Capítulo 67

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Cap 67


Por Maya

Voltar para casa depois de tanto tempo é,ao mesmo tempo,estranho e confortável. Parece que faz um século que não venho aqui mas tudo continua no mesmo lugar,do mesmo jeito que deixei. 

Assim que cheguei a primeira coisa que fiz foi vir até o banheiro,encher minha banheira com água quente,meus sais de banho preferidos, espuma e tomar longo e relaxante banho. 

Após o merecido banho e depois de passar meus cremes,venho até o closet escolher um look para usar hoje. 

Dou uma olhada rápida nas estantes e opto por um macaquinho azul marinho,de tecido bem levinho e bolinhas brancas charmosas. Vou passar o dia em casa,acabei de voltar de uma longa temporada no hospital e não quero nada elaborado demais. 

Fico descalça mesmo,deixo meu cabelo solto pois ainda está molhado e venho até minha parte preferida do apartamento,a parte que senti mais saudade,meu ateliê. 

Meu coração aquece quando entro e quase me emociono ao rever meus vestidos,meus desenhos e meus tecidos. Senti tanta falta disso tudo,tanta saudade desse lugar e das minhas coisas. 

Tudo está exatamente como deixei,não tem nada fora do lugar ou desorganizado. Sei que minha mãe cuidou para que fosse assim,ela quer que eu sofra o menos possível com as mudanças que aconteceram quando estava em coma. 

Deixo meus dedos correrem pelas bancadas e meus olhos viajarem pelos desenhos nos murais das paredes. Ver tudo isso dá uma sensação tão boa de estar em casa,de ter sobrevivido. 

È difícil expressar em palavras tudo o que eu senti desde que acordei. Descobrir tudo o que perdi foi desesperador e me quebrou,me fez sentir o pior tipo de aflição que já provei e me deixou tão assustada. È tão libertador voltar ao meu refúgio e saber que aqui está tudo igual,que aqui eu sou a mesma Maya criativa e talentosa que tem uma carreira brilhante pela frente. 

Minha vida parece que está dividida em cacos ou pequenos pedaços que desmoronaram na minha cabeça. Tudo está quebrado,tudo está errado,menos minha carreira,essa é a única parte que ainda tenho inteira. 

Me sento no sofá confortável,pego um dos portifólios e abro para rever minhas criações, os meus grandes orgulhos.

O primeiro vestido que aparece è um dos que mais gosto. Ele è um tomara que caia que tem um corselet de renda,bem estruturado e com uma leve transparência. A saia também è de renda,cai em camadas delicadas até os pés e tem o forro rosa claro. 

Não contenho o sorriso melancólico ao virar a página e dar de cara com um modelo que fiz para minha irmã. O vestido é bem clássico,é fechado do pescoço até abaixo do joelho,tem mangas longas e levemente bufantes,todo cor de rosa e bordado delicadamente com fios prateados. Sei que a Alana teria adorado usá-lo,é o tipo de vestido que ela gosta,que não revela seu corpo mas que realça sua beleza natural,uma beleza exótica e marcante. É preciso muita personalidade para usar. 

Tem um outro modelo que fiz após assistir um filme cujo o nome não lembro. Ele é todo feito com um tecido bem delicado com bordados florais. È de mangas curtas,tem um decote discreto em “V" e uma saia cheia de camadas e pregas. O vestido è amarelo,charmoso e muito romântico. 

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