Capítulo 68

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Capítulo 68


— S-Scorpius...

O jeito que o sol forte refletia contra o rosto de Scorpius fez Albus pensar, por um segundo, que ele estava alucinando. O rapaz piscou várias vezes, pensando se estava ou não sonhando. Mas a figura de Scorpius sequer parecia notar. Sorria muito, mas não o suficiente para Albus sorrir de volta.

— Que foi? Não achou que nossa linda história de amor fosse acabar assim, achou? — ele disse.

E, assim, ele percebeu que não estava alucinando. O toque da mão de Scorpius na sua era muito real. Sentia o seu calor emanando em torno deles. Não era como os sonhos.

Scorpius havia acordado. Estava vivo. Diante dos seus olhos.

— Você...

— Acordei. Tã-dan! — o rapaz socou o ar, quase numa dança, não conseguindo conter seu entusiasmo, e parecendo a pessoa mais satisfeita do mundo. — Incrível, não é? Depois de um dia inteiro, eu finalmente saí dessa, há três horas. Um alívio, eu diria. Afinal, eu só tenho dezessete anos, com muita vida pela frente, e não acho que um pergaminho amaldiçoado seria uma forma justa de morte, não é? Uma forma mais digna de morrer seria provavelmente em uma batalha contra o mal, me sacrificando para o bem e paz da humanidade, ou até quando eu ficar velhinho e ter aproveitado de tudo com as pessoas que eu amo, e acabar morrendo porque meu cansado coração não aguentará mais bater depois de quase cem anos de vida. Falei isso 'pro papai quando ele chegou aqui, e ele riu enquanto chorava. Ele não conseguia parar de chorar, para falar a verdade, e ficava repetindo o quão você é a pessoa mais importante da minha vida (o que é verdade, eu não posso discordar).

Quando Scorpius ficava entusiasmado, nada podia pará-lo, e suas pausas para respirar eram minúsculas. Mas ele não estava preocupado com o ar. Queria informar Albus de tudo. Portanto, o rapaz estava tão estático, esperançoso e inconformado que ele não conseguia distinguir palavra alguma.

— ... Depois ele disse que eu não podia sair da enfermaria de jeito nenhum, e eu só aceitei. — Scorpius continuou, distraído. Os olhos azuis acinzentados vagavam por toda a enfermaria, enquanto os verdes-esmeralda estavam presos em Scorpius, se enchendo de água. — Quer dizer, eu não tinha outra saída, certo? Madame Pomfrey disse que eu precisava relaxar um pouco, porque eu estava muito eufórico depois de tanto tempo deitado na mesma cama (ainda estou eufórico, só um pouquinho, mas é porque você acordou, e agora eu tenho uma companhia, uma companhia muito boa, aliás). Ah, e depois disso Rose, Lily e o pessoal vieram aqui me ver. Sim, Olivia estava aqui, e estava muito bem, para a falar a verdade. Descobri que foi ela quem enfeitiçou o pergaminho que eu toquei, mas eu a perdoei. Não gosto de ficar de mal com as pessoas. E eu sei que não era intenção dela machucar ninguém. Ela disse que só era apaixonada pela Emily e que durante todo esse tempo tem enviado poemas a ela enquanto todo o mundo achava que era Hugo. Emily ficou sem graça, o rosto de Rose ficou verde (ciúmes, eu acredito), mas eu sorri bastante, porque Olivia finalmente parece estar bem agora, e não possuída por causa daquele livro estranho que...

Se Albus não tivesse segurado seu rosto, provavelmente Scorpius estaria saltitando por toda a ala hospitalar, contando o que havia acontecido durante o tempo acordado como se estivesse lendo um conto de fadas.

Sua linha de raciocínio foi interrompida quando sentiu as mãos de Albus tocando-lhe o rosto e o mantendo totalmente atento em cada detalhe do seu rosto. Scorpius riu nervoso, o rosto ficando vermelho. Mesmo estando juntos há meses, ficar tão próximo de Albus sempre o deixaria atrapalhado, encabulado.

Love, AlbusМесто, где живут истории. Откройте их для себя