Capítulo 67

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— Capítulo 67 —


— Vou dormir aqui.

Houve silêncio. Quando o olhar severo de Madame Pomfrey se encontrou com os nervosos de Albus, ela enrugou os lábios. Albus fez cara de como se fosse um cachorro pidão, implorando para que ela aceitasse, mas ela não parecia tão contente com a ideia.

— Albus Potter...

— Não é nada demais, certo? — ele perguntou, dando o seu melhor apenas para receber um sim. — Só vou ficar aqui ao lado dele, e depois voltarei para a cama.

— Nem sequer pense na possibilidade de tirá-lo dali.

Por que eu faria isso, quando Scorpius não parece nem um pouco capacitado para sequer mover os braços?, pensou Albus, logo se lembrando que James havia feito o mesmo com ele no ano anterior. Madame Pomfrey havia esquecido, no entanto, que Albus e James eram pessoas com ideias e pensamentos completamente diferentes.

— Prometo que não irei.

— Pois bem, como o Sr. Draco Malfoy exigiu que os melhores medibruxos viessem aqui para realizar um tratamento intensivo em Scorpius Malfoy, preciso que vá à cama às onze, pois eles chegarão à meia-noite e quero que esteja dormindo, a esta altura. E quero que realmente durma, Sr. Potter. Como não deve ter sido nem um pouco fácil ter trazido Scorpius Malfoy aqui, nos braços, deve estar exausto. Sua cama está disponível a qualquer hora e não se preocupe com o horário de acordar. O diretor cancelou as aulas de amanhã.

— Está bem. — concluiu Albus, tentando absorver todas as afirmações de uma só vez.

— Caso ocorra alguma emergência, me chame. Estarei à salinha ao lado.

Ela não demorou para desaparecer atrás da portinha de madeira que dá à sua sala. Quando ficaram apenas Albus e Scorpius na enfermaria, o som mais alto que podia ser ouvido eram os grilos, que cricrilavam a melodia da noite. As mãos de Albus se apoiaram na cama de Scorpius, que era banhada pela luz lunar da intensa lua cheia afora. Pendeu a cabeça para trás, piscando lentamente. A vida não parecia real.

— Seria bom se a gente fosse simplesmente aqueles personagens de livros que sempre acabam felizes para sempre. — sussurrou Albus, cujos dedos lutavam contra acariciar o rosto do garoto pálido diante dos seus olhos. — Seria bom se você fosse aquele pobre príncipe amaldiçoado, e eu o seu herói, que te salva apenas com um beijo.

Albus sorriu sem saber exatamente o motivo. A serenidade meneava entre os dois. Era como se ambos estivessem sentados sobre a cama, frente a frente, de mãos dadas, fazendo promessas de amor. Não precisava mais de medo. Os medibruxos chegariam em algumas horas. Tudo ficaria bem.

— Prometo que vou ficar com você até o último dia das nossas vidas.

Imaginou que no lugar daquele rosto tranquilo e imóvel, Scorpius havia curvado o canto da boca, formando um daqueles seus sorrisos de tirar o fôlego. A garganta ficou seca de repente, e conseguia sentir o frescor do luar contra sua pele.

— A ideia de ter filhos não me parece ruim, para falar a verdade. Quero que eles tenham seus olhos. E então, mesmo quando você estiver ocupado trabalhando, eu consiga ver os seus olhos no rosto deles. E quando tiver jantar em família, você vai estar rindo quando nossa filha mostrar um dos seus desenhos. Porque ela vai te desenhar com uma coroa, como se você fosse um príncipe. E não porque ela é apenas uma criança com uma imaginação incrível. Mas porque você realmente é um. Então, por favor, fique vivo até esse momento chegar.

Love, AlbusWhere stories live. Discover now