego a me importar tanto que não consigo nem saber o que fazer. Não saber o que dizer toda vez que vejo Albus triste, e tudo isso por causa de você, que forçou um afastamento entre ele e seu melhor amigo.

— Lily...

Lily ofegava, mas parou quando Gina colocou as mãos sobre o ombro da filha, e ainda complementou o que ela disse:

— Harry, lembra do que nós conversamos quando estávamos em casa? Não acha que isso já está passando dos limites? Olha como nosso filho está, você não quer vê-lo assim, quer?

Fungou. Realmente Albus não estava nada triste, e sim determinado, mas uma outra parte dele sentia uma compaixão por Gina e Lily, que realmente estavam preocupadas.

— Albus. — ele não conseguiu deduzir o que a voz de Harry passou, mas ele não disse nada. — Albus, querido...

— Vamos para a casa. — a voz dele saiu tão sombria e grave que ele duvidou que seu pai realmente não se chocasse com a maneira que Albus soou. James fez menção de manter distância de Albus, tanto que, com o corpo rígido, ele aproximou-se apressado com seu malão até os pais. E Albus arriscou, olhando de esguelha, ver onde estavam Scorpius e Draco, e conseguiu localizá-los num ponto um tanto separado de todos.

Aquilo poderia partir seu coração em pedacinhos, mas ele sabia que ver Scorpius aos prantos era tudo uma mentira. Mas aparentemente Draco não sabia, tanto que seu rosto demonstrava nada além de preocupação e interesse por saber o que estava acontecendo. Scorpius balançava-se abraçado ao pai, o rosto vermelho de tanto chorar, e dizia alguma coisa a ele enquanto Draco tremia-se da cabeça aos pés. Ao mesmo tempo que o homem acariciava as costas do filho, dizendo sem parar palavras para acalmá-lo, Albus teve a impressão que ele também tentava esconder todo o ódio que sentia. E uma coisa Albus tinha certeza: o ódio não era por Scorpius.

Love, AlbusOnde histórias criam vida. Descubra agora