Capítulo 64

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— Capítulo 64 —


O vento forte violentava seus cabelos escuros. Sabia que poderia cair a qualquer hora, mas aquilo não parecia assustador. Sem dúvida, chamaria aquela sensação de surreal. A sensação de que poderia voar. Algo se movimentando por baixo de seus pés. Albus estava no paraíso.

E o melhor de tudo é que estava no paraíso com Scorpius.

Não necessariamente no paraíso. Quando olhou aos pés, percebeu que estava sobre o Expresso de Hogwarts em movimento. A água do lago sobre o qual eles passavam brilhava à luz do crepúsculo. Nunca havia visto a água da cor de sangue. Era tão belo.

Scorpius parecia estar dançando, sentindo-se como se fosse um bailarino fazendo seu melhor recital sobre o palco. Albus poderia se sentar e ficar olhando até o Sol nascer no dia seguinte. Seus movimentos o fascinavam. Tão despreocupado que até o sol poente parou para o admirar. Scorpius era um príncipe. Era seu príncipe.

Ele parou de girar no lugar. Abriu um sorrisinho quando viu que Albus estava o observando durante todo aquele tempo. Scorpius parou em sua frente. Seus cabelos agora alaranjados pela luz do sol caiam de forma completamente adorável sobre seu rosto. Os seus olhos brilhavam mais do que de costume. Qualquer lugar virava o paraíso quando estava com Scorpius.

— Agora que estamos num lugar até que arriscado, confesso que foi rápido, assustador, e tem sido ótimo. — Scorpius falou, respirando fundo. — Consegue sentir esse cheiro de terra molhada? É fascinante.

Albus só conseguia ver um anjo na sua frente. Um anjo que não parava de tagarelar:

— ... Mesmo que eu tenha sentido que aprendi muito sobre mim, e até um pouco sobre você também, o que eu acho legal, incrível, eu acho que agora é hora de...

— Por que está de pijamas?

Não sabia o porquê de ter perguntado aquilo em uma hora como aquela. Mas foi impossível não notar que ao invés de suas roupas casuais, ou seu uniforme da Sonserina, Scorpius estava vestindo um pijama consideravelmente pequeno para alguém com o tamanho dele. O tecido de seda roçava nos seus tornozelos, e a manga estava próxima ao cotovelo. Mas Scorpius não podia estar mais confortável.

O rapaz olhou para o próprio corpo.

— Onde? — ele finalmente percebeu. — Olha, eu devia estar tão ansioso para este momento com você que até esqueci de me trocar.

Sabia que Scorpius era maluco. Mas não achava que era tanto.

— Oras, então mude essas roupas, senão pode se sentir desconfortável. Estamos perto de Hogwarts e todos vão te ver assim no banquete de boas-vindas.

— Não posso, a mulher dos doces está me observando.

Viu que não estava mentindo quando acompanhou o ponto pelo qual Scorpius estava apontando. A mulher dos doces estava logo no fim do vagão, segurando firmemente seu carrinho sobre o teto do trem. Mas Albus percebeu que também havia algo de errado com ela.

— Por que ela também está de pijamas? — Albus olhou para o próprio corpo, percebendo que estar com um pijama menor que o próprio tamanho não era tão desconfortável quanto achava. Muito pelo contrário, o ajudava a sentir o vento bater com mais intensidade sobre sua pele. — Por que eu estou de pijamas?

— Pijama significa noite. Noite significa dormir. A gente tem que dormir agora.

Ao invés de se deitar, Scorpius fez algo que Albus achou estranho. Ele se aproximou da borda do trem para observar o lago avermelhado com curiosidade.

Love, AlbusOnde histórias criam vida. Descubra agora