Capítulo 34

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— Capítulo 34 —


Foram exatas cinco vezes a quantidade pelo qual ele releu a carta, cada uma delas sendo muito longas e repletas de estímulo para que ocorresse algum tipo de ação da parte de Albus. Mas o garoto ficou todo aquele tempo enterrado na poltrona como se fosse sumir dentro dela, pensando tanto que acabava por não conseguir enxergar nada. Sim, ele a leu cinco vezes, para que tivesse entendido tudo o que Scorpius queria lhe mostrar de verdade.

Era tão perturbante saber que aquilo realmente afetou Scorpius, a ponto de fazê-lo tomar a mais desesperadora iniciativa, que Albus pensou que também não tinha de ficar parado esperando algum outro milagre cair do céu. Se ele quisesse realmente uma mudança, ele teria de agir assim como tinha feito Scorpius.

Quando seu "até então não reparado transe" cessou-se com a mental mas futuramente realizada determinação, Albus percebeu o quão barulhento estava o ambiente onde estava. Tinha até esquecido que toda a folia na comunal por causa da vitória da Sonserina ainda não havia acabado. Realmente, ficavam muito animados com uma partida com um bom resultado. Mas Albus não tinha tempo para pensar porque levantou-se da poltrona imediatamente, a cabeça movendo-se freneticamente de modo que ele encontrasse algum pergaminho e pena largados por aí. Acabou por não achar nenhum dos dois.

Na sua mochila havia exatamente o que precisava, ele pensou, e ele lembrava de ter repousado-a perto de sua cama antes da partida de Quadribol começar. Albus dobrou cuidadosamente a carta que segurava, prendendo-a firmemente entre os dedos. Começou a caminhar desajeitado até o corredor que dava a entrada para os dormitórios, mas havia tanta gente que ele se via obrigado a trombar com elas.

Ei, Potter, quer relaxar um pouco?

Albus virou a cabeça ao ouvir alguém o chamando. Jody Vanity, o capitão do time de Quadribol, estava ao seu lado. Segurava fortemente um copo com algo da cor laranja escuro dentro, e parecia empurrar o que quer que fosse aquilo em cima do garoto, que por sua vez se viu pressionado a pegar, já que notou que, caso não o fizesse, o líquido poderia derramar sobre ele e meleca-lo todo.

O garoto encarou o conteúdo dentro do copo. Estava mais do que óbvio que aquilo continha álcool. Apertou o copo e olhou para Jody. Não seria o certo de se fazer. É claro que ele estava com milhares de problemas exatamente naquele segundo, mas ele havia aprendido que álcool não era uma boa saída.

— Não, valeu. — foi o que Albus disse, estendendo o copo de volta ao rapaz.

— Ah, qual é? — ele riu, como se aquilo tudo fosse uma brincadeira muito divertida — Isso é Conhaque Barril de Dragão que o pessoal do sexto ano tem colecionado desde o Natal. Tem certeza que não quer provar? Onde está Scorpius? Chame ele para se divertir também. Tenho certeza que são muito amigos. Naquele último jogo cancelado que teve deu para perceber muito...

— Já disse que não.

Quase arremessando o copo de conhaque sobre Jody, sem nem ao menos se importar se o molharia ou não, Albus fez questão de apertar mais forte a carta de Scorpius na mão, com medo de perdê-la. Correu esbarrando em tudo à sua frente até o corredor que dá aos dormitórios, ignorando todos que reclamavam pela brutalidade.

A porta do dormitório estava entreaberta quando ele chegou, então apenas empurrou-a um pouco para entrar, a brisa fria da masmorra subterrânea vindo de encontro com seu rosto. Ele estendeu a cabeça para o dormitório e não viu ninguém, mas quando seus olhos pararam nas cortinas verde-escuras da cama de Scorpius, que se balançavam, ele teve certeza que o garoto estava lá dentro já havia um bom tempo.

Love, AlbusWhere stories live. Discover now