158° capítulo

1.7K 182 247
                                    

Maria Clara.

Jogo a mochila com ódio no chão e me viro pro daddy.

- acampamento?! No verão! - gritei.

- baixa o tom Maria Clara, no momento tu tá errada e sabe disso! - fechou a porta do quarto e eu me calei mas ainda olhava pra ele com uma mistura de tristeza e raiva.

- você vai me mandar pra longe, eu posso não saber me cuidar e vou ficar sozinha. - ameacei chorar mas lá no fundo eu queria.

Um acampamento? De verão?! E se Becca também for?!

- ainda não decidi, e esse ano nem sei se vamos viajar. - disse indo até o guarda-roupa e tirando aquela gravata. - agora, ir pra um acampamento não quer mas na hora de arrumar briga tu vai rapidinho.

- você sempre fala como se eu tivesse começado. - cruzei os braços.

- não Maria Clara, eu sempre falo como se a minha mulher não soubesse que não se discute com briga. Quer fazer justiça com as próprias mãos e isso é errado. - comecei a chorar.

- ela é horrível! Ela é racista, preconceituosa! Daddy ela é horrível. - comecei a chorar muito.

- olha pra mim, para de chorar. - pegou meu rosto e eu fui parando. - pessoas assim nunca tem o bom da vida, oque elas tem é só miragem. Vai ver, no futuro tudo que ela fez de ruim vai se virar contra ela enquanto pessoas como você, igual a Maria, quietinhas, muito educadas e lindinha assim, vão ganhar o melhor que a vida pode dar. - pensei com cara de choro. - deixa ela, faz ela se cansar de brigar contigo, finge que não tá escutando, ignora amor. - me soltou. - tem que aprender que nem tudo se resolve com briga, aí o daddy recebe um telefonema e já penso "pronto, não é a primeira vez que isso acontece por a Maria Clara tá sempre brigando na escola". Eu nem fiquei preocupado por que sabia que tudo não passava de uma rivalidade. Tem que aprender Maria, brigar não leva a lugar nenhum. Agora tá aí, toda remendada com os curativos que a enfermeira da escola fez mas não tinha necessidade se a Maria não tivesse feito o que fez na escola. - eu me sentia muito culpada. - anda, tira essa roupa e vai tomar banho, já vou lá te levar a toalha. - eu fui, com medo.

Tirei a roupa e entrei no box, daddy saiu do quarto e eu comecei a chorar.

Tinha ódio de Cheli, medo do daddy, dúvidas sobre o acampamento e principalmente sentimentos de culpa.

Assim que entrei no box molhei o rosto pra não parecer que chorei tanto assim. Daddy veio após alguns minutos com uma toalha.

- tira os curativos. - mandou.

- mais vai doer. - deu uma risada.

- é pra aprender, tira logo pra lavar esse sangue seco. - fiquei com muito medo mas comecei a puxar. - tira logo Maria Clara.

- mais dói.

- claro que dói, não estaria assim se tivesse resolvido as coisas como uma mocinha direito. - daddy pegou minha perna e puxou o curativo com força, doeu menos mas doeu o suficiente pra eu começar a chorar. - da o braço. - no meu cotovelo também tinha.

Daddy puxou e doeu mais.

- lava direitinho e quando quiser sair me chama. - ele nem me deu tempo pra responder e saiu do banheiro deixando a porta aberta.

Ele estava bravo mas dava pra ver que estava muito desapontado comigo também.

Queria que Cheli apanhasse de alguém que soubesse bater, tipo Karla, mas Karla tem medo da sua mãe e do tamanho da punição que ela da pra ela.

- daddy. - chamei. - posso sair? - eu nem lavei o machucado e fiz isso rápido antes dele vim pro banheiro.

- lavou direitinho? - concordei mostrando. - então desliga o chuveiro. - assim fiz e daddy me enrolou na sua toalha grande e quentinha.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum