Capítulo 21

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Cap 21 


Por Maya 

Às brigas com meu pai me deixam exausta, não uma exaustão física,não è como se eu tivesse corrido uma maratona,é mais como se eu tivesse que carregar um peso enorme no peito e toda minha energia escorresse pelos meus dedos. 

Eu sei que poderia me segurar mais e não responder da forma que ele merece,sei que deveria me poupar e ignorá-lo,mas as coisas que ele diz são tão absurdas e me ofendem tanto que eu não consigo ficar calada e no final acabo saindo ainda mais machucada. 

Agora eu estou no meu quarto,estou deitada na minha cama e encarando o teto branco com detalhes de gesso como se uma onda de energia fosse descer de lá e me animar de novo. 

Assim que cheguei no apartamento eu fui até meu ateliê e tentei desenhar mas não estava com criatividade nenhuma. Fiquei irritada quando também não consegui costurar e nem escolher os detalhes de um vestido. Parece que toda a minha mente está voltada para a briga que tive mais cedo e ao constatar isso eu caí no choro,chorei até minhas lágrimas secarem e agora estou me sentindo vazia. 

Minha mãe mandou uma mensagem para saber como estou e quando respondi que estou bem - porque simplesmente não consigo dizer o contrário,è quase um hábito - ela disse que vai precisar passar em um lugar antes de vir pra cá mas que se eu precisar de qualquer coisa è só avisar que ela vem correndo. 

Então agora estou aqui,vazia e encarando o teto como se fosse cair algum sinal do céu me dizendo o que fazer,para onde correr ou como consertar tudo o que foi quebrado dentro de mim. 

Às vezes penso que sou como uma casa abandonada. As janelas quebradas,as paredes caindo e uma bagunça tão grande que nem mesmo o Victor teria coragem de encarar. Eu estou danificada demais e estou atrapalhando todos a minha volta,envolvendo eles nos meus problemas. 

Desde pequena sempre me culpei por ter feito minha mãe escolher entre meu pai e eu. Ela foi comigo para a Suíça e deixou o amor da sua vida para trás. Tudo bem,eu era um bebê e fui rejeitada pelo meu pai,isso não è culpa minha,mas quando se cresce vendo seus pais brigando por causa da sua existência você sente que è a culpada por tudo,por cada briga e cada lágrima derramada. 

Minha mãe se dedicou a mim durante toda a minha vida,nunca me deixou sozinha ou virou as costas. Ela secou cada lágrima,foi a todas minhas apresentações e reuniões da escola, me apoiou em todos as decisões que tomei e sempre me defendeu do meu pai. Ela è uma mãe maravilhosa,a melhor do mundo,e eu me sinto péssima por não contar sobre meus problemas emocionais,sinto que estou traindo ela,mas sei que se eu contar ela encontrar uma forma de se culpar e isso só vai piorar tudo. 

Meus problemas são só meus,sou eu quem sente e sou eu quem tem que lidar com eles. Não quero mais ninguém envolvido,não quero ouvir conselhos e muito menos ficar falando sobre isso. Falar é quase tão doloroso quanto sentir e eu estou exausta demais.

Solto um suspiro cansado e decido o que vou fazer. Minha mãe vai demorar,meu pai e sua filhinha perfeita não tem autorização para vir me incomodar,o Colin tem reuniões o dia todo e eu não estou com cabeça para criar nada agora,então vou tomar um remédio e dormir o resto do dia. 

Crio coragem para levantar e assim que me sento na cama o meu celular começa a tocar. Fico um pouco frustrada pelos meus planos terem sido interrompidos mas meu coração se alegra ao ver o nome do meu namorado na tela. 

Rainha dos diamantes Where stories live. Discover now